Volume 4

Vol. 4
 
História de Portugal, popular e ilustrada - Volume 4:
De Vasco da Gama até D. António, Prior do Crato
 
Pág. 5 - Túmulo de D. Vasco da Gama
Existe no templo dos Jerónimos, em Belém, consagrado como panteão dos heróis portugueses, o túmulo do grande descobridor da Índia representado pela nossa gravura; o túmulo, que obedece à arquitectura manuelina, é de recente construção e para ele foram transportados os ossos do heroico navega­dor por ocasião do centenário camoniano, em 8 de junho de 1880. Como nesta mesma História se diz, Vasco da Gama falecera em Cochim a 24 de dezem­bro de 1526 sendo sepultado no mosteiro de S. Fran­cisco daquela cidade da Índia. Daí foram transportados os seus ossos para a vila da Vidigueira, por disposição testamentaria do próprio descobridor das Índias, sendo depositados na igreja de Nossa Senhora das Relíquias, do padroado de sua casa. Ja­zia o grande almirante na capela-mor do lado da epistola, em uma sepultura, onde se lia a seguinte inscrição:
AQVI IAZ O GRAND ARGONAVTA DOM VASCO DA GAMA PR. CONDE DA VIDIGVEIRA ALMIRANTE DAS ÍNDIAS ORIÊTAIS E SEV FAMOSO DESCOBRIDOR.
Daqui é que eles foram trasladados, como acima dissemos, para o Panteão dos Jerónimos e para o túmulo que a nossa gravura representa
 
 
Pág. 8 - Lopo Soares de Albergaria
É calcado sobre o retrato que vem nos Retraio e Elogios de Varões e Donas, o que aqui damos do terceiro governador da Índia. Acerca da sua autenticidade, leia-se o que se diz na biografia que acom­panha esse retrato naquela colecção biográfica: «Damos o seu retrato conforme o traz Manuel de Faria na sua Ásia Portuguêsa, tom. I, e da mesma sorte nos Commentarios a Camões
 
 
Pág. 9 - D. Francisco de Almeida recebendo a bordo a notícia da morte de seu filho
Mostra esta gravura a dolorosa cena magistralmente descrita por Manuel Pinheiro Chagas, a pág. 242 do 3º volume desta nossa edição da História de Portugal.
 
 
Pág. 13 - Restos do Convento e igreja dos Capuchos, em Caparica
Fora fundado em 1564 por D. Lourenço Pires de Távora, quarto senhor de Caparica, o convento de capuchos arrábidos, cujas ruínas a nossa gravura re­produz. Na igreja deste convento está o túmulo do seu fundador, que faleceu a 15 de fevereiro de 1573. D. Lourenço Pires de Távora fora embaixador de Portugal em Espanha, sendo imperador Carlos V. Caparica é povoação situada em frente de Lisboa, na margem esquerda do Tejo. É de fundação muito an­tiga, dando-se ao nome que ela tem, de Caparica, duas tradições muito curiosas, segundo refere Pinho Leal, no seu Portugal antigo e moderno. Uns, dizem que, morrendo aqui um velho, declarou no testamento que deixava a sua capa para ser vendida e com o producto da venda se fazer uma capela a Nossa Senhora do Monte. Fez isto rir bastante; mas, sabidas as contas, a boa da capa estava recheada de belos dobrões de ouro, que chegaram de sobra para a fundação da capela. A segunda versão é que, sen­do a Senhora do Monte de muita devoção para estes povos e limítrofes, concorreram todos para se lhe fazer uma esplêndida capa, pelo que a Senhora ficou daí em diante sendo conhecida por Nossa Senhora da Capa Rica.
 
 
Pág. 16 - Pia batismal em S. João de Almedina
É a primeira vez, que nos conste, que aparece publicada a gravura desta formosíssima peça escultural, que, não obstante a sua beleza artística, ne­nhum interesse tem despertado aos amadores de antigualhas e da arte portuguesa. E tanto que o sr. Si­mões de Castro, no seu curioso livro, por nós tantas vezes consultado, Guia histórico do viajante em Coimbra, embora se empenhasse em compilar nele o maior número de notícias relativas à cidade e seus monumentos, não lhe fez a mais pequena referência. Pelo contrário, referindo-se à igreja de S. João de Almedina, onde existe a pia em questão, diz que esta igreja «só oferece de notável ao exame do observador curioso algumas pinturas de Paschoal Parente, que floresceu no meado do século XVIII.» Ora não é preciso ter muitos conhecimentos sobre arte para se reconhecer que essa pia batismal é uma peça ca­pital, a melhor coisa que possui aquele templo, e muito superior, em concepção artística, à pia batis­mal da Sé Catedral, mandada fazer pelo ínclito prelado D. Jorge de Almeida aos irmãos Henriques, como se vê da inscrição: P. Ariques e seu irmão a fez. A pia batismal de S. João de Almedina pertence ao estilo ogival que predominou no nosso país em Espanha durante o século XV e primeiro quartel do século XVI, formando durante esta última época um tipo de estilo gótico, que é bem nosso e se denominou manuelino. Esta pia batismal devia ter sido executada por um dos melhores artistas da época em que o estilo ogival atingiu o maior es­plendor e perfeição, atenta a sua elegância e o belo acabamento das figuras e motivos ornamentais. As figuras representando o batismo de Cristo são bem góticas, assim como os anjos que sustentam as armas de D. Jorge de Almeida, que se divisam em volta da bacia da pia. A sua factura deve datar de tempo anterior à da pia da Sé Catedral, muito antes da vinda para Coimbra de quatro artistas franceses que D. Manuel chamou para executar algumas das mais notáveis obras do país. Do que acabamos de dizer sobre a pia batismal de S. João de Almedina, podemos concluir, como diz o grande arqueólogo dr. Filipe Simões: «que antes da vinda dos artistas franceses, já a arte da escultura em pedra era cultivada em Coimbra com grande gosto e desenvolvimento, o que decerto se há-de atribuir em boa parte à pre­ciosidade das pedreiras de Ançã e às qualidades desta pedra, que a tornam muito própria para toda a sorte de lavores ainda os mais delicados». Como o indicam as armas que se veem ao lado do grupo bíblico, foi esta pia mandada fazer pelo bispo de Coimbra, D. Jorge de Almeida, de cujas raríssimas Constituições existe um único exemplar na Biblioteca da Universidade. D. Jorge de Almeida foi um dos mais munificentes dos prelados que se sentaram na cadeira episcopal de Coimbra, sendo ele que man­dou fazer o belo retábulo de talha da Sé Velha, atribuído a mestre Vliner e a João Dipri e a respeito do qual se pode ler um artigo do sr. dr. Vale e Sou­sa publicado em a Mala da Europa. A gravura deste retábulo, publicámo-la pág. 301 do 2º volume da História, que o apresenta antes da restauração há pouco realizada. D. Jorge de Almeida jaz na Sé velha na capela absidal de S. Pedro, sob uma lápide com inscrição orlada duma deliciosa tarja em estilo Renascença. Há anos, abrindo-se esta sepultura, recolheu-se o anel pontifical deste erudito prelado, que é adornado com uma graciosa cabeça de mulher. Finalmente foi D. Jorge de Almeida quem mandou fazer a celebre custódia (século XVI) que existe nos tesouros da Sé.
 
 
Pág. 17 - Cerco de Cananor
A págs. 283 e seguintes do 5.º volume desta edi­ção encontrará o leitor a descrição pormenorizada do episódio guerreiro representado pela nossa gravura.
 
 
Pág. 21 - Leão X
Foi copiado de um grande mapa contendo os retratos de todos os prelados que se têm sentado no sólio pontifical o que damos agora aqui, e que repro­duzimos por ter este pontífice intervindo de algum modo nas questões de Portugal.
 
 
Pág. 24 - Seminário de Rachol e Praça de Rachol, na Índia
Existiu outrora na aldeia de Margão, que se ele­vou à categoria de vila por alvará de 12 de julho de 1779, um importante hospital denominado do padre Paulo Camerte, seu fundador. Em 17 de maio de 1574 a Companhia de Jesus construiu na referida aldeia um colégio, tomando para este fim posse dos namoxins e deussunos, ou terrenos dos pagodes, e uniu ao mesmo colégio o hospital dos pobres, ou do padre Camerte, o seminário das meninas pobres, a casa dos catecúmenos, uma escola de instrução primá­ria e de doutrina cristã, uma de teologia moral, e outra de língua concani. Anos depois, foram o colégio e o hospital incendiados pelos Mouros; porém os padres da companhia substituíram este colégio pelo seminário de Rachol, que construíram em 1580. Este colégio, em virtude da ordem do visitador Nicolau Pimenta, voltou de novo a Margão em 1597, e em 1606 foi novamente estabelecido em Rachol, e mais tarde convertido em seminário de estudos eclesiásticos, título pelo qual ainda hoje é conhecido. A pequena distância do seminário, está a antiga Pra­ça de Rachol. Esta praça dos mouros, hoje reduzida em parte a um montão de ruínas, está situada na margem esquerda do rio Zuary, que banha a provín­cia de Salcete pelo lado oriental, e fronteira à pro­víncia de Pondá. Foi cedida aos portugueses sendo vice-rei da Índia Diogo Lopes de Sequeira, pelos anos de 1518 a 1521, por Crisná Ráu, descendente do imperador Rama Rajah, que a tomou ao Hidal-Khan. Sobre a porta do antigo castelo ainda se lê a seguin­te inscrição:
SENDO O CONDE DE ALVOR VICE-REI DA ÍNDIA, MANDOU KEFORMAR ESTA FORTALEZA DEPOIS DE SE DEFENDER DO CERCO DO SAMBAGY, EM 22 DE ABRIL DE 1684.
O marquês de Alorna em 1745 também ali man­dou fazer várias obras, entre as quais muito avultava o fosso aquático, e um açude, que inundava o terreno adjacente, quando a praça era atacada. Figu­ra na história da Índia como praça-fortíssima, que viu mais de uma vez ante as suas muralhas exércitos numerosos, que debalde a investiram. Dentro dos seus muros havia uma bela povoação, e nobres Casas de fidalgos da província de Salcete, que ali re­sidiam com o general da mesma província, para se acobertarem das incursões e rapinas dos inimigos que desciam dos Gattes, pela província de Pondu, e assolavam os nossos campos. Tornando-se insalubre pelo estado pantanoso e emanações mefíticas do fosso que se obstruíra, foram os habitantes obrigados a emigrar para a aldeia de Margão. Por portaria do governador geral, conde das Antas, de 30 de novembro de 1841, passou o presidio que nela havia para a fortaleza dos Reis Magos, dando-se então bai­xa a esta praça, hoje quase toda reduzida a palmares e várzeas de arroz. A freguesia de Rachol conta actualmente 1419 habitantes. A Índia Portuguesa, por A. Lopes Mendes, vol. 2.º, pág. 173 e seg.
 
Pág. 25 - Fr. Bartolomeu dos Mártires
Não há aqui que fazer a notícia biográfica do va­rão ilustre que a nossa gravura representa, e que o citado mais de uma vez no decurso da nossa História; lá está para o fazer o grande estilista Fr. Luiz de Sousa. Aqui apenas vamos justificando a autenticidade do seu retrato que é reproduzido do que vem nos Retratos e Elogios de Varões e Donas, retrato que é acompanhado das seguintes palavras: «A mui­ta devoção, com que era, e foi sempre, venerado por todos, fez com que o arcebispo D. Fr. Agostinho de Castro lhe mandasse tirar o retrato pouco antes da sua morte, como refere o mesmo Sousa, em ima­gem mui parecida em tudo ao natural, do qual se copiou um para o arcebispo de Évora, D. Teotónio de Bragança. Está entre os outros Prelados daquela Igreja em Braga no Palácio Arcebispal; no Convento de Santa Cruz da Vila de Viana; no de Benfica; e na Portaria do de S. Domingos de Lisboa; deste nos servimos para esta sua estampa, e que é o mesmo e mui semelhante ao que vem na sua vida impressa em Viana pela mesmo Sousa em 1019 em fol., e as­sim nas outras edições que a esta se seguiram. Al­guns vimos também em nada semelhantes, em que se deve desculpar serem tirados fora do Reino, como o que acompanha a tradução de sua Vida em Francês, e em italiano; e o que traz na sua Colecção Francesa de Retratos o Advogado Dreux du Radier, e vem no tomo V da sua Europa lllustrada, etc.»
 
 
Pág. 29 - Igreja de Santa Cruz (S. Domingos), em Viana do Castelo
Esta igreja, que era a do convento de frades da Ordem de S. Domingos, foi mandada construir pelo arcebispo D. Fr. Bartolomeu dos Mártires, sendo a primeira pedra do mosteiro lançada em abril de 1563, e construído o edifício em 1576. Em uma cela deste mosteiro passou os últimos anos da sua vida o seu fundador, que ali faleceu em 16 de julho de 1590, e ali está sepultado na capela-mor. Os alicer­ces da igreja foram abertos em 1566, lançando o santo arcebispo por sua própria mão a 1ª pedra, em 22 de janeiro, festa que se realizou com grande pompa. Em 1872 foi transferida para esta igreja a paróquia de Nossa Senhora de Monserrate, por se achar em mau estado a igreja matriz desta denominação. No edifício do mosteiro estão estabelecidos desde há bastantes anos as repartições do governo civil do distrito, administração do concelho, recebedoria, pagadoria, obras públicas, distritais, fazenda e telégrafos.
 
 
Pág. 32 - Custódia da Sardoura
É típica esta obra de arte da ourivesaria portuguesa, e mereceu as seguintes palavras do sr. Joaquim de Vasconcelos no texto que acompanha as fototipias que representam as relíquias de arte nacio­nal apresentadas na exposição distrital de Aveiro, em 1882. É lavrada no estilo chamado manuelino, mas sofreu uma recomposição porque a urna da haste é da segunda metade do século XVI; em seu lugar estava decerto um castelo de maçonaria, que foi substituído por um membro mais sólido e mais con­forme às funções a que ele é destinado nas peças deste género. As substituições são frequentes nas peças antigas, precisamente neste lugar, porque os novos artistas, preocupados quase sempre só com a ideia do efeito, poucas vezes reflectiam sobre as condições da existência das suas obras, trocando elementos construtivos por decorativos e vice-versa. Há ainda outras pequenas emendas, como o crucifi­xo que remata a custodia, etc. É de prata dourada esta custódia, pertence, como dissemos, à Junta de Paroquia de Sardoura, e mede 0,55 de alto por 0,19 de largura.
 
 
Pág. 33 - A embaixada de D. Manuel ao papa 
Foi para dar uma ideia do que seria essa magnificente festa tão bem descrita por Pinheiro Chagas a págs. 340 e seguintes do 3º vol. desta História, que o artista esboçou esta composição.
 
 
Pág. 37 - Afonso de Albuquerque, o Grande
Mais uma vez recorremos aos Retratos e Elogios de Varões e Donas, etc. para a reprodução do retrato do mais heroico dos vice-reis da Índia, o grande Afonso de Albuquerque. Avalia-se da sua fidelidade pelas seguintes palavras com que fecha a biografia do extraordinário capitão, naquele livro: «Para o seu retrato não buscámos os de pintura a óleo, que se veem nos conventos de Tomar, e Alcobaça; preferimos-lhes os que vimos na Casado Arce­bispo de Goa, D. Fr. Francisco de Brito, também a óleo, por ser copiado fielmente, segundo ele nos afirmou, da Casa dos retratos dos Vice-reis em Goa. O que traz o livro de Thevet é muito diferente; os que modernamente tem saído são tirados do que vem em Faria e Sousa.»
 
 
Pág. 40 - Monumento a Afonso de Albuquerque, em Belém
É à benemerência do falecido historiador Simão José da Luz Soriano que se deve a ideia e até a rea­lização desse famoso padrão de nossas glórias. O de­nodado investigador deixara, ao morrer, consignado em seu testamento que da sua fortuna fossem tira­dos 35 contos de réis para com eles se levantar um monumento a Afonso de Albuquerque, o formidá­vel capitão das Índias, e que para isso se abrisse concurso. Aberto ele, foram apresentados oito pro­jectos que o público concorreu a visitar, e desses oito todos grandiosos, o que o júri escolheu por mais harmónico e mais belo foi o que tinha por di­visa Flor de la Mar, do sr. António da Costa Mona, que a gravura representa. O envasamento do pedes­tal é o que pode haver de mais belo, de mais opu­lento, de mais justo, de mais artístico e de mais pu­ro em matéria de arquitectura ornamental. A linha do seu perfil sobe fácil e harmoniosa, a um tempo elegante e sólida, sem demasias nem ressaltos; as figuras pousam naturalmente; a decoração dos frisos é modelar, a concepção admirável. Os baixos-relevos, que ornamentam as quatro faces do monumento e que representam quatro episódios dos mais salientes da vida do ilustre vice-rei da Índia, é o que de mais completo se pode imaginar no género e nada melhor se fez ainda entre nós. Adiante damos a reprodução dessas quatro maravilhosas criações. A estátua que deve encimar o monumento, e que há de ser fundida em bronze, é de uma imponência extraordinária e representa o grande capitão no momento em que, está respondendo aos embaixadores da Pérsia, apontando armas e pelouros: Esta é a moeda com que el-rei de Portugal costuma pagar a quem exige tributos de seus vassallos. Está por concluir o monumento, mas pelo aspecto do que há já feito bem se pôde avaliar do esplendido conjunto de toda a obra.
 
 
Pág. 41 - Rua Afonso de Albuquerque, em Pangim
Não porque se torne notável pela sua beleza ou harmoniosa arquitectura de seus edifícios, mas simplesmente porque recorda um grande nome, mandámos reproduzir a fotografia que desta rua à mão nos veio parar. Pangim, chamado também Nova Goa, que é actualmente a capital da Índia Portuguêsa, era um bairro da aldeia de Taleigão, elevado à categoria de cidade por alvará de 22 de março de 1843. Situada na margem esquerda do rio Mandovy, tem edifícios grandiosos, entre os quais avultam o Palácio do Governo, que fora nos primitivos tempos uma fortaleza de Hidalcão, e que D. António de No­ronha, sobrinho de Afonso de Albuquerque, conquistou pela primeira vez em 15 de fevereiro de 1510.
 
 
Pág. 45 - Monumento a Afonso de Albuquerque, em Pangim
Foi este monumento mandado construir por solicitação do sr. Cláudio Lagrange Monteiro de Barbuda, para nele se colocar a estátua de Afonso de Albuquerque que, tendo sido transferida do Arco dos vice-reis para o frontispício do recolhimento da Ser­ra, e ficando envolvida nas ruínas, a que o tempo re­duziu este edifício, foi depois transportada para Pan­gim. A solenidade e o auto da abertura do alicerce do monumento realizou-se em 17 de fevereiro de 1843, sendo governador geral o conde das Antas, e a inauguração da estátua em 29 de outubro de 1847, governando então o estado o conselheiro José Fer­reira Pestana. As colunas de granito e algumas tra­ves de ferro empregadas na construção do monu­mento pertenciam ao convento de S. Domingos da cidade de Goa. Índia Portuguesa, de Lopes Mendes.
 
 
Pág. 48 - Túmulo de Afonso de Albuquerque 
Falecido na Índia em 1515, o grande capitão foi sepultado na igreja de Nossa Senhora da Serra, em Malaca, por ele mandada construir no ano antece­dente, ficando os seus ossos depositados no túmulo que a nossa gravura representa até ao ano de 1566, em que foi trazido para Portugal e depositadas as suas relíquias na igreja do convento da Graça, em Lisboa. O seu túmulo, de pedra, foi ainda há bem poucos anos trazido igualmente da Índia, e trans­portado para o Museu da Sociedade de Geografia em Lisboa, da qual constitui um dos melhores pa­drões.
 
 
Pág. 49 - Fernão de Magalhães
O retrato que do primeiro circum-navegador do mundo publicamos é copiado do que Ferdinand Denis apresenta no seu Portugal, e cuja autenticidade ele justifica por estas palavras: «O curioso retrato que aqui damos é tirado da magnífica colecção con­servada no Louvre; o desenho original apresenta, de resto, grande semelhança com um retrato que se mos­tra em Toledo, mas que se nos afigura ter menos carácter.»
 
 
Págs. 53, 56, 57, 61 - Baixos relevos do Monumento a Afonso de Albuquerque, em Lisboa
Nada temos que dizer acerca destes baixos-relevos, trabalho do ilustre escultor Motta, depois do que ficou dito com respeito ao monumento em geral; apenas que eles representam, magistralmente tratados, quatro dos mais característicos episódios da vida do grande herói a cuja memória o monumento é levantado, e que todos vem descritos no decorrer da nossa História. A título de curiosidade devemos indicar, aos que o não sabem ainda, que Costa Motta quis perpetuar a imagem do mais lírico dos poetas do século XIX, João de Deus, na 1ª figura à esquer­da do primeiro dos baixos-relevos. Chamamos para este facto a atenção dos nossos leitores.
 
 
Pág. 64 - Imagem de Nossa Senhora do Restelo
Vamos tirar do precioso livro do sr. Filipe Nery Faria e Silva, A igreja da Conceição Velha e várias notícias de Lisboa, os apontamentos para esclarecer os leitores acerca desta interessante imagem, actualmente existente na igreja da Conceição Velha: «A imagem de pedra de Nossa Senhora venerada com o título de Belém ou do Restelo acompanhou os frei­res da Ordem de Cristo desde a sua primeira capela até à extinção das ordens religiosas, conser­vando-se depois disso a ter culto na igreja aonde os mesmos freires se deixaram ficar. A imagem é mui­to mais vulgar que a data da descoberta do caminho da Índia, comemorada há pouco no seu IV centenário. A ermida do Restelo foi dada aos freires em 1450,... e o infante D. Henrique mandou vir de Sa­gres, segundo reza a História quando fundou a er­mida do Restelo, tudo quanto guarnecia o santuário, que ali tinha mandado construir. Portanto, é de supor que aquela preciosa relíquia tivesse vindo de Sagres, e mesmo que tivesse acompanhado o infante em alguma das suas viagens. Não deve ter, ao que se vê, menos de 450 anos. Para ter tanto tem­po, ter passado, posto o seu grande peso, para uns poucos de lugares, ter ficado em 1735 debaixo das ruínas de um templo, donde foi tirada inteira, está, relativamente, bem conservada. Do lado que se encontra voltada para a parede e que não está pintada nem envernizada, é que se conhece bem a sua muita antiguidade. Basta raspar com a unha na pedra, para esta se desfazer no sítio da fricção como se fosse feita de argila, simplesmente amassada com água! Tivemos em 1880 ocasião de fazer esta experiência, quando a imagem passou para o camarim onde hoje está. Deu esta por sinal bastante trabalho, posto o serviço fosse levado a efeito por muitos operários e a elevação efectuada por meio de um guincho e de cabos de grande grossura. Por vezes se julgou que a imagem se desfazia antes de chegarão sítio onde de­via ser colocada, tanta era a argila que de si lançava! Chegou ainda a despegar-se um pedaço dum dos lados, o que foi logo reparado. Estava antiga­mente em cima do altar e era ali coberta por ocasião da Semana Santa, pois ninguém se atrevia a pe­gar-lhe para a levar para outro ponto, mas a madeira do altar tinha vergado e, portanto, houve necessidade de mudança para se não dar o caso de algum desastre. O espaldar e os braços da cadeira são de madeira entalhada e dourada e é obra moderna comparativa­mente com a antiguidade da imagem. Tanto o espal­dar como os braços são de pôr e tirar, e há muitos anos que não estão no seu lugar. A imagem tem de altura um metro e vinte centímetros, e com a peanha eleva-se a um metro e noventa e cinco centíme­tros; o espaldar da cadeira passa da cabeça da ima­gem noventa centímetros. Tem a mesma de frente, na sua maior largura, no sítio dos joelhos setenta e dois centímetros, e de espessura quarenta e cinco. A coroa é de prata e pesa 919 gramas. O man­to é pintado de azul-ferrete com cercaduras e flo­rões dourados e o vestido de cor magenta igualmente com dourados. Na peanha encontra-se, logo na frente, a cruz da Ordem de Cristo em obra de talha. O povo dá a esta imagem diversas denomina­ções. Não é somente conhecida por Senhora do Res­telo ou de Belém; também o é por Senhora do Par­to, por ter o Menino nu sobre os joelhos; é também conhecida pela Senhora da Cadeira, por estar assentada.»
 
 
Pág. 65 - D. João III
O retrato que aqui damos é reprodução do autêntico retrato contemporâneo daquele monarca, existente no coro da igreja da Madre de Deus, ao Beato.
 
 
Pág. 69 - Igreja dos Carmelitas, em Goa
Encontram-se estas ruínas para a parte oriental da cidade de Velha Goa. Tanto a igreja como o convento eram de uma grandeza e magnificência superiores como se pode inferir das ruínas que a nossa gravura representa. Em virtude da carta régia de 2 de abril de 1707, mandou-se entregar ao proposto da congre­gação do oratório o convento denominado do Monte de Nossa Senhora do Carmo, que dele tomou posse em 21 de dezembro de 1700.
 
 
Pág. 73 - Morte de D. Fernando Coutinho
A págs. 286 do 3° volume da História encontra o leitor a narração da morte heroica deste tão leviano como arrojado fidalgo português, um dos muitos que lá ficaram pela Índia.
 
 
Pág. 77 - Fr. Luiz de Granada
É bem cabido na História, nos parece, o retrato deste varão, porque, apesar de haver nascido em Espanha em 1504, passou muito novo a Portugal, por que entre nós viveu, ensinou e morreu, na frase de João Baptista de Castro. Foi autor de vários livros místicos (Veja-se Inocêncio vol. 5°), e faleceu em Lisboa em 1588. O seu retrato que aqui damos é reproduzido do que vem nos Retratos e Elo­gios dos Varões e Donas, onde se lê o seguinte: «O seu retrato venerou-se por muito tempo, e se con­servava na Portaria do mesmo convento de S. Domingos, onde, como traz o Agiol. Lus. Tom. 2, dia 3 de abril, todas as vezes que nela entrava o grande servo de Deus e célebre pintor Luiz Álvares de An­drade, seu filho espiritual, o beijava devotamente, e como a Santo. Muitos vimos em vários lugares de estampa, mas pareceu melhor entre todos o que acompanha a sua Vida escrita em castelhano pelo licenciado Luiz Muños, e tal é o que damos nesta sua Memória.»
 
 
Pág. 80 - Cálice de D. Dulce
Esta preciosidade arqueológica pertence hoje à irmandade das Almas da freguesia da Costa, concelho de Guimarães, que a recebeu dos frades Jerónimos em pagamento de uma divida. Foi oferecido na era de 1225, por el-rei Sancho e pela rainha D. Dulce, a Santa Marinha da Costa, conforme esta inscripção que tem gravada em toda a volta:
E. M. CC XX.V. REX SANCI. ET REGINA. DULCIA, OFFERUNT CALICEM ISTUM SCE ARINE DE COSTA
 
 
Pág. 81 - Assassínio de Bas-Ahmed 
A descrição da cena aqui representada encon­tra-se na pág. 313 do vol. 3° desta nossa edição da História de Portugal.
 
 
Pág. 85 - D. Catarina, mulher de D. João III
É desconhecido o autor do quadro que se encontra no coro da igreja da Madre de Deus em Lisboa, e donde foi copiado o retrato que aqui damos de D. Catarina de Áustria; o que se sabe é que é contemporâneo e, portanto, tanto quanto possível autêntico. Com este retrato se parece outro que se encontra na igreja de S. Roque, também em Lisboa, e bem assim outro no quarto n° 7 da Casa Pia de Belém, do qual foi reproduzido o que se encontra no livro do sr. Benevides Rainhas de Portugal.
 
 
Pág. 88 - Andor das Candeias e um trecho do Claustro de S. Domingos de Guimarães
A título de curiosidade damos a reprodução deste andor, que é uma das coisas características do norte de Portugal, não pelo lado artístico, mas sim pelo lado pitoresco. Quanto ao convento de S. Domingos, a que esse andor pertence, veja-se o que a seu respeito dizemos a pág. 628 do 3º volume desta História.
 
 
Pág. 89 - Fr. Baltasar Limpo
Foi dos prelados mais autorizados por virtudes e letras que viveu em Portugal no século XVI, tendo nascido na vila de Moura em 1478. Foi confessor de D. Catarina, mulher de D. João III e pregador deste monarca. Foi mais tarde nomeado arcebispo de Braga, onde faleceu em 31 de março de 1558. Dos Retratos e Elogios de Varões e Donas mandamos reproduzir o que o leitor tem à vista, e na Memória que o acompanha é assim justificada a sua autenticidade: «Damos o seu retrato fielmente copiado de um quadro, que se conserva no Colégio do Carmo de Coimbra devido à generosidade do Reverendo Cónego Luiz Duarte Vilela da Silva, Tesoureiro-mor da insigne Colegiada de Alcáçova, em Santa­rém».
 
 
Pág. 93 - Ruínas de Santo Agostinho e capela de Santo António, em Velha Goa
Remonta aos primeiros tempos da conquista a fundação do soberbo convento de Santo Agostinho, de cuja sumptuosidade se pôde ainda avaliar pelas ruínas reproduzidas pela nossa gravura. A igreja de Santo António, que se vê à direita, foi doada em 1600 aos religiosos de Santo Agostinho pelo arcebispo D. Fr. Aleixo de Menezes, sendo a doação confirmada por el-rei e pelo pontífice Paulo V. Em 9 de fevereiro de 1679 foi erecta nesta igreja a ir­mandade de Santo António, composta dos oficiais e soldados de mar e de terra, e confirmada pelo ar­cebispo primaz D. Fr. António Brandão.
 
 
Pág. 96 - Recanto de abóbada no convento dos Jerónimos, em Belém
Damos esta gravura como mais um espécimen da arquitectura do século XVI em Portugal. Tão artístico é esse trabalho arquitectural, que lá o foi descobrir para o reproduzir no seu famoso livro A Renascença em Portugal, o estudioso e erudito escritor alemão, Haupt
 
Pág. 97 - Assassínio de Firme-Fé
Ilustra esta gravura a cruel, mas justificada cena do assassínio desse renegado Henrique Nunes, que se encontra descrita a pág. 418 do 3º volume desta edição da nossa História.
 
 
Pág. 101 - Diogo Lopes de Sequeira
O retrato deste insigne capitão, quarto governa­dor da Índia, foi, como um grande número dos que damos nesta História, reproduzido do que vem nos Retratos e Elogios de Varões e Donas, que já é copiado daqueles que Faria e Sousa publica em a sua Ásia Portuguêsa e nos Commentarios de Camões.
 
 
Pág. 104 - Primitiva Capela de S. Frutuoso
Nos subúrbios da cidade de Braga e próximo da freguesia de Dume, existe a igreja e extinto convento de S. Frutuoso, cuja construção da­ta do primeiro quartel do século XVII. Ao lado direito de quem entra existe a preciosíssima capela que a nossa gravura representa e que se supõe ter sido um templo pagão que os Romanos dedi­caram a Esculápio. A sua arquitectura é anterior ao século X.
 
 
Pág. 105 - Fr. Gaspar do Casal
Foi sucessivamente bispo do Funchal, de Leiria e de Coimbra, e viu a luz do dia em Santarém, on­de nasceu em 1510. Foi frade augustiniano, e no seu convento da Graça faleceu, com 74 anos de idade, em 1584. Da sua vida se encontra notícia desenvolvida na Memória que acompanha o seu retrato na colecção dos Retratos e Elogios de Varões e Donas, donde foi copiado o que apresentamos, e de cuja autenticidade se pode avaliar pelas seguintes palavras que se leem na sobredita Memória: «Seu re­trato copiou-se fielmente de um quadro antigo, que se guarda no claustro grande do Convento de Nossa Senhora da Graça, de Lisboa».
 
 
Pág. 109 - Altar da capela de Varziela, Cantanhede
Fica a dois quilómetros de Cantanhede a capela particular em que se admira o altar que a nossa gra­vura representa. Parece ser obra de algum artista dessa admirável escola de escultura, em Coimbra, nos meados do século XVI, e em que floresceram os Castilhos, que, segundo Raczynski, são quatro, Antó­nio, Diogo, João e Jerónimo, João de Ruão, Diogo Pires, o Velho e Mestre Nicolau, a quem um docu­mento da época chama imaginário. Este retábulo é muito semelhante ao que existia no convento de S. Tomás, de Coimbra, e a respeito do qual já Ramalho Ortigão escreveu em tempo um artigo numa re­vista lisbonense.
 
 
Pág. 112 - Pórtico da Sacristia da Misericórdia, nas Caldas da Rainha
Pela sua curiosidade e antiguidade mandamos reproduzir na nossa História o pórtico que a nossa gravura representa; é evidentemente contemporâneo da fundação do magnífico edifício das Caldas da Rai­nha e encontra-se em perfeito estado de conservação.
 
 
Pág. 113 - Morte de Fernão de Magalhães
A pág. 514 do volume 3º da História se lê a descrição do desastrado fim dum dos mais audazes navegadores que deu esta boa terra de Portugal.
 
 
Pág. 117 - Lopo Vaz de Sampaio, Governador da Índia
É copiado do retrato que vem no tomo I da Ásia Portuguesa e nos Commentarios a Camões, de Ma­nuel de Faria e Sousa, o que damos neste lugar da nossa História, e que foi o que serviu igualmente de modelo para o que vem nos Retratos e Elogios de Varões e Donas.
 
 
Pág. 120 - Solar dos Bezerras e Couto de Paredes, na Meadela (Viana do Castelo)
Meadela é uma freguesia do Minho, no distrito e concelho de Viana do Castelo, arcebispado de Braga. Foi até ao reinado de D. Diniz do padroado real; mas este monarca trocou-a por outras com D. João Fernandes Sotto Maior, bispo de Tuy, a cuja diocese esta freguesia pertencia. É, pois, nesta freguesia, a quinta e torre de Paredes, que a nossa gra­vura representa. O primeiro senhor desta casa, en­tão coutada, foi D. Pedro Henriques de Paredes. Foi herdeiro desta casa seu filho Martim Cabeça, pai de Maria Martins, que casou com Lourenço Paes Gue­des. Ou por extinção desta família, ou por outras razões que hoje se ignoram, passou esta propriedade para a coroa, e D. João I a deu a um colateral de apelido Martins, em prémio dos seus serviços na guerra contra Castela e sempre com privilégio de couto. Passou depois para os frades Bernardos, de Oia, na Galiza, com outros bens e a torre de Pérre. Fernão Gonçalves Bezerra, fidalgo galego, cometendo certos crimes na Galiza, fugiu com a sua família para Portugal, e tomou conta da casa e rendas de Paredes, que houve dos frades, dando-lhes em tro­ca as suas propriedades de Galiza e fazendo aqui o seu solar. Este fidalgo era parente dos condes de Altamira e dos Moscosos, príncipes de sangue e gran­des de Espanha. As armas dos Bezerras são: Em campo verde duas bezerras de ouro; timbre, uma das bezerras das armas, sem pontas. Portugal Anti­go e Moderno.
 
 
Pág. 121 - Gregório Lopes
O Solitário das Índias, como o povo lhe chama­va, nascera em 1542. Foi um dos mais activos apóstolos do Cristianismo nas remotas regiões da Índia, e escreveu várias obras, algumas das quais de defi­nida utilidade prática, como foi a Chronologia dos Tempos e a Medicina e propriedade das plantas. «O seu retrato, lê-se nos Retratos e Elogios de Varões e Donas, donde reproduzimos o que adorna a nossa edição da História, foi fielmente copiado daquele que vem na vida do Santo, traduzida do Castelhano por Pedro Lobo Corrêa, aonde diz que era de boa estatura, proporcionado de membros, o temperamen­to delicado, cabelo castanho, a barba um tanto grande, e sabida, sobrancelhas arqueadas, olhos negros, tirantes a verde, nariz pequeno, beiços delgados, den­tes alvos, cara comprida, cor do rosto e mãos um tanto amarela, procedida das abstinências, e perpe­tua maceração».
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Pág. 125 - Nave central da Sé de Braga
Acerca do vetusto monumento cristão de Bra­ga já em notas de volumes precedentes dissemos alguma coisa. Agora damos a palavra a Ignacio de Vilhena Barbosa, um antiquário emérito, cuja memória é ainda muito querida de quantos se dedicam a este improbo trabalho de ver, estudar e apreciar antigualhas: «Quem atravessar pela primeira vez o gótico vestíbulo e transpuser a porta do templo, formado por delgadas colunas com seus capitéis ornados de fantasiosos arabescos, e servindo de apoio a ele­gantes arcos ogivais mal pode imaginar que vai entrar em uma igreja do século passado. Os desassisados reformadores por tal modo usaram das modernices, que não ficou parte alguma do corpo da igreja e do cruzeiro, que pudesse dar testemunho da antiguidade do monumento. Rasgando os arcos, que dividem o templo em três naves, trocaram-lhes a forma ogival pela de volta redonda. Rebocaram com estuque as colunas de pedra que as sustentam, des­pojando-as de suas belas proporções. Empastaram e doiraram os capitéis, cobrindo-lhes os lavores, de variada invenção, com a folhagem e volutas da ordem coríntia... Enfim, abriram grandes janelas para que o templo ficasse mais alegre, e caiaram-lhe bem as paredes para que mais aumentassem os reflexos da luz. Não sei que belezas perdeu o templo nesta transformação, e em outras por que tem passado. Posso dizer, porém, afoitamente, que em tais reconstruções não foi consultado o bom gosto, nem a arte tem nelas de que se honrar. O corpo da igreja tem oito capelas nas duas naves laterais, e o cruzeiro conta seis, duas nas extremidades, e as outras colaterais da capela-mor. A capela-mor corresponde em capacidade à grandeza do templo, mas excede o muito na elegância e beleza da arquitectura, porque se tem conservado tal qual a reedificou desde os ali­cerces o arcebispo D. Diogo de Sousa... Aos lados do altar-mor acham-se os mausoléus do conde D. Henrique de Borgonha e de sua mulher, a rainha D. Teresa.»
 
 
Pág. 128 - Cofre de prata com relíquias pertencente à colegiada de Guimarães
Constitui este cofre também uma das grandes preciosidades em que é rico o tesouro da celebra­da Colegiada. É todo de prata maciça, guarnecido de lavores em relevo, com o brasão de armas dos Cunhas. Foi oferecido a esta colegiada pelo seu dom prior Ruy da Cunha. E nele depositaram algumas relíquias de diferentes santos, as quais trouxe de Roma para esta igreja o arcipreste Fernando Gonçalves. Tem de peso 27 marcos e duas onças». É costume ser conduzido em algumas procissões.
 
 
Pág. 129 - Tomada de Calecut
Vem a páginas 285 e seguintes do 3° volume desta nossa edição da História a descrição deste interessante episódio da nossa gloriosa epopeia da Índia.
 
 
Pág. 133 - Padre José de Anchieta
O retrato deste famoso apostolo do cristianismo no Brasil, é feito sobre o que nos dá a interessantíssima colecção de Retratos e Elogios de Varões e Donas, por nós tantas vezes citado nestas notas. O famoso padre nascera em Tenerife, em 7 de abril de 1534 e falecera no Estado do Espírito Santo no Brasil, em 9 de junho de 1597.
 
 
Pág. 136 - Altar da igreja do Mosteiro de S. Marcos
Tantas vezes nos temos referido ao convento de S. Marcos, junto a Coimbra, de que se acha distante duas léguas, que não podemos deixar de lhe dedicar algumas linhas, ao publicarmos a gravura do seu famoso retábulo que não pode comparar-se a ne­nhum do pais, sendo muito superior ao retábulo da Pena. O convento de S. Marcos foi edificado por ordem de D. Brites de Menezes, cujo retrato e túmulo já publicámos (pág. 121 e 128 do 3º vol. da História), sobre uma ermida de S. Marcos, mandada construir no lugar por seu sogro João Gomes da Silva, o Rico-Homem, começando as obras em 1452, sob a direcção do Mestre Gil de Sousa. O convento de S. Marcos, tão ignorado de muitos críticos da nossa ar­te, é uma das mais assombrosas criações da Renascença nacional, dessa admirável escola de Coimbra, em que floresceram João de Ruão, Diogo Pires, Dio­go de Castilho, etc. Além do seu esplêndido retábu­lo, representado na gravura, encerra entre outras coisas de primeira ordem, sete túmulos com estátuas jacentes que são uma verdadeira maravilha, podendo equipará-los aos seus congéneres, em Santa Clara de Coimbra, na Batalha e em Alcobaça. - As melhores obras de arte são devidas ao camareiro-mor de D. João II, Ayres da Silva, neto da fundadora D. Brites de Menezes. - Foi ele que mandou fazer os túmulos de D. Brites, de seu pai João da Silva (O Galindo), o seu, e o retábulo. - A nossa História publicou já a págs. 73 e 141 do terceiro volume os retratos destes personagens desenhados sobre as suas estátuas tumu­lares pelo nosso colaborador artístico Dr. António Júlio do Vale e Sousa, de Coimbra. - O retábulo é, porém, obra mais importante. Vamos, por isso, dizer alguma coisa a seu respeito. - Consta que, a pedido de D. Manuel e de D. João III, viera a este reino o mestre Nicolau (francês ou italiano, o que não está bem averiguado) a fim de retocar o mosteiro de San­ta Cruz de Coimbra, formar o de Belém e fazer o re­tábulo do mosteiro da Pena. Ayres da Silva, regedor de Lisboa, e filho do fundador deste convento, alcan­çando licença de El-Rei, mandou mestre Nicolau fa­zer o retábulo deste mosteiro. - O primeiro banco deste retábulo consta só de vários brutescos, bem trabalhados e de grande efeito. - Tem o primeiro friso quatro nichos representando todos quatro cenas da vida e morte de S. Jerónimo. - O primeiro, da parte do Evangelho, figura o santo em oração e um leão arquejando junto dele, como a pedir-lhe remédio para esse mal, ao que a imagem do santo parece corresponder com caridade e compaixão. No segundo representa-se os mercadores que, obrigados da fereza do leão, vem ajoelhar-se aos pés do santo substituindo o jumento que tinham roubado. O assunto do terceiro é S. Jerónimo despido no deserto, fazendo penitência. No quarto, finalmente, estão representados o passamento e a morte do santo, ao que assistem seus filhos religiosos. - No meio des­tes quatro nichos está um sudário feito da mesma pedra de Ançã, em forma de custódia sustentada por dois anjos. - O segundo friso compõe-se de três tribunas, de notável artificio, tanto no lavor como no bem executado das imagens que nelas estão colocadas. A tribuna do meio, a maior e sobranceira ao sacrário, representa o mistério da paixão de Cristo e descendimento da Cruz, havendo ali para admirar figuras muito perfeitas e expressivas da Virgem com seu filho nos braços, do discípulo amado, das Marias, profetas, etc. - Na tribuna do lado do evangelho vê-se uma imagem de S. Jerónimo, em pé, nu da cinta para cima, com as roupas caídas, voltado para a tribuna do meio, onde se vê o Salva­dor, a quem está oferecendo (ou talvez antes pedin­do a proteção divina. O regedor Ayres da Silva que, como já ficou dito, mandou fazer as principais obras da capela-mor, está de joelhos e com as mãos er­guidas. - Na tribuna do lado da Epístola representa-se S. Marcos, em pé, voltado também para a tribuna do meio, e à semelhança da do outro lado, oferecendo D. Guiomar de Castro, mulher do dito regedor Ayres da Silva, a qual também está de joelhos e mãos erguidas. - Infelizmente, esta obra preciosíssima foi há anos pintada (oh vandalismo!) a cores berrantes por um pinta monos, de Coimbra, o que produz uma cruel decepção em quem vai a S. Mar­cos, por lhe ouvir apregoar as suas belezas artísticas.
 
 
Pág. 137 - Mem Cerveira
Este Mem Cerveira foi um nobre cavaleiro da criação dos reis D. Afonso V, D. João II e D. Manuel, que viveu no século XVI, e que mereceu daqueles monarcas grandes ovações e honras. Este retrato o mandámos reproduzir dos Retratos e Elo­gios de Varões e Donas, em cuja memória se justi­fica pelas seguintes palavras a autenticidade: «O seu retrato houvemos do moimento, que existe na igreja de S. Domingos de Santarém, na capela de S. Bartolomeu, de obra mosaica, embebido na pa­rede, em que está vestido de armas como cavaleiro em figura de relevo em pedra conforme o costume daqueles tempos. Mas é de advertir o erro do autor da História de Santarém, t. 2º 1. 1, cap. 6º em que deu ali enterrado a Francisco de Faria. Mem Cerveira suposto haver mandado erigir ali o mo­numento, jaz na igreja de S. João de Rio Maior, e deu ocasião ao engano, ver ali sepultado naquela mesma capela a Francisco de Faria, seu genro, como leu no epitáfio no pavimento em sepultura rasa, que morreu a 9 de junho de 1528».
 
 
Pág. 141 - Veneranda relíquia de S. Torquato, nos subúrbios de Guimarães
A uma légua de distância da cidade de Guima­rães, venera-se o corpo incorrupto de S. Torquato, bispo de Braga, martirizado a 26 de fevereiro de 719, na freguesia que dele tomou o nome, construindo-se uma pequena capela da sua invocação no lo­cal onde apareceu a veneranda relíquia, entre pe­dras e silvas. Os frades beneditinos que ali havia conduziram o santo para a igreja do seu convento, hoje sede da paróquia, encerrando-o em túmulo de mármore. Actualmente é muito venerada na capela-mor da sua igreja para onde foi trasladado pelo car­deal arcebispo de Braga D. Pedro Paulo de Figuei­redo da Costa e Mello, no dia 4 de julho de 1852. - Fazem-lhe anualmente duas romarias: uma (a pe­quena) a 15 de maio; a outra, a mais concorrida da província do Minho, no primeiro domingo de julho. - Em 1857 tiveram princípio as obras do novo templo, ainda agora em construção. É um monumento arquitectonico de beleza rara, que não se concluirá nos mais próximos vinte anos, apesar de não para­rem as obras.
 
 
Pág. 144 - Primeiro túmulo de S. Torquato
O túmulo em que primeiro se encerrou o corpo incorrupto do bispo S. Torquato acha-se dentro do que a nossa gravura representa sendo assim reforçado, para maior segurança, com grades de ferro e novas paredes, no ano de 1637, como se lê na se­guinte inscrição que tem na frente: Hoc tumulo illesis conduntur carnibus ossa Torquati d. pignora chara. - Anno de 1637 se guarneceu esta sepultura e abriu-se e achou se o corpo e carne inteiro, vestido de ponti­fical, com báculo.» - Este túmulo ainda se conserva de­voluto na antiga igreja da paróquia.
 
 
Pág. 145 - Afonso Mexia ferindo Pêro de Mascarenhas
Ilustra esta gravura a vergonhosa cena narrada por M. Pinheiro Chagas em páginas 555 e seguintes do 3° volume da nossa edição da História de Por­tugal, em que Afonso Mexia aproveita o ensejo para cevar os seus ódios, na simpática figura do legiti­mo governador da Índia.
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Pág. 149 - D. João de Castro
Reproduziu se este retrato do que adorna a magnífica colecção de Retratos e Elogios de Varões e Donas, e na memória que o acompanha se lê o seguin­te justificando a sua autenticidade: «Seu retrato ti­rou-se de um quadro de bom pincel, antigo, e em corpo inteiro, que possui João Maria Rafael de Sal­danha, por se reputar o mais verdadeiro transunto e condiz muito com o que acompanha a primeira edi­ção da sua Vida por Jacinto Freire de Andrada.»
 
 
Pág. 152 - Fortaleza de Peniche
A primeira fortaleza de Peniche de que há notícia é a cidadela que a nossa gravura representa, que é bastante forte e foi principiada por ordem de D. João III no começo do ano de 1537. Com a morte deste monarca, ficaram interrompidas as suas obras que só se concluíram no reinado de D. Sebastião, pelos anos de 1570. No tempo de Filipe III foram continuadas, concluindo-se no tempo de D. João IV, que a mandou artilhar. D. Afonso VI e D. Pedro II tam­bém para lá mandaram algumas peças de artilheria; mas a maior parte da artilheria de bronze foi construída por ordem do Marquês de Pombal. Junot mandou fazer alguns reparos às fortificações de Pe­niche em 1808; o mesmo fez o marechal Beresford naquele ano e no ano seguinte. Esta cidadela é, das fortificações portuguesas, a que se acha em me­lhor estado de conservação depois da de Elvas.
 
 
Pág. 153 - Fr. Tomé de Jesus
Foi este frade augustiniano um dos primeiros escritores místicos portugueses, e floresceu nos sé­culos XVI e XVII. O seu livro, que lhe criou a repu­tação que tem de escritor vernáculo e elegante, é o que se intitula Trabalhos de Jesus, do qual há várias edições. O retrato que dele damos é a reprodução do que vem nos Retratos e Elogios de Varões e Donas, de cuja memória destacamos as seguintes pa­lavras que explicam a sua origem: «Os religiosos augustinianos descalços, instituto que eles reforma­ram, em lembrança e agradecimento a Fr. Tomé de Jesus mandaram pintar o seu retrato, e abrir por ele estampas. Enviando-se-nos uma destas para perpe­tuar a memória deste venerável e ilustre português, quisemos copiar a tão pontualmente, que até o damos com o hábito da mesma reforma, que ele nunca vestiu; pois não tivemos outro, de que nos pudéssemos aproveitar.»
 
 
Pág. 157 - Portal da Igreja de Sant'Anna, em Coimbra
O que de mais sintético e, ao mesmo tempo com maior cópia de notícia, em poucas palavras encontramos acerca desta igreja e do seu mosteiro, é o que nos diz o sr. Augusto Mendes Simões de Castro no seu apreciabilíssimo livrinho Guia histórico do viajante em Coimbra e arredores: «O primitivo Mos­teiro de Sant'Anna era situado na margem esquerda do Mondego, da parte de cima e próximo da ponte. Residia no mosteiro de S. João das Donas D. Joana Paes, sobrinha do bispo D. Miguel, a qual, sendo muito devota de Sant'Anna, empreendeu fundar um mosteiro dedicado a esta santa. Comunicou D. Joana este seu intento ao bispo, e ele não só o aprovou, mas até tomou à sua conta a fundação do mos­teiro, e no dia 26 de julho de 1174 inaugurou a sua fábrica benzendo e assentando a sua pedra. Falecendo daí a seis anos, o bispo D. Miguel deixou recomendada a conclusão da obra a um sobrinho seu, o qual se chamava Mestre Martinho, e era cónego de Santa Cruz. Martinho prosseguiu na edificação, e, concluído o edifício, havendo breve do Papa Lúcio III e licença do prior-mor de Santa Cruz, levou em 1183 do mosteiro de S. João das Donas para o de Sant'Anna D. Joana Paes para prioresa e mais duas se­nhoras, uma para mestra, outra para vigária. É isto em resumo o que, acerca da origem do mosteiro de Sant'Anna, refere D. Timóteo dos Mártires nas Me­mórias de Santa Cruz, e o que também refere com pouca diferença D. Nicolau de Santa Maria na Chronica dos Cónegos Regrantes. Há, porém, quem tenha o referido por inexacto, seguindo como mais autorizada a opinião de Fr. António Brandão, que só atribui a fundação do mosteiro a Mestre Martinho. Miguel Ribeiro de Vasconcelos afirma que na doa­ção que em 1561 fez D. João Soares, da quinta de S. Martinho ao convento de Sant'Anna, para nela se recolherem as freiras, por causa das ruínas do seu convento e das cheias do rio, que já então o alaga­vam, se diz que este mosteiro fora fundado pelo bis­po D. Martinho, que tinha sido cónego regular de Santa Cruz, e o instituíra e fundara pertencendo à mesma ordem de Santo Agostinho. Daqui se infere que as religiosas não se mudaram, como afirma D. Timóteo dos Mártires e D. Nicolau de Santa Maria, para a quinta da Várzea, não obstante a licença que para isso lhes passou em 1285 o bispo D. Américo. Na quinta de S. Martinho permaneceram as religiosas até que o bispo D. Afonso de Castelo Branco lhes fundou o sumptuoso mosteiro de Sant'Anna que hoje existe próximo do Jardim Botânico. As freiras entraram no novo mosteiro no dia 13 de fevereiro de 1610. O bis­po D. Afonso de Castelo Branco tentou suprimir o mosteiro de Semede, mudando as suas religiosas para o de Sant'Anna; porém, por provisão do mes­mo bispo, de 5 de abril de 1612, voltaram quase todas para o seu berço. O mosteiro de Sant'Anna é majestoso e assenta em lugar aprazível. Na frente principal tem dois pórticos grandiosos com colunas e ornatos elegantes trabalhados com delicadeza. Um deles dá entrada para um retiro e pátio, outro (que é o que a nossa gravura representa) para a igreja, que é bastante ampla e bem decorada. Na sua abóbada, que é de cantaria, veem-se as armas do bispo fundador, que constam de um leão rompante, e são rematadas pelo chapéu e cordões episcopais. O coro é magnifico, e resplandecente com os dourados que em grande profusão o adornam. Realça muito a sua beleza grande cópia de pinturas a óleo que o guarnecem. Por cima das grades do coro está o retrato do grande bispo D. Afonso Castelo Branco e o seu túmulo acha-se na capela-mor do lado do Evangelho. É formado por uma grande lápide sustentada por quatro leões, na qual se vê um gracioso silvado, o brasão e este letreiro:
VT PARCAE VITA RAPV IT DIADEMA SEPVLCHRVM IN AVLA SI DESIT CAELICA REGNA TENENS GRANDAE VI POST QVAM COMPLEST NESTORIS ANNOS DE MÍSERA IN CAELVM SEDE TRIVMPHVS ERIT.
Proximamente está embebida na parede uma pedra que tem gravada com muitas abreviaturas a seguinte inscrição: «Sepultura de D. Afonso de Castello Branco de boa memória, que foi collegial do colégio real, esmoler-mor do cardeal rei Dom Henrique, bispo do Algarve, de Coimbra, conde de Argani, viso-rei de Portugal, o qual entre muitas obras ilustres com que honrou esta cidade fundou e dotou com grande magnificência este mosteiro insigne. Esta obra se fez em 2 de junho de 1635 sendo prioresa a madre Dona Maria de Meneses sua sobrinha.»
 
 
Pág. 160 - Entrada da fortaleza de Peniche
Com os seguintes dados completamos a notícia que publicámos linhas acima acerca da velha cidadela de Peniche. Os franceses, apossando-se da pra­ça de Peniche, no fim do ano de 1807, mandaram picar as armas portuguesas que estavam sobre a por­ta principal do castelo. Depois da restauração, man­daram-se, sobre o escudo, embutir os sete castelos e os cinco escudetes, postiços; mas parte deles, fican­do mal seguros, caíram. Esta porta está no baluarte da estrada da cidadela, ao qual, pela sua forma, se dá o nome de Redondo. Por baixo das armas reais estão duas inscrições, ou, para melhor dizer, uma inscrição dividida em duas partes. Principia do lado esquerdo de quem entra e diz:
ARCEM HANC JVSSV SERENISSIMI REGIS JOANNIS III AB INVICTISSSIMO COMITE LVDOVICO BIS INDIAE PRO REGE IN CHOATAM ET GRASSANTE CASTELLA TYRANNI DE PER LUS­TRA XII NTERMISSAM.
Do lado direito continua do modo seguinte:
SUB AVGVSTISSIMO JOANNE IIII REGNI ASSERTORE A CONTE HIERONIMO PRONEPOTE AMPLE ET MINACITER ABSOLUTAM LAPIS HIC POSTERITATI COMMENDAT. ANNO DOMINI MDCXLV.
Na porta exterior do revelim lê-se gravada em uma pedra, esta inscrição: J. IV 1645.
 
 
Pág. 161 - O feito do galeão de Sancho Henriques
Encontra-se a páginas 525 do 3º volume, desta nossa edição da História, a descrição deste notabilíssimo episódio, em que relampeja ainda o génio heroico de sangue português.
 
 
Pág. 165 - Santo Inácio de Loyola
Anda tão ligado o nome do fundador da ordem dos Jesuítas à história do nosso país, para cujo progredimento nos primeiros tempos, e para a sua decadência mais tarde, tanto concorreu, que não podíamos deixar de reproduzir nas colunas desta nossa edição o retrato deste vulto, copiado dum dos me­lhores quadros existentes na Biblioteca Nacional de Lisboa.
 
 
Pág. 168 - Túmulo de Fernão Gomes de Góes, em Oliveira do Conde
Apesar de todos os esforços empregados, não podemos apurar nem qual a data da fundação deste túmulo, nem quem era o personagem nele sepultado. A gravura foi feita sobre uma bela fotografia do sr. A. Sartoris, de Coimbra.
 
 
Pág. 169 - D. Fr. Sebastião de Menezes
O retrato deste notável arcebispo de Cartago e patriarca de África, que nasceu em Santarém, e viveu no século XV, é copiado do que vem nos Retra­tos e Elogios de Varões e Donas, de cuja memória extraímos as seguintes palavras justificativas da sua autenticidade: «O seu retrato é o mesmo que vimos na casa do de profundis, no convento de Santarém, donde o fizemos copiar. O painel era de pintura an­tiga, e nele se lia por título: O V. D. Fr. Sebastião de Meneses, natural de Santarém, embaixador d'el-Rei D. João I ao Papa João XXIII, o qual o cons­tituiu Patriarcha de África, morreu em Roma no ano de 1416.» Neste título, o que não é verdadeiro é a data da morte do patriarca em questão, pois que, segundo o epitáfio do seu túmulo em Roma, ele morreu, mas foi em 1419.
 
 
Pág. 175 - Local e ruínas do arsenal de Velha Goa
Desse importante edifício, donde saíram tantos navios de guerra que fizeram tremer de espanto os indígenas da velha Índia, só restam as tristes relíquias que a nossa gravura representa, apenas uns desbo­tados lanços de muralha, que já não poderão durar muito, e que hão de desaparecer, como desapareceu a nossa passada grandeza.
 
 
Pág. 176 - Convento de S. Bento de Castris
Pouco depois da tomada de Évora, por Geraldo Sem Pavor, fez-se da Torre da Atalaya, onde, segundo a lenda, ele degolara o mouro e a filha, uma casa-forte para recolher em noites tempestuosas os esculcas do campo. A esta casa chamavam Castris, nome dado então a esta casta de edifícios, derivado da palavra latina castra (arraial). Com a total expulsão dos Mouros do Alentejo, cessou a precisão de tal casa, que se foi desmoronando pelo abandono, e apenas servia de abrigo aos pastores, quando chovia. D. Payo, primeiro bispo de Évora, mandou limpar esta crasta e desentulhá-la, e no centro fundou uma capela, dedicada a S. Bento, na qual se fazia uma grande romaria todos os anos no dia do santo. D. Urraca Ximenes, nobre viúva dum fidalgo da cor­te de Afonso I, com uma sua irmã, duas filhas e três sobrinhos, e com licença do bispo, aqui fizeram uma casa em que viveram conventualmente. Algumas senhoras de Évora se lhes reuniram, doando à casa quanto possuíam, e este exemplo foi seguido por ou três senhoras do reino. Em 1169 tomaram estas re­clusas o hábito de Cister, sob a regra de S. Bento, sendo sua primeira abadessa D. Urraca Ximenes, sua fundadora. Foi o primeiro convento de freiras beneditinas que houve no reino, fundado desde o tempo do conde D. Henrique. Principiou muito po­bre, mas foi crescendo em riqueza, com as doações de várias pessoas, e com o que traziam para o convento as que nele professavam, de modo que che­gou a ser uma casa rica. Fundaram então uma nova e mais ampla igreja no sítio da ermida, na era de 1366 (1328 de Jesus Cristo). Em 1383 era abades­sa D. Joana Peres Ferreirim, prima de D. Leonor Teles, mulher de D. Fernando. Quis ela mudar o convento para dentro dos muros da cidade, para umas casas que eram do convento, enquanto dura­vam as guerras com Castela; mas o povo de Évora fazia-lhe muitos insultos, à abadessa e aos seus criados, por a julgarem parcial de Castela. Estando ela um dia na Sé, e vendo tratar cruelmente um homem acusado de não seguir o partido do Mestre de Avis, ralhou com os seus perseguidores que se soltaram também a ela. Os cónegos a esconderam atrás dumas relíquias, mas o povo lá foi encontrá-la e a trou­xe de rastos para a rua, onde a assassinou a pan­cadas, rasgando lhe depois os vestidos e lançando-a nua sobre um monturo. Os frades franciscanos a fo­ram buscar de noite, em segredo, e a enterraram na casa do capítulo do seu convento, onde jaz com fa­ma de santa. O povo, não satisfeito com aquela atro­cidade (diz Pinho Leal, donde estamos extraindo esta notícia) foi a casa onde estavam provisoriamen­te as outras freiras, para lhes fazer o mesmo; não achando, porém, mais do que duas, as despiram e amarraram com as mãos atras das costas, para as violarem e assassinarem. Valeu-lhes, porém, Miguel Godinho, nobre cidadão de Évora, estrénuo defensor do Mestre, e por isto muito querido do povo. Elias, em prémio desta protecção, quando regressa­ram ao seu convento extramuros, lhe doaram a casa em que viveram na cidade, por doação de 1392. O edifício nada tem de notável; mas é muito bem si­tuado e tem dilatados horizontes. A igreja está or­nada com magnificência e as cadeiras do coro são construídas de ricas e custosas madeiras; estão na capela-mor ao lado do Evangelho. O sítio é ameno e pitoresco, pelo que é muito concorrido.
 
 
Pág. 177 - Atrocidades dos Portugueses nas Molucas
Lê-se em páginas 522 e seguintes do 3º volume a descrição destas cenas, que são das páginas mais vergonhosas da História do domínio português em terras de além-mar.
 
 
Pág. 181 - Casa de João Velho, em Viana do Castelo
Não conhecemos ao norte do Rio Douro exem­plar mais completo que represente a nossa arte arquitectural civil da idade media. Ostenta sobre o arco de sarapanel o brasão dos Velhos de Viana, que, por irem à descoberta do Congo, tiveram escudo es­pecial, sendo sustentado por dois selvagens ou etíopes. As janelas recruzetadas e os arcos ogivais dos lidos certificam que a obra ascende aos primeiros quartéis do século XV, sendo, portanto, contemporânea da igreja matriz que a defronta.
 
 
Pág. 184 - P. Luiz Infante de Portugal, filho de D. Manuel
Bastantes vezes e sempre com louvor, se refere a História a este benemérito cultor das ciências e das letras, cujo retrato reproduzimos do que vem no livro Retratos e Elogios de Varões e Donas, em cuja Memória se lê: «Era de estatura mediana, cabelo louro, olhos vivos, de gentil e agradável presença. O seu retrato verdadeiro conserva-se com grande ve­neração no convento dos religiosos da província da Arrábida, que fundou entre Benavente e Salvaterra, e dele se lembra Cardoso no seu Diccionario Geographico, t. 2°, a pág. 159; o que aqui se oferece é o da sua Vida, pelo sobredito Marquês de Valença, no qual se leem os três dísticos seguintes: Pictorem videor, Princeps, aequare peritum, Et tua, ni fallor, vivit imago duplex. Scilicet effingit vultus pictura decoros; Egregios mores exprimit historia. Depingunt umbrae meglius, meliora libellus; Haec est effigies Principis, illa hominis.
 
 
Pág. 185 - Pia batismal na Sé de Coimbra
É trabalho de uma época posterior à da pia de S. João de Almedina, já publicada a pág. 16 deste 4º volume da História, sendo, porém, menos elegante nas suas linhas fundamentais. - Foi mandada fazer pelo insigne prelado D. Jorge de Almeida aos irmãos Henriques, que faziam parte dessa plêiade de escultores que no século XV, trabalhavam em Coimbra e seus arredores. - No pé que sustinha a bacia, onde se divisam as armas de D. Jorge de Almeida, lê-se em caracteres góticos: P. Ariques e seu irmão a fez.
 
 
Pág. 189 - Antigo convento de Nossa Senhora do Cabo
Actualmente está transformado num palácio, on­de os governadores gerais da Índia costumam pas­sar a estação calmosa, e fica a uns 8 quilómetros a O. de Pangim, entre a praça de Aguada e a de Mormugão. Tinha sido convento de franciscanos reforma­dos e está situado no extremo ocidental do pro­montório de N. S. do Cabo, sobre grandes massas de rocha laterícia, num sítio aprazível e fresco. Foi mandado edificar pelo vice-rei Matias de Albuquer­que no ano de 1594. O governador geral conde de Torres Novas é que transformou o convento em ca­sa de campo, substituindo as celas por amplas ca­sas, etc. A igreja também foi concertada pela mesma época. A igreja, o palácio e a sua extensa cerca eram ainda há poucos anos administradas por um frade do antigo convento, que fixara ali a sua resi­dência. Foi nesta cerca que os ingleses, em 1799 e 1808, sem requisição ou pedido do governo português, a pretexto de nos auxiliarem contra os franceses, ocuparam os portos militares de Goa e edi­ficaram uns quartéis, dos quais nem minas existem. Os ingleses só depois do tratado de Amiens e de muitas instâncias do governo português, é que lar­garam as nossas fortalezas da Índia, no dia 2 de abril de 1813. Índia Portuguesa.
 
 
Pág. 192 - D. António Pinheiro, bispo de Miranda e de Leiria
É reproduzido da celebrada colecção Retratos e Elogios de Varões e Donas, cujos directores tão escrupulosos eram na publicação dos retratos com que enriqueceram essa preciosa galeria, o retrato que aqui damos do famoso prelado, contemporâneo de D. Sebastião.
 
 
Pág. 195 - Primeiro cerco de Diu
Veja-se em pág. 595 e seguintes do 3º volume da nossa História a descrição deste glorioso feito das armas portuguesas na Índia.
 
 
Pág. 197 - Chafariz de Viana do Castelo
É um belo modelo do celebre canteiro português João Lopes este chafariz, que é o principal da velha cidade de Viana, e que se levanta em frente do edifício da Câmara. Na garganta inferior da árvore lê-se a data de 1554, que tem autêntica a sua antiguidade.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Pág. 200 - A casa dos bicos
É esta uma das curiosidades de Lisboa, o que nos obriga a relatar tudo quanto acerca dela está apurado e que se encontra no Portugal antigo e Mo­derno. Segundo a tradição, esta casa foi mandada edificar por um homem rico, que tencionava cravar um diamante no vértice de cada uma das pedras bi­cudas que lhe erriçam a frontaria. Que estando a casa no primeiro andar, o governo embargara a obra, não querendo que em Lisboa houvesse uma casa particular mais rica e falada do que o paço real; mas que, apesar disso, se lhe ficou chamando casa dos diamantes, e que com este nome era conhecida no tempo dos Filipes. Dizem outros que no século XVI, reinando D. Manuel, estivera hospedado nesta casa uma rainha preta, que trazia muitos diamantes, e que daqui lhe provém o nome e a fama de casa riquíssima, que ficou em provérbio até a actualidade. - Ainda outros dizem que a casa foi construída segundo o risco do senhorio, sem impedimento algum por parte do governo, e que, do primeiro andar para cima, lhe mandou pôr em cada bico um diamante falso; mas que toda aquela pedraria brilhava muito com os raios do sol, que lhe dava de lado, porque antigamente esta casa deitava para a praia da Ribeira, e até nas águas-vivas chegavam os barcos mesmo à porta. - O terremoto de 1755 danificou-lhe os andares superiores, deixando-a reduzida ao primeiro andar e sobreloja, tal como ainda existe. Até aqui a lenda. - Deixando a tradição popular, sempre propensa ao maravilhoso, sigamos as investigações dos nossos actuaes antiquários. - Quase a meio da antiga Vila Nova de Gibraltar ou Judiaria Grande (povoação ou bairro judaico, fora do lanço do sul e sueste das muralhas que cercavam Lisboa antes do reinado de D. Fernando), foi edificada a Casa dos Bicos. À casa da esnóga (sinagoga dos Judeus) transformada por D. Manuel, em 1502, em templo cristão, sucedeu em celebridade a casa dos bicos, que lhe fica próxima, e ambas dentro dos limites da antiga judiaria. - Expulsos os Judeus e Mouros de Portugal (1497) e purificada a Judiaria, vieram estabelecer-se neste bairro muitos fidalgos que regressavam da Índia, riquíssimos com os roubos e extorsões que lá faziam, fundando aqui sumptuosos palácios; e os negociantes aqui edificavam grandes casas de comércio. Não foi, porém, o grande Afonso de Albuquerque o fundador da casa dos bicos, nem é verdade que nela residisse... Albuquerque morreu solteiro deixando um filho bastardo, Braz de Albuquerque, de quem D. Manuel tomou conta mandando-o educar, fazendo-o crismar para que ficasse com o glorioso nome de seu pai, e casando-o com uma filha do primeiro conde de Linhares, dotando-o com 20.000 cruzados, fazendo-lhe mercê de 300$000 reis de juro e mandando-lhe pagar os 80.000 cruzados de soldos que ficaram devendo a seu pai e as quintaladas de pimenta que lhe pertenciam, o que tudo montava a grandes cabedais. Braz ou Afonso de Albuquerque seguiu a moda dos fidalgos do seu tempo, fazendo o seu palácio na Ribeira, no bairro da antiga judiaria em 1523 e como tinha muito di­nheiro e para fazer desesperar os émulos de seu pai, que eram todos os fidalgos poltrões e intrigantes desse tempo, protestou que havia de fazer uma casa forrada de diamantes... Não consta de documen­to algum que a casa dos bicos fosse embargada quan­do andava em obras, e há a certeza de que se concluiu segundo o risco. - Existe uma escritura feita 69 anos depois da morte de Braz de Albuquerque, pela qual se vê que não moravam na casa dos bicos os Albuquerques, mas que a teriam arrendado por 464$ reis, o que prova que esta casa era então muito mais vasta e tinha mais andares do que a actual, e em 1745 tomou posse, por sucessão, da casa dos bicos Francisco Xavier de Mello Albuquerque Brito Freire, e no auto se lhe chama casa nobre com loja por baixo, onde se vendem bebidas. - Segundo o tombo geral das propriedades de Lisboa, mandado fazer pelo marquês de Pombal, depois do terremoto, consta que a casa dos bicos tinha de frente 93 palmos e dois terços (20,m60) e de fundo até à rua do Albuquerque (hoje do almargem) 96 palmos (21,m12) com loja, sobreloja e dois andares. Supõe-se, com boas razões, que a frente da casa dos bicos era para o lado do norte, não só porque deitava para a rua do Albuquerque, mas porque era desse lado que estavam as armas do fundador, e ainda ali se vê uma larga porta, no gosto das do lado do sul, que decerto era a entrada principal do edifício. Demais a mais, esta porta é muito maior do que a do sul, o que mais convence que estas eram das traseiras, que deitavam para o Tejo, que chegava até elas. Esta porta da rua do Albuquerque é a única que há deste lado; o resto é um muro duns três metros de alto. - Não é ponto incontestavelmente resolvido se nesta casa houve em algum tempo, diamantes a rematar os bi­cos. Parece mais provável que se lhe desse o nome de casa dos diamantes (simultaneamente com o de casa dos bicos) em razão da configuração, em forma de diamante faceado, que têm as pedras da sua pa­rede. É verdade que alguns dizem que, por morte do fundador, estando os diamantes em partilha, cada co-herdeiro levou os seus; mas o que também é cer­to é que em todos os documentos concernentes a esta casa singular, se lhe dá o nome de casa dos bi­cos e nunca dos diamantes. - Em 1827 foi posta em praça pela fazenda publica, por estar penhorada pela quantia de 14.800$000 réis, que o proprietário devia de décimas por este e outros prédios seus. Era inquilino o rico negociante de bacalhau, Caetano Lopes da Silva. Em 1838, Francisco António Marques Geraldes Barba, tutor do menor Pedro Teles de Mello, sucessor do antigo senhor desta casa, citou o arrematante para lha restituir, com o fundamento de que, sendo vinculada, não podia ser vendida, em­bora com execução fiscal. Caetano Lopes, homem honrado e inimigo de demandas, reconhecendo por conselho de letrados, que a casa fora ilegalmente posta em praça, confessou a acção, e fez ao senhorio um arrendamento a largo prazo pelo alu­guer anual de 500$000 réis. Podia demandar a fa­zenda nacional pelos 14.800$000 réis e sisa; mas sa­bendo o que são demandas com o estado, nem ele nem seus filhos se atreveram a tentar a acção, prefe­rindo perder aquela quantia. - Era há pouco tempo proprietário da casa Pedro de Mello, um dos descen­dentes de Afonso de Albuquerque.
 
 
Pág. 201 - Padre Simão Rodrigues
A miúdo vem citado o nome deste padre na nos­sa História, quando seu autor trata da introdução dos jesuítas em Portugal, sendo Simão Rodrigues um dos companheiros de Loyola; por isso bem cabido é nesta obra o seu retrato, o qual é ampliado duma pequena gravura que ornamenta o pórtico dum bom livro, bastante raro já, do padre Baltazar Teles: Chronica da Companhia de Jesus na provinda de Portugal e do que fizeram nas conquistas deste Rei­no os religiosos que na mesma província entraram nos anos em que viveu Santo Ignacto de Loyola, Lisboa, 1645-1647, 2 vol. in f.°
 
 
Pág. 205 - Tímpano da Porta Principal da Igreja da Conceição Velha
Por cima da porta principal da Conceição Velha, foi, em 1880, colocado um quadro de figuras esculpidas em pedra, que dali tinha sido tirado pelos Freires, em 1818, para dar mais claridade ao coro, sendo em seu lugar posta uma grade de ferro, como se vê da gravura publicada no volume 3° da nossa História. - O quadro representa a imagem de Nossa Se­nhora da Misericórdia, de manto aberto sustido por dois anjos, e a seus pés, de um lado, el-rei D. Ma­nuel, a rainha D. Leonor, sua irmã, viúva d'el-rei D. João II e príncipes daquele tempo, todos de joelhos; e do outro lado o pontífice Leão X, o instituidor frei Miguel de Contreiras, cardeais e bispos, que conce­deram a estes reinos e fundação de hospitais, misericórdias e albergarias. Tem 4m,40 de comprido por 9m,10 de largura, e é composta de sete pedras. Diz Vilhena Barbosa no Archivo Pituresco, que aquele grupo, como objecto histórico e arqueológico, é de alto valor e de interesse, pois que é a crónica em pedra da mais religiosa e caridosa instituição que os homens têm criado. É um quadro autêntico dos costumes da época.
 
 
Pág. 208 - Diogo Paiva de Andrade
Este insigne teólogo que viveu no século XVI, pois nasceu em 1528 e faleceu em 1575, foi um dos bons escritores do seu tempo, pelo que merece que aqui lhe perpetuemos a memória, publicando-lhe o retrato que reproduzimos do que acompanha o que vem no tomo 1° dos seus sermões, que vem igualmente nos Retratos e Elogios de Varões e Donas, e que é muito parecido ao de uma medalha de bronze, que foi dos Padres Eremitas de Santo Agostinho do convento da Graça, e pertenceu mais tarde à casa do Marquês de Pombal.
 
Pág. 209 - Segundo cerco de Diu
Veja-se o que neste volume, a págs. 47, escreve Manuel Pinheiro Chagas acerca da façanha guerreira que a nossa gravura representa.
 
Pág. 213 - S. Francisco Xavier
Este retrato que aqui damos do famoso apostolo das Índias é reprodução do que se supõe ser o verdadeiro retrato de S. Francisco; existe ele num quadro a óleo colocado por detrás da capela do mesmo santo na igreja do Bom Jesus, de Velha Goa. A nos­sa fotogravura é feita sobre uma fotografia tira­da desse quadro.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Pág. 216 - Túmulo de S. Francisco Xavier, em Velha Goa
O que ao mundo católico mais atrai a atenção dos visitantes da cidade velha de Goa é o famo­so túmulo de prata, que a nossa gravura representa, onde repousa o maior conquistador do Oriente, S. Francisco Xavier. Este esplêndido mausoléu, de finíssimos mármores de Itália, de diferentes cores, é um trabalho artístico primoroso e uma magnífica oferta de um grão-duque de Toscana, como refere o Padre Francisco de Sousa no seu Oriente Conquista­do. Compõe-se de três partes distintas, além do cai­xão da prata que encerra o corpo mumificado do glorioso apostolo das Índias. Tem aproximadamente 6 metros de altura desde a base até à parte superior da cruz que remata o caixão, 3 metros de comprimento e 2,5 de largura. A primeira parte representa os quatro altares em forma de urna, um em cada fa­ce do túmulo. Esta parte, que constitui actualmente a base do sarcófago, é de belíssimo mármore encar­nado raiado de branco, com os ressaltos de mármore branco, e raios alaranjados. Os ornatos em alto relevo, assim como os querubins dos ângulos, são de jaspe e alabastro puríssimo. No centro do frontal de cada um dos altares tem diferentes emblemas em alto relevo, representando no altar da face norte o sol com dois círculos concêntricos radiosos; no altar que olha para o ocidente, mostra um livro e diferentes cruzes descen­do sobre ele; no do sul, um coração exalando chamas entre dois círculos radiosos; e, finalmente, no da cabeceira, representa o céu nebuloso, despedindo raios que derribam uma mesquita coroada de meia lua. A segunda parte é um paralelepípedo de excelente mármore verde, salpicado de pintas brancas, pretas e cinzentas, com ressaltos e frisos de mármore amarelado com veios brancos e cor de sépia. No cen­tro de cada uma das quatro faces está uma grande lamina de bronze escuro de elevado mérito artístico, representando em alto relevo, e em figuras quase destacadas do fundo, as mais notáveis passagens da vida do Santo. Na lâmina da face do túmulo que fica voltada ao norte está representado o glorioso aposto­lo doutrinando os povos da Índia. Superior a este quadro existe um medalhão de bronze, sustentado por dois anjos de grandes dimensões e de alvíssimo ala­bastro, o qual representa o sol nascente, e é remata­do por uma fita também de bronze, onde está escrpta a seguinte legenda: Nox inimica fugat. A lâmina da parte ocidental representa S. Francisco Xavier batizando. S. Francisco está descalço, com roupeta, sobrepeliz e estola, tendo na mão esquerda a imagem do crucificado, e batizando com a direita uma mul­tidão de indígenas nas Molucas. Ao lado esquerdo do apostolo e entre a multidão vê-se um padre que a catequisa. Na parte superior deste quadro está um me­dalhão, também de bronze, representando o sol no zénite, e na parte sustentada pelos anjos lê-se Ut vitam habeam. Na lâmina da face meridional vê-se o defensor do Oriente procurando atravessar um rio sobre um madeiro, para fugir à perseguição dos jávaros da ilha de Moro. No medalhão sobreposto a este quadro vê-se um leão no meio de uma medonha tem­pestade, e leem-se as seguintes palavras: Nihil horum vertor. Finalmente o quadro do lado oriental ou da cabeceira mostra o Santo na hora do passamento abraçado estreitamente a um crucifixo, na praia de Sanchoão. Está recostado sobre uma esteira na choupana do português Jorge Álvares, entre os seus discípulos António e Cristóvão, e assistido de anjos. Ali morre, exclamando: In te Domine speravi. O medalhão sobreposto ao quadro representa o sol no ocaso e nele se lê o seguinte: Maior in occasu. Atrás dos medalhões está a balaustrada, que forma a terceira parte do túmulo. É de mármore roxo com manchas brancas. Os frisos e ressaltos das quatro colunas dos ângulos são de mármore escuro raiado de branco, e de mármore amarelo os plintos superiores e inferiores. Sobre esta balaustrada assenta o caixão, guarnecido exteriormente de prata rendilhada sobre veludo carmim e cravejada de diferentes pedras preciosas. É este caixão que conserva o precioso deposito do corpo de S. Francisco Xavier. Nas quatro fa­ces do caixão existem trinta e dois quadros ou lâminas de prata, que ilustram a vida e representam em relevo os passos e milagres do astro brilhante que difundiu por todo o Oriente os raios fecundos do Evangelho. Na parte superior do caixão há dezasseis anjos de prata, e noutras posições seis pinhas grandes e outros pequenas também de prata lavrada e com flores douradas guarnecidas de pedras preciosas. A peanha da cruz que remata o caixão apresenta, nos lados oriental e ocidental, dois anjos com emblemas na mão. O anjo do lado oriental tem uma mão no coração em labaredas, e o do lado ocidental ou dos pés este dístico: Satis est Domine, satis est, palavras que S. Francisco Xavier costumava repetir, quando sentia aqueles êxtases de amor divino, que o tornavam um verdadeiro inspirado. Índia Portuguesa.
 
 
Pág. 217 - Coge-Cofar
É este retrato reproduzido do que ilustra algu­mas das edições do celebrado livro de Jacinto Freire de Andrade, Vida de D. João de Castro, tantas vezes e tão aproposito citado na História, por M. Pinheiro Chagas.
 
 
Pág. 221 - Igreja matriz de Viana do Castelo
Tinha antigamente a igreja matriz de Viana do Castelo a invocação do Salvador, cujos passos principais se acham representados no portal da fachada principal, no estilo do século XIV, mas construído no século XV. Numa das torres que ladeiam o frontispí­cio, na da esquerda, como o leitor facilmente verá pela gravura que lhe apresentamos, ostenta o brasão de D. Justo Balduíno, bispo de Ceuta. O exterior apresenta ainda todo o seu majestoso e monumental aspecto de vetustez; mas o interior foi completamente deturpado na última reforma; apenas, do antigo, se conserva de notável duas capelas góticas, e algumas estátuas jacentes dos séculos XV e XVI.
 
 
Pág. 224 - Peça de Diu
Porque é uma curiosidade histórica, digna de figurar na nossa edição, por isso a mandámos reproduzir. Como bem nos conta Pinheiro Chagas, é ela a célebre colubrina tomada pelos portugueses aos turcos, quando da campanha de Diu, a famosa praça de guerra da Índia. Existe no Museu de Artilheria em Lisboa.
 
 
Pág. 225 - Explosão da fortaleza de Calicut
Enche de pavor a descrição desta cena, não sabemos bem se de canibalismo, se motivada por des­cuido dos nossos, que M. Pinheiro Chagas nos dá com todas as minúcias do horrível neste volume da nossa História.
 
 
Pág. 229 - Luiz de Camões
Reservamo-nos para justificarmos a apresentação deste retrato, quando falarmos do que mais adiante publicamos.
 
 
Pág. 232 - Porta dos currais, em Extremoz
As fortificações desta vila alentejana datam do tempo de D. Afonso III, que as mandou levantar, em virtude de ter visto que a sua posição era importante para defender a fronteira do Alentejo. Pouco depois da restauração de 1640, tratou D. João IV de aumentar as fortificações, e ainda que as primeiras obras de defesa, que então se fizeram, fossem frágeis, passados poucos anos se construíram com solidez e segundo as regras da arte, ficando a vila cingida de muralhas, defendida por dois baluartes e um reduto, além dos revelins e mais obras exteriores. O antigo castelo foi reparado, passando a ser a cidadela da praça. Os muros de circunvalação tinham nove por­tas. Uma delas, em melhor estado de conservação, é a que a nossa gravura representa.
 
 
Pág. 233 - O retrato autêntico de Vasco da Gama
Não se admire o leitor de publicarmos aqui um novo retrato de Vasco da Gama, depois de havermos dado outro a pág. 281 do 3º volume, e que se supõe ainda autêntico. Foi o aparecimento dum novo re­trato, reproduzido numa revista ilustrada de Lisboa, O Brasil Portugal, que nos levou a reproduzi-lo no nosso 4º volume da História, e aqui o trecho da carta do sr. conde da Vidigueira que o acompanha naquela mesma revista: «Entre vários quadros sem moldura nem grades, encontrei em minha casa o retrato de D. Vasco da Gama, em tela que, pela sua urdidura, se reconhecia ser do princípio do século XV, rala e gasta. Submeti-a à apreciação de entendedores dos mais competentes e autorizados; entre eles o meu amigo o sr. Zacarias d'Aça fez-me o favor de ver e admirar o quadro, ficando enleado por não poder es­tabelecer comparação com o retrato que via e aquela que existe no Museu de Belas-Artes, retrato que, como todos sabemos, foi pintado na Holanda, por indi­cações fornecidas de Portugal. Dias depois o sr. Aça conversou com o sr. Gabriel Pereira, o erudito dire­ctor da Biblioteca Nacional de Lisboa, arqueólogo e critico insigne, a respeito do quadro que vira em mi­nha casa, e antes do sr. Zacarias d'Aça ter dado a menor indicação, o sr. Gabriel Pereira, de pergunta em pergunta, de indução em indução, concluiu, não só pela tradição popular como pelas indicações que temos de retratos que existem na nossa Índia, que era aquele sem dúvida o autêntico retrato de D. Vasco da Gama. Em confirmação desta, outras opiniões autorizadas vieram depois, não restando a menor duvida de que o autêntico retrato do grande almirante era aquele que a minha casa possuía, O mesmo que a Sociedade de Geografia apresenta hoje em uma das suas salas».
 
 
Pág. 237 - Porta d'Évora
Por lapso se não indicou em a epígrafe desta gravura que era em Extremoz que esta porta se encontrava, chamando-se, entretanto, porta d'Évora, talvez, porque seja por aí o caminho para esta cidade; fica aqui reparado esse lapso. Era decerto esta uma das nove portas que se abriam nos muros da circunvalação que cingiam a vila de Extremoz. Para mais compreensão e para nos não repetirmos, leia-se o que poucas linhas acima dizemos acerca da Porta dos Currais, na mesma vila.
 
 
Pág. 240 - Armário na igreja do Seminário em Portalegre
Como obra de talha, é um dos melhores trabalhos conhecidos daquele século, em que o mobiliário artístico quase só se encontrava nas igrejas. É digno de ler-se a tal respeito, os artigos do sr. Leite de Vasconcelos na Exposição distrital de Aveiro, em 1882, impresso em Aveiro.
 
 
Pág. 241 - Defesa de Malaca
Neste mesmo volume se encontra a descrição de mais este feito heroico dos nossos antepassados na Índia.
 
 
Pág. 245 - Martim Afonso de Sousa
É cópia duma litografia do chamado Livro dos Brancos, existente na Biblioteca Nacional de Lisboa, o retrato que aqui apresentamos deste notá­vel governador da Índia e fundador da capitania de S. Vicente, no Brasil.
 
 
Pág. 248 - Claustro de Lorvão
Já nas notas com que fechámos o vol. 3º desta nossa edição da História demos as indicações suficientes acerca deste notável mosteiro, pelo que nos abstemos de nos alargarmos mais neste ponto.
 
 
Pág. 249 - Planta da cidade e fortaleza de Diu
Vem na edição da Imprensa Nacional de 1804, da Vida de D. João de Castro quarto vice-rei da Índia, por Jacinto Freire de Andrade, a gravura que ser­viu de original à planta de Diu por nós aqui apresentada.
 
 
Pág. 253 - Portal de S. Tiago
A igreja de S. Tiago é uma das mais antigas de Coimbra, pois que, segundo testemunha Gasco, foi erigida depois de 1064 em louvor daquele apostolo, a cujo socorro D. Fernando Mayor atribuiu a con­quista da cidade. O sr. R. de Gusmão, escrevendo desta igreja diz: «É certo que no século XIV ainda a paróquia de S. Tiago de Coimbra era sujeita ao Arcebispo de Compostela, que a visitava ou manda­va visitar; não o é menos que sob o título de basílica se sagrara no princípio do XIII a sua igreja. Nela foi que o infante D. Pedro, Duque de Coimbra, e D. Álvaro Vaz de Almada, Conde de Abranches, jura­ram, pondo as mãos sobre uma hóstia consagrada, não sobreviver um ao outro no esperado recontro com seus inimigos; e poucos dias depois deste facto solene e fatal “Ingrato e feio Caso, digno das torres de Bizâncio, Viram de Alfarrobeira infames plainos Roxos do sangue das civis discórdias.” Tinha esta colegiada, em 1757, 300 fogos. Hoje está anexada à paróquia de S. Bartolomeu. O prior tinha de rendimento 250$000 réis. O frontispício do templo, hoje arrebicado pelos caiadores, bem como o seu interior, apesar de muito alterados no século passado, apresentam ainda o cu­nho da sua vetustez. A porta principal e a lateral, formadas por várias colunas em que se apoiam ar­cos de cintro pleno, que diminuem progressivamente em altura e largura, com diversos lavores e folhagens em relevo, oferecem um bom espécimen do estilo arquitectonico do XI século. O templo é de três naves. Tem quatro capelas, uma das quais é dedicada a Santo Elói, patrono dos ourives, que tinham o privi­legio de nela serem enterrados. Em uma das suas paredes vê-se uma pequena pedra com esta inscrição:
ESTA CAPELA HE DOS OURIUCES DESTA CID.° TANTO DOS DE OURO COMO OS DE PRATA.
Na capela dedicada a Santo Ildefonso está um túmulo metido na parede, sob um arco forrado de azulejo, no qual está gravado o seguinte:
EN HESTA SEPOLTURA JASEM OS HOSOS DAFFONS O DOMIGEZ DAVEJRO PRIMEIRO IMSTITUIDOR DESTA CAPELLA OS QUAES FORAM AQUJ POSTOS PER PÊRO DALLPOI SEU TRESNETO QUE ORA HE ADMJNISTRADOR DA DITA CAPELLA NO ANO DO NASCIMENTO DE NOSSO SENOR JHU XPO DE MILL E QUJNHENTOS E QUATORZE ANOS.
Quando para se alargar a antiga rua de Coruche se cortou um pedaço a esta igreja, tivemos ocasião de ver a arquitectura da capela-mor (até então encoberta pelo retábulo de madeira), que denotava a sua muita antiguidade. Guia histórico do Viajante em Coimbra.
 
 
Pág. 256 - Milagre do padrão de Oliveira
Esta escultura em madeira representa el-rei D. João I ajoelhado a render graças à Virgem pelo ven­cimento da batalha de Aljubarrota, e o advogado Pe­dro de Oliva, inimigo dos privilégios do Cabido e dos seus caseiros, caído por terra com a língua fora da boca, aos pés dos cónegos Luiz Gonçalves e Abade de Freitas, na ocasião em que o repreendiam das ameaças contra os referidos privilégios do Cabido.
 
 
Pág. 257 - Morte de S. Francisco Xavier
Consagra-se esta aguarela a recordar o passamen­to dum dos maiores vultos do cristianismo no sé­culo XVI, o famigerado S. Francisco Xavier, o apóstolo das Índias, onde morreu, e onde tem seu túmulo, que vem reproduzido a pág. 105 deste mesmo volume da História.
 
 
Pág. 261 - S. Francisco de Borja
Porque tomou parte activa nos negócios políticos de Portugal, que por três vezes visitou, aqui damos o retrato deste vulto do hagiológio católico, copiado dum retrato a óleo do fim do século XVI existente nos depósitos do Museu Nacional de Belas-Artes, às Janelas Verdes, em Lisboa.
 
 
Pág. 264 - Portal da igreja de S. Salvador
De bem modesta aparência é o templo que se encontra na rua do Salvador em Coimbra. Não se faz recomendável por elegância, grandeza ou primo­res d'arte; todavia o seu aspecto de ancianidade e al­guns interessantes monumentos que nele se encon­tram, o tornam muito digno da atenção dos que presam as antiguidades. - Com quanto se não saiba ao certo a época da sua fundação, parece indicá-la uma inscrição lapidar que no frontispício do templo se encontra ao lado das colunas do portal, à direi­ta de quem entra. No número 7 do Antiquário Conimbricense vem o fac símile desta inscrição de ca­racteres de esquisitas formas, e esta sua tradução: Estevam Mates de sua livre vontade fez esta porta e frontispício. Era de 1207 (ano de 1169). Era Millessima. - O interior do templo está dividido em três na­ves por duas fileiras de colunas cilíndricas de cantaria, muito delgadas relativamente à sua altura. Do lado direito encontra-se uma pequena capela, e de­baixo de um arco aberto numa das suas paredes um grande túmulo com esta inscrição, cuja máxima parte é de caracteres góticos;
ESTA CAPELLA E ESTA SEPULTURA MADOU FAZER GVIMAR DE SSAA PA DEITAR HO MUITO HONRADO A.º DE BARROS CAVALEIRO DA CASA DEL REY SEU MARIDO HO QVAL AQVI JAZ E ELLA MÃDA A SEU TESTAMETERO QUADO ELLA FALECER Q ALACE CÕ ELLE HO QLL FALEOCE AOS XVIII DE F.° DE MILL 5l5 ANOS AQVAL GVIOMAR DE SAIAS AQVI FALECEO A XI... DOVTVBRO DE I. S. XXXII.
No mesmo túmulo se veem as armas das famílias Barros e Sás; mas em ambos os seus escudos faltam os timbres: no daqueles a aspa com cinco estrelas e no destes o meio búfalo. - Na parede da capela de S. Marcos, na face exterior que olha para um pe­queno quintal, está embutida uma pedra de palmo e meio de comprido e um palmo de largo em que se vê uma cruz da ordem dos templários e uma inscrição que no nº 6 do Antiquário do Conimbricense vem interpretado da maneira seguinte:
EGO. VERMUDUS. VERMUDI. ACCEPI ISTUM. MONUMENTUM. X II. DIES. TRANSACTIS. DE. APRILIS ERA. M. CC. XX. II. - Eu Vermudo Vermudez aceitei este monumen­to doze dias andados de Abril. Era de 1224 (ano de 1186).
O local que a lápide hoje ocupa não parece ser o primitivo porque nem junto da parede se encontra sinal algum de ali ter havido monu­mento sepulcral, nem a sua pouca grossura o podia conter... Defronte da inscrição, e a poucos passos dela, na base da torre dos sinos se descobre quase entalado uma espécie de carneiro de abóbada. Era nestas cavidades abertas nas paredes das igrejas, que naqueles tempos a Religião costumava dar eter­no descanso aos despojos mortais das pessoas ilustres; até que a devoção, em tempos mais próximos de nós, os foi trazendo para dentro dos templos. Existe uma relação tão íntima entre estes dois monu­mentos, e a rudeza da inscrição que não se pode duvidar, que o gosto do século doze ainda ali domi­na, e que a lapida por algum incidente deslocada do seu primitivo assento, seria transportada, mais tarde, para o lugar que hoje ocupa. Guia histórico do Viajante em Coimbra.
 
 
Pág. 265 - Lado Norte da Sé Velha
Dos dois pórticos da fachada lateral do vetusto convento, que ambos se atribuem ao tempo do bispo D. Jorge de Almeida, torna-se muito apreciável o maior, representado pela nossa gravura, que é de fá­brica excelente e decorado com grande profusão de miudezas e lavores de notável primor e elegância. Fez este pórtico o grande arquitecto João de Casti­lho, que tão celebre se tornou pelo esmero e bom gosto das suas construções. Assim o afirma o sr. Francisco Varnhagen, que, falando deste insigne ar­tista, no seu interessante opúsculo Notícia histórica e descritiva do Mosteiro de Belém, diz o seguinte: «Também esteve em Coimbra, pois sem dúvida de seu tempo e suas são as portas excrescentes de pedra de Ançã da Sé Velha. Os bustos em medalhões, os arabescos ao divino, os nichos de concha, os balaustres, os vasos, as pilastras estriadas, a par de um arremedo das renascentes ordens dórica e coríntia, como tudo aí se vê, não podem deixar de ser obra de Castilho, já meio convertido às dou­trinas de Vitrúvio.» - Acerca deste velho monumento da antiguidade cristã já em outros volumes antece­dentes demos alguns dados interessantes e curiosos.
 
 
Pág. 269 - D. Jaime, 5° duque de Bragança
Existe na Biblioteca Nacional de Lisboa o retrato deste personagem ilustre. É uma gravura em co­bre da colecção dos retratos do duque de Bragança.
 
 
Pág. 272 - Chafariz da Praça da Rainha, em Viana do Castelo
É uma das três magnificas obras de arte que, no género, ornamentam as praças e largos da linda cidade de Viana do Castelo, rica em obras arqueológicas e de reconhecido mérito artístico. Neste mesmo volume damos em estampa os outros dois chafarizes monumentais da encantadora povoação.
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Pág. 273 - Rodrigo de Lima
É ampliado duma das figuras representando este personagem, que vem no grupo que adorna a portada do celebre Livro de Álvares, o retrato que aqui damos do famigerado D. Rodrigo de Lima.
 
 
Pág. 277 - Porta principal da Sé de Braga
Não podendo no espaço de que dispomos dar notícia desenvolvida de cada um dos monumentos representados pelas nossas gravuras, vamos limitar-nos a dar, apenas a largos traços, notícia deste vetusto monumento, para o que nos socorremos dum velho artigo sobre o assunto escrito por I. Vilhena Barboza: «Sendo Braccara Augusta uma cidade fortificada ao tempo que o apostolo S. Tiago nela pregou a lei de Cristo, deve-se supor com muita plausibilidade que a sua primitiva sé fora fundada dentro dos seus muros. O seu primeiro prelado, S. Pedro de Rates, foi martirizado no ano 44 do nascimento de Cristo. Por conseguinte baseia-se na mesma plausível conjectura a suposição de que o actual edifício de catedral de Braga foi edificado depois da mudança da cidade para o sítio em que se acha. Em que época se realizou esta mudança? Quem foram os fundadores da nova cidade e da nova sé? São mistérios que se ocultam na escuridão dos tempos. As opiniões emitidas pelos arqueólogos a esse respeito, não passam de simples conjecturas. Pondo de parte essas opiniões controversas e faltas de fundamento, direi que as notícias mais antigas que tenho achado relativamente ao edifício da Sé de Braga, são do século XI. Consta, de documentos autênticos, que esta catedral fora reedificada pelo conde D. Henrique de Borgonha e sua mulher, a Rainha D. Teresa, nos fins daquele século. Não dizem, porém, os documentos se a reedificação foi geral ou parcial... Julgo, todavia, que não restam vestígios das obras do conde e da rainha D. Teresa, a não serem, talvez, as parede exteriores do cruzeiro e as da capela da Anunciação ou S. Tomáz, onde foram enterrados aqueles soberanos logo depois da sua morte. Se existem outros vestígios, serão lanços de parede sem feições caracteristicas... Não é preciso recorrer aos documentos que existem, para se saber a época da reconstrução e o nome do reedificador destas partes importantes do templo. O seu estilo gótico florido revela com exatidão a época. Porém, ainda para maior clareza, o brasão d'armas que se vê sobre a porta principal da igreja, e ao lado exterior da capela-mor, dizem que o reedificador foi o arcebispo D. Diogo de Sousa, elevado da cadeira episcopal do Porto à metropolitana de Braga no princípio do século XVI, e falecido nesta cidade em 1532. Na frontaria da igreja, na parte superior do retábulo está estampado o gosto pesado e triste que presidiu, em geral, à arquitectura portuguesa no século XVIII. Reedificou-a o arcebispo primaz D. José de Bragança, filho legitimado de el-rei D. Pedro II. Como timbre da regia fundação, lá avulta sobre as duas janelas, ressaltando muito da parede, um imenso escudo das armas reais.» A frontaria, à qual pertence o pórtico que a nossa gravura representa, tem 37 metros de altura desde o pavimento da rua até à cruz episcopal das torres.
 
 
Pág. 280 - Convento da Cartuxa
A páginas 408 do 1º volume desta nossa edição da História demos uma gravura representando o pórtico do adro deste magnífico edifício eborense. A gravura que ora apresentamos completa aquela. Quanto à descrição, leia-se o que a respeito do con­vento da Cartuxa dissemos a pág. 621 desse mesmo 3.º volume.
 
 
Pág. 281 - Naufrágio de Manuel de Sepúlveda
Quis o nosso ilustrador representar nesta aguarela o epílogo da famosa e trágica história do nau­frágio de Sepúlveda, com tanta maestria descrita por M. Pinheiro Chagas, e imortalizada por Camões naquela celebrada profecia posta na boca do fero Adamastor e que começa pelos seguintes versos: Outro também virá de honrada fama Liberal, cavaleiro, enamorado... (Lusíadas, canto V, est. 46 e segs.).
 
 
Pág. 285 - Castelo de Elvas
Elvas é a primeira praça d'armas de Portugal, tanto pela sua posição como pela solidez e vastidão das suas fortificações. A parte mais alta é ocupada por um castelo antiquíssimo (supõe-se ser obra dos mouros) cercado de robustas muralhas, e flanqueado por torres ameiadas; nas colinas que lhe ficam sobranceiras e que a cercam, estão construídos diferentes fortes, entre os quais é considerado como principal o de Nossa Senhora da Graça ou Forte de Lippe, que é tido como modelo de arquitectura militar, e que tem este nome por ter sido principiado em julho de 1765, por ordem do conde inglês Guilherme de Schomburgo Lippe, comandante em chefe do exército português, sendo engenheiro construtor Luiz António Valleré, francês, que foi depois general do Alentejo.
 
 
Pág. 288 - Manuel de Faria e Sousa
É copiado do notável livro de que é autor, Commentarios a Camões, o retrato que aqui damos deste notável crítico e poeta do século XVI.
 
 
Pág. 289 - Defesa de Mazagão
A descrição da cena representada pela gravura mostra-se a págs. 195 e seguintes deste 4° volume da nossa edição da História.
 
 
Pág. 293 - António d'Abreu
Ilustra a décima Memória da Colecção de Memórias relativas às façanhas dos portugueses na Índia, de António Patrício, o retrato deste governador da Índia, que serviu de modelo para o que aqui apre­sentamos.
 
 
Pág. 296 - Túmulos e inscrições na igreja de S. Cristóvão
Encontra-se na sacristia do vetusto templo de S. Cristóvão, em Lisboa, o arco onde se veem os túmulos e inscrições representadas pela nossa gravura. O túmulo ali reproduzido é do século XII e foi fundação de um bispo, como se deduz de vários em­blemas que nele se veem; mas os caracteres do epitáfio estão de tal modo gastos, que se torna impos­sível decifrá-los. Há, porém, duas inscrições, de tú­mulos evidentemente mais modernos, que facilmente se podem ler e que dizem, o do lado da epístola: «Aqui jazem os ossos de Fernão Gonçalves de Miran­da e de sua mulher D. Branca de Sousa, que se fina­ram em 1466»; o do lado do evangelho: «Aqui jazem os ossos de Mathias de Miranda e de sua mulher D. Genebra Pereira, que se finaram na era de 1463
 
 
Pág. 297 - Vitrais da sala capitular, na Batalha
São admiráveis de beleza, perfeição, arte e acabamento todos os vitrais que ornamentam as janelas do monumental edifício da Batalha, ao qual já nos referimos suficientemente no volume 2º desta nos­sa edição da História. O que a nossa gravura re­produz, e que representa o Calvário, é talvez o mais notável e grandioso desses vitrais.
 
 
Pág. 301 - André Furtado de Mendonça
Bem como o retrato de António de Abreu, o deste novo governador da Índia é também copiado do que adorna as páginas da Colecção de Memórias re­lativas às façanhas dos Portugueses na Índia, por An­tónio Patrício.
 
 
Pág. 304 - Múmia de S. Francisco Xavier
Como este grande missionário tenha sido um dos maiores fautores da civilização no Oriente, mal andaríamos se não consagrássemos uma ou mais ilustrações à sua gloriosa memória. O desenho que aqui damos representa S. Francisco Xavier no estado em que se achou aos 12 de outubro de 1859, em que foi aberto o seu túmulo.
 
 
Pág. 305 - A peste em Lisboa no ano de 1569
Leiam-se os horrorosos episódios desta peste que assolou Lisboa, em página 218 do 4º vol. da nossa História, para bem se compreender toda a verdade representada pela gravura que aqui damos.
 
 
Pág. 309 - Fr. Heitor Pinto
O retrato deste famoso escritor, autor do no­tável livro místico Imagem da Vida Christã, é copia­do dum quadro em tela em péssimo estado de conservação, existente na Biblioteca Pública de Lisboa, onde o fomos encontrar por indicação achada em um pequeno opúsculo de Gabriel Pereira, Notícia dos Retratos em tela, existentes naquela Biblioteca.
 
 
Pág. 312 - Claustro do Convento do Varatojo
À distância proximamente de dois quilómetros para oeste de Torres Vedras, subindo a encosta dum monte, descobre-se, do lado oposto, entre as quebradas, o convento de Santo António do Varatojo. Situado próximo da pequena aldeia do mesmo nome, este convento, de singela construção, foi, no ano de 1470, fundado por D. Afonso V com a intenção de nele acabar os seus dias. Tornou-se célebre pelo grande número de missionários que, para todas as partes do mundo, enviava à pregação do evangelho. Conserva ainda algumas memórias históricas, que lhe atraem o olhar do viajante, e entre elas uma janela no angulo externo do coro, donde a tradição diz que D. Afonso V dava por vezes audiência ao povo. No adro, na parede do lado esquerdo da porta principal da igreja, acha-se gravado numa pedra, o rodízio que fazia o timbre daquele monarca, e o mesmo serve de ornato à pintura dos painéis que for­mam o forro da varanda do claustro, que a nossa gravura representa, e também à dos que preenchem o mesmo fim no coro. Noutra lápide, que está do lado direito da porta da igreja, veem-se abertas as armas portuguesas coroadas e seguras por dois an­jos de joelhos. Por cima da mesma porta principal está escrita a palavra Silêncio. A igreja é pequena e modesta, mas está bem conservada e fazem-lhe orna­mento alguns bons quadros antigos. Quando foram extintas as ordens religiosas, foi o convento do Varatojo vendido ao visconde de Moncorvo, por morte do qual passou a novo possuidor, um egresso do mesmo convento, que, associando-se com alguns outros padres, ali foi viver em comunidade. Como é sabido, ainda lá se conservam continuando a observância da vida monástica, e saindo a missionar em diversas partes do país.
 
 
Pág. 313 - Altar de grafite imitando mosaico
Constitui este altar uma das maravilhosas obras de arte em que é rica igreja do real convento de Nossa Senhora da Conceição, em Beja, a que noutro lugar nos referimos mais minuciosamente.
 
 
Pág. 317 - António da Silveira
Conservou-nos o retrato deste denodado herói da Índia, o poeta e critico Manuel de Faria e Sou­sa, nos seus Commentarios a Camões, onde o ilustrador foi copiar o que o leitor tem em sua presença.
 
 
Pág. 320 - Torre da Roqueta e Castelo de Santiago, em Viana do Castelo
O castelo de Santiago da Barra de Viana do Castelo deve-se aos Filipes; desde el-rei D. Ma­nuel guardava a foz do Rio Lima uma torre, chamada Roquêta, aumentada em 1572 com um fortim. Nos reinados de D. João IV, D. Pedro II e D. Maria I recebeu importantes melhoramentos. Actualmente aquartela-se ali um grupo de baterias de artilheria de montanha.
 
 
Pág. 321 - D. Sebastião ante o cadáver de D. Pedro I, em Alcobaça
Encontra-se a pág. 219 deste 4º volume da nossa edição da História a descrição deste episódio da vida do monarca desejado.
 
 
Pág. 325 - Mestre Boutaca
Deste notabilíssimo arquitecto do mosteiro dos Jerónimos foi copiado o retrato que aqui damos do que existe no tecto da Câmara Municipal de Lis­boa, retrato reproduzido, por sua vez, do busto em baixo-relevo em pedra, existente no claustro do con­vento, de que ele foi arquitecto.
 
 
Pág. 328 - Porta da Misericórdia de Lousa
A Misericórdia da Lousa foi uma das primeiras casas de beneficência que houve, graças ao ânimo piedoso da bondosa D. Leonor de Lencastre, esposa do Príncipe Perfeito, D. João II. - Há, porém, quem assevere que foi capela particular. - A porta é um interessante espécimen da arte do século XVI, divisan­do-se ao lado uma escadaria de pedra com alpendre e campanário, acessórios que são do século XVII. A porta tem a data de 1568, isto é, 70 anos depois da criação das Misericórdias em o nosso país, pela princesa a que acabamos de referir-nos.
 
 
Pág. 329 - Luiz da Câmara
É copiado este retrato do celebrado jesuíta mi­nistro de D. Sebastião, de um excelente quadro de Freire, que ornamenta uma das salas da Câmara Municipal de Lisboa.
 
 
Pág. 333 - Casa onde habitou Vasco da Gama, em Montemor-o-Novo
É uma das casas mais antigas da vila, e nela, segundo é tradição, habitou o grande almirante das Índias. Não nos consta que até agora esta casa tenha aparecido reproduzida em publicação alguma ilustrada. Foi o director artístico desta publicação que, passando por aquela vila, se lembrou de dela tirar um croquis, que depois completou e aguarelou para com ela ilustrar esta nossa edição da História de Portugal.
 
 
Pág. 336 - Antiga pia de pedra existente no museu do Carmo
Será a um belo trabalho do exímio escritor e erudito antiquário, sr. Dr. Sousa Viterbo, Trabalhos náuticos dos portugueses nos séculos XVI e XVII, que iremos buscar os apontamentos acerca desta elegante bacia: «Simão Correia é uma das figuras que mere­cem lugar distinto na galeria dos fronteiros de África. Foi governador de Azamor e dali mandou trazer ao reino uma grande e elegante pia de pedra, que hoje se conserva no Museu Arqueológico do Carmo. No rebordo da face interna, em duas linhas e em caracteres góticos, tem a seguinte inscrição, cujo começo é indicado por uma fivela e uma cruz de hastes iguais:
SYMAO COREA SENDO CAPYTAM E GOVERNADOR EM A CYDADE DAZAMOK ESTA PYA QUE FOY ACHADA ANTRE OS MOUROS MANDOU TRAZER A ESTE MOSTEYRO QUE ELLE fundou A SUA PROPYA CUSTA.
A palavra que vai em grifo está lascada, como que cortada a escopro, vendo-se só a primeira inicial e parte da segunda, mas por estas e pelo espaço que as outras letras deviam ocupar, verifica-se que não há outra palavra que dê melhor sentido. O respectivo Catálogo, sob o n.º 3880, descreve assim, absurdamente, com vários anacronismos, este interessante objecto: «Grande bacia de pedra, estilo árabe, trazida de Azamor (Barbária) em 1462, na conquista feita pelo general Simão Correia e que foi oferecida ao Infante D. Henrique do Algarve, o qual a deu à Sé de Faro para ter água benta; passados muitos anos foi abandonada no cemitério da igreja! Esta antiguidade é histórica para Portugal; foi adquirida em 1869 pelo sr. Possidónio da Silva, para ser conservada no museu.» Por esta indicação parece que a bacia viera do cemitério da Sé de Faro, o que se nos afigura pouco verosímil, atendendo a que ela, como declara a inscrição, foi ofertada a um mosteiro. Declarou-nos o nosso amigo e ilustre confrade dr. Teixeira de Aragão, que a vira em tempos no convento de Santo António em Faro. Na sua face externa é dividida em diversos gomos, cavados, oblíquos, tendo na face larga e superior de cada cavidade um ornatosinho escultural, alguns bem curiosos: brasões d'armas, cabeças, florões, a fivela, cruzes de Cristo, etc. O convento, fundado por Simão Correia, era o de Nossa Senhora da Esperança em Portimão. Dizem os cromitas, Belém e Esperança, que o começara a edificar em 1530, depois de regressar de Saboia, onde acompanhara a infanta D. Beatriz, de quem era aio, Damião de Goes, enumerando as pessoas da comitiva diz que ele ia por veador da casa da infanta. Não encontramos a carta que nomeou Simão Correia capitão d'Azamor, mas sabe-se que exercera este cargo em 1516, pois em dezembro deste ano passava D. Manuel uma carta autorizando-o a construir casas dentro da fortaleza, de que os moradores lhe dariam aluguer ou foro.»
 
 
Pág. 337 - Assalto à nau de Martim Lopes Carrasco
Veja-se, a páginas 227 deste volume da nossa História, a descrição de mais este feito glorioso dos nossos nas regiões longínquas da Índia.
 
 
Pág. 341 - D. Fernando, 2° duque de Bragança
É copiado da colecção dos retratos dos duques de Bragança, existente na Biblioteca Nacional de Lisboa, o que aqui damos deste personagem histórico. Apesar de vestido à romana, este retrato é conside­rado autêntico, pois era vulgar inspirarem-se os pin­tores nos modelos gregos e romanos, e adornarem com as roupagens dos antigos heróis os personagem que retratavam.
 
 
Pág. 344 - Retábulo de S. Silvestre, junto a Coimbra
Este delicioso espécimen de estilo Renascença existe em S. Silvestre (e não Silvério, como erradamente saiu na epígrafe da gravura) na capela particular do proprietário actual do sumptuoso convento de S. Mar­cos, a que, por diversas vezes, temos aludido na nos­sa História. A capela, porém, possui condições de luz tais, que é impossível obter uma fotografia, razão esta que nos levou a fazer a presente aguarela para dar na História um belo documento da arte portuguesa no século XVI, que até hoje tem passado despercebido a quantos se dedicam a estes estudos. O retábulo, em mármore de delicada escultura, é o pórtico formosíssimo do grandioso edifício de S. Marcos, que os fanáticos pela arte vão admirar a S. Silvestre.
 
 
Pág. 345 - Palácio (aliás Praça) de Mormugão
A praça de Mormugão, cuja entrada a nossa gravura representa, começou a construir-se em abril de 1624, governando a Índia D. Francisco da Gama, 3º conde da Vidigueira, conforme reza a lápide que se acha sobre o pórtico da entrada, à custa da Câmara geral ou agrária de Salcete, a quem Filipe III man­dou agradecer por carta regia de 10 de março de 1640. Actualmente acham-se bastante arruinados tan­to a praça como o palácio e a maioria das construções e edifícios públicos de Mormugão.
 
 
Pág. 349 - D. Duarte de Menezes, governador da Índia
Bem como outros retratos aqui reproduzidos, este é copiado dos retratos de todos os governadores da Índia, desenhados em um livro manuscrito, existente na Biblioteca Nacional de Lisboa.
 
 
Pág. 352 - Convento da Conceição, em Beja
Ao belo livro de Luciano Cordeiro, Soror Mariana, vamos emprestar os apontamentos para a história e descrição deste soberbo monumento da piedade cristã do século XV. O convento da Conceição de Beja, ou mais propriamente o Real Mosteiro de Nossa Senhora da Conceição, da Ordem de Santa Cla­ra e jurisdição franciscana, foi fundado em 1467 pelos infantes D. Fernando e D. Brites, pais do rei D. Manuel junto dos seus Paços, que neles vieram a incorporar-se e com os quais comunicava por um passadiço coberto, que subsiste, sobre a estreita rua dos Infantes. Dá esse passadiço para o coro de cima do convento, e diz a tradição que de uma espécie de tribuna ou janela saliente na sua junção com ele, hoje emparedada, e mascarada pela implacável caiadura alentejana, aparecia e falava (sic) ao povo a piedosa princesa. Sucessivamente acariciado e favo­recido pela devoção realenga e particular, chegou a ser uma das instituições mais grandiosas e ricas do seu género entre nós. O edifício, muito arruinado, é vastíssimo e bastante irregular, como quase todos o são, por acrescentamentos sucessivos à primeira traça. A igreja, ampla e formosa, conserva na facha­da o aspecto primitivo destacando-se, soberbo e tris­te, da estúpida caiação moderna, numa porta ogival majestosa e elegante, no rendilhado friso e nas figuras e brasões da sua fidalga origem. A porta do convento fica ao lado da igreja, na rua da Conceição, que desce do largo de S. João e da velha rua do Forno, na pró­xima esquina da qual era o solar dos Alcoforados. É uma velha porta manuelina, a que roubaram, apenas por enquanto, as esferas armilares, que, aliás, se multiplicam interna e externamente no enorme edi­fício, e acrescentaram, no século XVII, umas lápides de inscrição devota, muito em moda então e que igualmente se repete, de louvor ao Santíssimo Sacra­mento e à Imaculada Conceição da Virgem «conce­bida sem pecado original». - Dá esta porta para uma pequena casa pouco menos que lobrega, de paredes e abóbadas pintadas com várias figuras, entre elas as dos fundadores, e ao fundo da qual ficam as peque­nas grades e a roda de serviço comum. Á esquerda, duas escadas, das quais uma relativamente moderna, conduzem aos locutórios de grades duplas, bas­tante largas, e à direita uma porta construída ou restaurada em 1742 abre para a pequena sala da porteira, também de restauração moderna (1803), que é hoje o verdadeiro locutório e que dá imediatamente para o claustro. Este e o capítulo, que abre também para ele, são notavelmente originais e pitorescos, de feição manuelina que se consorcia formosamente com a tradição árabe, arquitectural e decorativa, tão pronunciada em muitas construções d'além Tejo. Como é natural, predomina o azulejo e o tijolo. Sob a arcada há diversas capelas, algumas muito alindadas e ricas, e a abóbada e os intervalos das paredes estão cobertos de arabescos e episódios em pintura gracio­sa e quente. Toda esta decoração que cobre alegremente muitos restos da arquitectura primitiva e do século XVII e tem um certo ar feminilmente elegante e artístico, que não é vulgar nestes edifícios. Uma das alas da arcada, ou mais exactamente a sua decoração é de 1657. A capela do Evangelista é de 1601. A do Baptista, - a do «grande Baptista», como diziam as freiras, é de 1614. - O Capítulo foi reconstruído em 1657 e renovado em 1727. Limpo e cuidado, com a sua Capela de Cristo Crucificado ao fundo, cheio de sombras e cintilações fantásticas, parece aguar­dar teimosamente, numa tranquilidade mística, as suas queridas religiosas. O antigo refeitório, que começou por ser dormitório também, segundo uma inscrição que diz tê-lo mandado fazer D. Manuel, em 1506, foi, segundo outra, que ali existe, refeito «de abóbada na era de 1629, sendo abadessa Madre Dona Mariana Henriques». É um vasto salão térreo, à entrada do convento, a um dos lados do claustro, que foi modernamente aplicado a celeiro. A porta ogival é formosíssima. Impressão análoga à do Capi­tulo, produzem os coros. São dois, como de ordinário, um ao nível do pavimento da igreja, outro por cima, a meia altura dela.
 
 
Pág. 353 - D. Sebastião assistindo aos exercícios do exército de Alcácer Quibir
Ilustra esta composição a cena descrita por M. Pinheiro Chagas a páginas 267 deste quarto volume da nossa edição da História de Portugal.
 
 
Pág. 357 - D. Henrique de Menezes, VII governador da Índia
Aplique-se a este retrato o que acerca do de D. Duarte de Menezes dizemos na coluna precedente.
 
 
Pág. 360 - Uma casa manuelina, hoje demolida, em Leiria
Foi decalcada sobre uma gravura duma excelen­te publicação estrangeira pouco conhecida em Portugal, a aguarela que aqui damos duma bela casa que tinha todo o cunho seiscentista, existente em Leiria e demolida há bem poucos anos ainda.
 
 
Pág. 361 - D. Constantino de Bragança, governador da Índia
Acerca deste retrato leia-se o que dissemos ao tratar do de D. Duarte de Menezes, nesta página.
 
 
Pág. 365 - Castelo de Arraiolos
Apresentam ainda um pitoresco aspecto as vetustas ruínas deste castelo, um dos muitos que D. Diniz fundou. Este foi edificado por aquele monarca em 1310, e tinha seis torres. Tem duas portas, a da Vila e a de Santarém, e encerrava dentro em seus muros muitas casas que os Castelhanos incendiaram em 1386, durante aquelas lutas em que andavam empenhados com o Mestre de Aviz.
 
 
Pág. 368 - Exterior da capela de S. Martinho, em Óbidos
A capela de S. Martinho, fronteira à igreja de S. Pedro, na vila de Óbidos, era solar da antiga família fidalga portuguesa, Lafetá Aranha, oriunda de Castela. Foi fundada em 1320 por Pêro Fernandes, na­tural de Óbidos, que foi prior de S. Tiago, de Torres Vedras, vigário da igreja da Lourinhã e beneficiado da Sé de Lisboa. A sua construção é gótica, de abóbada de pedra de forma ogival, dividida por arcos assentes em seis colunatas com ornatos encravados nas paredes laterais do interior da capela, onde também estão, em ni­chos, três túmulos sem inscrições; apenas num deles está esculpida, em relevo, uma espada com copos em cruz, metida na bainha e esta entrelaçada de uma fita entremeada de estrelas. Sobre os dois primeiros túmulos, por cima do arco do nicho, está uma figura, de cerca de 8 centímetros, representan­do uma mulher lacrimosa. A capela recebe a luz por três estreitas frestas verticais, medindo cada uma 2 decímetros de largo e 1m,70 de alto; uma destas fres­tas fica por cima da porta de entrada, e as outras duas, uma de cada lado da porta. Esta, que é a única que dá entrada para a capela, é formada em arcos de estilo gótico assentes sobre seis colunas com ornatos. Para a porta sobe-se por dois degraus, e aos lados dela veem-se dois túmulos iguais aos que se acham dentro da capela, estando num deles escul­pidos quatro escudetes. Per cima da porta há uma lápide com uma inscrição em caracteres góticos, que mal se percebem, devido à acção do tempo. A última representante da família Lafetá Aranha era D. Casimira Maximiana de Lafetá Aranha, casada com José Maria Duarte, moradora no lugar do Bombarral, concelho de Óbidos, onde faleceu em janeiro de 1699, com 86 anos de idade.
 
 
Pág. 369 - D Sebastião na batalha de Alcácer Quibir
A fantasiada composição artística que o leitor aí vê representa D. Sebastião no momento, em que, adiantando-se ou afastando-se dos seus leais solda­dos se embrenhou nas fileiras do exército inimigo, onde por completo desapareceu, situação brilhan­temente descrita por M. Pinheiro Chagas, em páginas 291 e seguintes deste 4º vol. da nossa História.
 
 
Pág. 373 - Lugar em Penha Verde, onde se diz jazer o coração de D. João de Castro
Mui bem andámos, quando epigrafámos esta gravura, onde se diz jazer o coração de D. João de Castro, porque é isto o que geralmente se julga. Na realidade o que jaz sepultado debaixo daquela pedra é o coração de D. António de Saldanha, falecido em 1723, como se deduz da seguinte história da capela etc., que se encontra no curioso livro do vis­conde de Juromenha, Cintra Pittoresca: «Em frente da porta desta ermida (de N. S. do Monte, em Penha Verde, mandada fazer por D. João de Castro para sua sepultura) está uma lápide a prumo com as armas dos Castros e Saldanhas, e sobre o chão uma pedra rasa, debaixo da qual está sepultado o coração de Antó­nio de Saldanha, a cuja memória, por agradecimento, mandou gravar António de Andrade este epitáfio que compôs Paulo de Carvalho:
Cor sublime capax et Olimpi montis ad instar / Amplius orbe ipso cor brevis urna tegit: / Cor consanguini concors comparque Joanni / Indiae cui palmas súbdita mille dedit: / Cor virtutis amans cor victima virginis almae / Corque ex corde pium nobile forte valens / Non pars sed totus latet Saldanhae sepulchro / In corde est totus; cor quia totus erat. / Obiit ano domini 1723. / AEtatis suas 55 / Die vero 12 Augusti
 
 
Pág. 376 - D. Fr. Aleixo de Menezes
Este venerando prelado recebeu o hábito em 24 de fevereiro de 1574. A sua afabilidade, prudência e zelo de observância religiosa o recomendaram para o elegerem prelado do convento da Graça, quando ainda contava poucos anos de professo. Aceitou com muita repugnância o arcebispado de Goa, que Filipe II lhe deu, fazendo-o vice-rei daquele estado. Tendo obtido licença para renunciar, voltou a Lisboa, onde foi eleito pelo mesmo monarca arcebispo de Braga, vice-rei de Portugal, presidente do conselho de Madrid, lugares que sempre exerceu com suma proficiência. Morreu em 3 de maio de 1617 em Madrid, donde foi trasladado o seu cadáver para o colégio augustiniano em Braga. O retrato que dele aqui damos é copiado dum quadro a óleo, contemporâneo, que o representa, existente ainda hoje no convento da Graça em Lisboa.
 
 
Pág. 377 - Portal do convento de S. Tomás, em Coimbra, visto de frente
Já a páginas 117 do 3º volume desta nossa edição da História demos uma gravura representativa deste portal; mas como alcançámos uma fotografia mais minuciosa, e como o monumento em questão é realmente digno do ser admirado, não posemos dúvida em reproduzir novamente um tão belo trabalho da Renascença.
 
 
Pág. 381 - Francisco Sá de Miranda
É o único retrato autêntico existente do remodelador da poesia portuguesa, que se conhece. Apareceu na edição das suas Satyras de 1626, livrinho bastante raro, e dali foi reproduzido nos diversos lugares onde depois apareceu. A senhora D. Carolina Michaelis não conseguiu ver essa edição; nós vimo-la e até temos uma reprodução fac-similada do retrato que a acompanha, pelo qual se vê que foi ele o que serviu de modelo para os outros que sob o seu nome aparecem. Apesar, porém, de não podermos dispor de grande espaço, achámos tão curiosas e tão eruditas as observações de que aquela ilustre escritora cerca no seu livro - Poesias de Francisco de Sá de Miranda - a notícia desse retrato, que não resistimos à tentação de para aqui as transcrevermos: «Foi homem grosso do corpo; de meã estatura, muito alvo de mãos e de rosto; com pouca cor nele; o cabelo preto e corredio; a barba muito povoada e de seu natural crecida; os olhos verdes, bem assombra­dos; o nariz comprido mas com cavalto; grave na pes­soa, melancholico na aparência, mas fácil e humano na conversação, engraçado nela, com bom tom de fal­la, e menos parco em fallar que em rir. Eis o retrato de Miranda como o delineou D. Gonçalo Cominho (1634), o qual, contudo, não conhecera pessoalmen­te o eremita da Tapada. Fica-se, pois, em dúvida, se nos descreveu a fisionomia do poeta conforme a caracterizavam os seus informadores (Gomes Macha­do de Azevedo, e Jerónimo Pereira de Sá, seus so­brinhos; Henrique de Sousa, o Comendador de Rendufe; Diogo Bernardes e D. Manuel de Portugal, seus íntimos amigos e discípulos, que lhe sobreviveram de meio século) ou se o esboçou diante de um retrato qualquer, conservado na quinta da Tapada. É muito possível, que se servisse de ambos os meios de informação, isto é, que as conversas com os ami­gos ilustrassem e reavivassem os traços de uma ve­lha pintura, rejuvenescendo a fisionomia. Em todo o caso, a descrição que D. Gonçalo Coutinho esbo­çou, tem aparências de fidedigna e não discorda muito de uma gravura, de medíocre valor, que Varnhagen mandou abrir em I841, para o Panorama. Lá vemos o cabelo preto e crescido, as barbas muito bastas, o nariz aquilino, os olhos grandes, a aparência melancólica! Mas o que não encontrámos é a indispensável declaração sobre a origem e procedên­cia da gravura, que ficou sendo até hoje a única conhecida e que teríamos reproduzido nesta edição, se não encontrássemos outra mais antiga. - Estudá­mos a questão do retrato, e, felizmente não procuramos debalde. - As notas bibliográficas de Inocêncio da Silva, sobre as edições da Miranda, asseveram como o leitor sabe, que a raríssima edição das Satyras (1626) contém um retrato do poeta, grosseiramente gradado em chapa de metal, notícia que o sr. visconde de Juromenha nos confirmou. Mas as Satyras não apareciam! Restava-nos, porém, a esperança de encontrarmos a gravura, avulsa, numa das grandes colecções iconográficas do país ou das bibliotecas estrangeiras. - Três circunstâncias fortale­ciam esta suposição. Em primeiro lugar sabíamos que o sr. Visconde vira em tempos um exemplar das comédias (de 1622), acompanhado do mesmo retra­to. Em segundo lugar presumimos que Varnhagen, o qual nunca conheceu as Satyras, encontrara a gra­vura solta. Em terceiro lugar notámos que o poeta, que os contemporâneos diziam «grosso de corpo» aparecia na gravura do Panorama muito reduzido na sua estrutura, magro e extremamente estreito de ombros -incongruência que podia ter uma explica­ção nas dimensões apertadas do volume das Satyras. O editor mandaria acomodar o formato do retrato ao formato da edição, e um gravador menos perito executaria mal a redução. Examinámos bastantes colecções iconográficas existentes no país, e o sr. Ferdinand Denis teve a fineza de percorrer as de Pa­ris, na parte relativa a Portugal, sem resultado. A fi­nal, lembrámo-nos da colecção Barbosa Machado, oferecida pelo proprietário a El-Rei D. José e conservada hoje na Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro. Consultámos o artigo que Inocêncio da Silva consagra aos 715 «Retratos de Varões Portugueses insignes em Santidade, Litteratura, Sciencia militar e poliíica», e logo no princípio debaixo do nº 1 de­mos com o retrato de Sá de Miranda. É à compla­cência do Br. dr. B. Franklin Ramos Galvão, antigo e digníssimo chefe da Biblioteca do Rio de Janeiro, e hoje perceptor dos Príncipes Imperiais que Por­tugal deve o achado da velha gravura. Numa carta particular recebemos uma descrição exacta do re­trato, e mais tarde uma fidelíssima reprodução fotográfica que não discrepa senão pequena coisa do original enquanto às dimensões. Esta fotografia, dádiva valiosa do feliz descobridor, foi entregue pelo nossa prestante editor à afamada casa Bruchmann, de Munich, que se incumbiu da fototipia. A cópia tirada no Brasil sobre uma gravura antiga e já gasta, não permitiu à célebre oficina fornecer uma obra mais perfeita e apurada... Sobre a procedência da gravura da colecção Barbosa Machado (cujo autor ficou incógnito porque não assinou) nada se sabe ao certo.»
 
 
Pág. 384 - Túmulo de D. J. de Albuquerque
Existe no convento de Nossa Senhora da Misericórdia, em Aveiro, onde existe também um túmulo que durante muito tempo passou por ser o da decantada Catarina de Athayde, a amante de Camões, averiguando-se mais tarde ser de uma dama também chamada Catarina de Athayde, mas cujos pais eram D. Álvaro de Sousa e D. Filipa de Athayde, enquanto os pais de Natércia eram D. António de Lima e D. Maria Boca Negra. O túmulo da nossa gravura existe na capela do Senhor Jesus e contém os restos de João de Albuquerque, senhor de Angeja e Canelas, fidalgo de ilustre estirpe, que legou gran­de parte de seus bens a este convento. As diferentes remoções deste túmulo tornaram completamente ilegível o epitáfio que nele está gravado em cara­cteres góticos.
 
 
Pág. 385 - Epílogo da batalha de Alcácer Quibir
Nesta composição quis o autor representar a cena de desolação e de morte, apresentada pelos campos de Alcácer Quibir depois da cruel derrota em que ficaram sepultadas as melhores relíquias da nobreza portuguesa, e com elas, e por largo tempo, a velha nacionalidade portuguesa. A página 292 dá o autor conta da terrível derrota.
 
 
Pág. 389 - Torre do Relógio, em Montemor-o-Novo
É uma das três torres que ainda se conservam de pé das quatro que tinha a muralha que cercava o alto daquela importante vila do Alentejo. Tinha essa muralha a forma triangular, 1617 metros de circunferência e 3m,30 de espessura. Tinha quatro tor­res, como dissemos, a iguais distâncias, um torreão, dezanove cubelos e quatro portas. Tudo isto está reduzido a ruínas; apenas se levanta esta torre chama­da do Relógio, do N., a da má hora, carcomida pelo tempo e a de O., que é a do Anjo. Ainda no centro da cerca, em um alto, se veem as ruínas dos paços dos alcaides-mores, junto da muralha. Do muro que ligava os paços com a torre do Anjo e do que o prendia com a torre da má hora, poucos vestígios restam.
 
 
Pág. 392 - D. João de Mascarenhas
Reproduzimos este retrato dum dos grandes heróis de Diu que vem em uma página oval ao alto e ao centro da planta de Diu que ilustra uma das antigas edições da Vida de D. João de Castro, por Jacinto Freire de Andrade.
 
 
Pág. 393 - Ponte junto da qual se deu a batalha de Alcácer Quibir
Pertence à casa real portuguesa e existe no seu paço real, em Lisboa, o quadro que serviu de modelo à nossa fotogravura. É esse quadro uma magnífica aguarela, do natural, feita pelo sr. José Da­niel Collaço.
 
 
Pág. 397 - Miguel do Valle
Foi contemporâneo de Afonso de Albuquerque, e feitor da alfândega de Ormuz, o personagem que a nossa gravura representa; e o seu retrato foi copiado de um medalhão existente na capela por ele funda­da na igreja de Santa Iria, em Tomar, onde está sepultado. Como já explicámos, quando reproduzi­mos o retrato do duque de Bragança D. Fernando, Miguel do Vale é assim representado em trajes gre­gos, por ser costume da época inspirarem-se os ar­tistas, para a reprodução escultural ou pictórica dos seus heróis, nas vidas dos Homens Illustres de Plutarco.
 
Pág. 400 - Túmulo do bispo D. Egas Fafes, na Sé Velha de Coimbra
Esta Sé Velha é talvez um dos nossos primeiros monumentos para o estudo da arte nacional nos primeiros tempos da monarquia. Possui nada menos de cinco túmulos de figuras episcopais e o de D. Bataça que é já um belo documento da arte do século XIV. Já em tempo publicámos, em o volume 2º da nossa História, a págs. 437, o túmulo do bispo D. Tibúrcio, que foi um dos prelados que foram a Paris contratar com D. Alfonso III a deposição de D Sancho II. A D. Tibúrcio sucedeu na cadeira episcopal de Coimbra D. Domingos, e, após a morte deste, os cónegos de Coimbra, tendo-se ausentado da cidade, por causa da guerra civil, trataram de eleger por bis­po a D. Egas Fafes, cujo túmulo aqui reproduzimos. D. Egas Fafes era filho de D. Fafes Godim, neto de D. Godinho Fafes, bisneto do bravo D. Fafes Luz. Tendo ido a Roma, foi elevado pelo papa a arcebis­po de Compostela; mas, dirigindo-se para a Sé Me­tropolitana da Galiza, faleceu em Montpellier a 9 de março de 1268 (era de 1300), segundo constado epitáfio, sendo o seu cadáver transportado para o tú­mulo que para si havia sido construído na Sé de Coimbra, junto do altar de Santa Clara, erecto por ele logo depois da canonização desta Santa. Sendo sepultado a 17 de abril do mesmo ano da sua morte, ainda hoje o seu túmulo lá se acha entre a porta de Santa Clara e o altar, com a estátua jacente do ilustre prelado majestosamente revestido de pontifical, sobraçando o báculo e calcando aos pés o dragão, símbolo da heresia. É um documento interessantís­simo que o desenhador reproduziu empenhando-se em apresentar a rudeza do cinzel do artista com a maior fidelidade.
 
 
Pág. 401 - O jesuíta Alexandre de Mattos, erguendo o crucifixo, incitando ao combate na batalha de Alcácer Quibir
É na soberba descrição desta fatal derrota (pág. 286) que se encontra a peripécia, que bem lembra a do jesuíta Bobadilha na batalha Muhlberg, em que Alexandre de Mattos incitava à batalha os nossos de­nodados batalhadores, que foram encontrar nesses ardentes areais da África, a mais horrorosa e tremen­da derrota dos feitos guerreiros em Portugal.
 
 
Pág. 405 - Santa Maria da Feira, em Beja
É esta a mais antiga das igrejas matrizes de Beja. Segundo a tradição, foi mesquita de Mouros; acha-se memória dela de 1282. É de três naves esta igreja. Em uma pedra que está servindo de degrau da escada da torre dos sinos existe uma inscrição que diz:
IN COCHLEA SUMI TEMPLI / A. + O. / SEVERUS PRESBYT. FAMULUS / CHRISTI VIXIT AN. LV. / REQUÍEVIT IN PACE DOMINI / XI KAL. NOVEMBRIS. ERA / DCXXll.
O prior desta igreja era freire da Ordem de Aviz, e apresentado pelo rei, como grão-mestre da Ordem. Tinha de renda 250$000 réis. Este rendimento consistia em 180 alqueires de trigo, 180 de cevada, réis 15$000 em dinheiro, e o pé de altar.
 
 
Pág. 408 - D. Estevam da Gama, XI governador da Índia
Para nos não repetirmos enviamos o leitor que dese­je saber a proveniência deste retrato, para o que ficou dito quando tratámos dos retratos de D. Constantino de Bragança, D. Henrique de Menezes, etc.
 
 
Pág. 409 - Castelo de Almada
Da antiguidade da vila de Almada, apenas se conser­vam as memórias escritas e as tradições e nem um só monumento. Do castelo mourisco, reedificado pe­los ingleses em 1148 já não há vestígios. É provável que fosse demolido para se construir o actual que se julga ser obra de D. Manuel e foi reedificado no reinado de D. Afonso VI, pelo ano de 1666.
 
 
Pág. 413 - Luiz de Camões, segundo Manuel Severim de Faria
Para justificarmos o aparecimento de dois retra­tos de Camões nesta História, um em que é representado como cego do olho direito, e outro como do olho esquerdo, para aqui reproduzimos o artigo do sr. dr. Sousa Viterbo, que, pelo mesmo motivo, precede a nossa monumental edição de Os Lusíadas: «Com a primeira caderneta desta obra foi distribuído o retrato de Camões, executado em presença do que Fa­ria e Sousa deu em 1630 nos seus Luzíadas comentados. Este retrato parece ser transcrito do que anos antes saíra estampado na vida do poeta entre os Discursos vários de Manuel Severim de Faria, impresso em Évora em 1624. Há, todavia, uma diferença notável e que se pretende atribuir a erro ou equívoco do gravador: no retrato de Faria e Sousa a cegueira do poeta é do olho esquerdo, ao passo que no de Severim de Faria, é do olho direito. A hipótese explicativa deste engano é muito aceitável, tendo a confirmá-la um documento da alta valia. Num manuscrito autógrafo existente na biblioteca da Ajuda e contendo os Commentários vê-se também, numa oval, o retrato do poeta feito à pena por Faria e Sousa e aí aparece cego do olho direito. - O retrato de Manuel Severim de Faria tem como todos os visos de ser mais convencional do que cópia do natural, todavia é o que tem sido à falta de outro mais autêntico e melhor, considerado como verdadeiro. Até nisto a sorte se obstinou em cercar de obscuridade e de incerteza a vida do poeta! Julgámos do nosso dever reproduzir o retrato de Severim...»
 
 
Pág. 416 - Fachada do Liceu de Évora, com as três portas da sala dos actos
Está instalado este liceu no antigo edifício da universidade, e que foi primitivamente o colégio da Purificação, do Espírito Santo, fundado em 1551 pelo cardeal D. Henrique para o oferecer aos jesuítas. O liceu ocupa, como dissemos, as casas que serviram da universidade, sendo as mesmas aulas antigas aquelas em que hoje se ensina. O pátio da universidade é uma vasta quadra com 49 colunas de finíssimo mármore com capitéis e bases do mesmo, sobre que assentam os arcos que sustentam o segundo corpo do edifício. O corpo que dá entrada para esta quadra é de custoso mármore. A sala dos actos é modelada pela de Coimbra, somente mais pequena, mas muito mais rica pelos mármores de que é construída. Estão-lhe a desabar os tectos.
 
 
Pág. 417 - Entrevista do cardeal D. Henrique com D. Catarina de Bragança
A pág. 344. e segs. deste volume se encontra a descrição deste interessante episódio da nossa História.
 
 
Pág. 421 - Pedro de Alcáçova Carneiro
Do tecto da Camara Municipal de Lisboa foi copiado este retrato do singular personagem que se chamou Pedro de Alcáçova Carneiro.
 
 
Pág. 424 - Portal do Convento de Santa Clara, em Pinhel
Foi fundador deste convento de franciscano Luís de Figueiredo Falcão, que, casando e não tendo filhos, mandou edificar nas próprias casas em que habitava o grandioso mosteiro. As primeiras freiras entraram para ele em 1607. No Portugal Antigo e Moderno de Pinho Leal, artigo Pinhel, vem desenvolvida notícia acerca da história da fundação deste mosteiro.
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Pág. 425 - Porta exterior da Capela Mor da igreja matriz de Caminha
A igreja matriz da vila de Caminha é o mais belo templo de arquitectura gótica das províncias do norte; lançou-se-lhe a primeira pedra no dia 4 de abril de 1488, reinando D. João II. Foi principiada à custa da câmara e com esmolas do povo da vila; mas estando as obras muito atrasadas, quando D. Manuel subiu ao trono, este monarca contribuiu muito para a sua conclusão que teve lugar em 1504. É este templo todo de robusta cantaria, descreve Pinto Leal e tendo a porta principal e travessa janelas, cimalha e torres coroadas de muitas esculturas e arabescos. Tem uma platibanda formada por um primoroso ren­dilhado, com embornais ou goteiras esculpidas, representando os dois do lado do norte que olham para a Galiza dois rapazes de cócoras, deitando a água da chuva por um grande buraco que têm no tecto. O tecto de toda a igreja, apainelado, é formado de madeira de muitas qualidades e cores naturais. Tem uma primorosa imagem de Jesus Ecce Homo de primorosa escultura, que se diz ter vindo de Inglaterra, quando Henrique VIII ali aboliu o catolicismo.
 
 
Pág. 429 - D. António Prior do Crato
De uma excelente gravura antiga, que encontrá­mos reproduzida em fac-simile, num interessante li­vro de D. António de Portugal e Faria intitulado Portugal e Itália, copiámos o retrato deste pretendente à coroa portuguesa.
 
 
Pág. 432 - Porta do refeitório do convento da Conceição, de Beja
Acerca deste grandioso mosteiro, veja-se o que fica dito a pág. 627 deste mesmo volume.
 
Pág. 433 - As caçadas do cardeal-rei
Ver original
A ridícula cena que esta composição representa, encontra-se a pág. 330 deste mesmo volume da nossa História.
 
Pág. 437 - D. Sebastião
É copiado duma bela gravura que se acha na Biblioteca Pública de Lisboa, o retrato que aqui damos do tão valente quanto infeliz monarca.
 
 
Pág. 440 - Claustro do convento da Conceição, em Beja
Veja-se acerca deste convento o que acima fica dito (pág. 627).
 
Pág. 441 - Francisco de Hollanda
É ainda de um retrato existente no tecto da Câmara Municipal de Lisboa, que reproduzimos o deste notável iluminador português.
 
 
Pág. 445 - Exterior do castelo de Beja
É obra de D. Diniz este castelo, bem como a torre de menagem e a cerca de muralhas, que, com as suas 40 torres, rodeava a antiga vila do Alentejo. Dessas 40 torres, apenas restam vestígios de 30, todas em ruínas, excepto a torre de menagem, que ainda lá se vê a grande altura. As fortificações do lado do N. ain­da existem e são susceptíveis de reparação, mas as do sul têm sido a pouco e pouco demolidas, para abertura de novas ruas para o alargamento necessário da população. No tempo dos Romanos era Beja circunvalada de muros; D. Afonso III, porém, reedifi­cou-os, e seu filho D. Diniz ampliou-os dando-lhes nova forma.
 
 
Pág. 448 - Palácio dos Viscondes da Carreira, em Viana do Castelo
O palácio dos Viscondes da Carreira, cujos primórdios sobem ao reinado de D. João III, tal qual está, é obra de Luiz Álvares de Távora, nos primeiros anos do século XVIII. Aqui nasceu o hábil diplomata Luiz António de Abreu e Lima, primeiro visconde e primeiro conde da Carreira, título que lhe proveio desta casa estar localizada na carreira de Viana do Castelo.
 
 
Pág. 449 - Assassínio de Fernão de Pina
Em pág. 374 deste volume da História, vem notícia do assassínio deste traidor fidalgo português por um criado do prior do Crato.
 
 
Pág. 453 - O cardeal D. Henrique
É calcado sobre um excelente retrato existente na Biblioteca Nacional de Lisboa, o que na nossa História produzimos deste monarca português.
 
 
Pág. 456 - Vista da porta principal da igreja de Santa Maria, em Bragança
Existe na parte mais antiga de Bragança, isto é, na vila, esta igreja, conhecida vulgarmente pela denominação de Santa Maria do Castelo, por existir dentro do castelo, que, ao que se diz, era obra do fim do século XIII. O prior de Santa Maria tinha réis 130$000 e quatro ecónomos, cada um com 40$000 réis.
 
 
Pág. 457 - Portal da igreja do Seminário, em Portalegre
É o edifício da Sé, no qual está instalado o seminário episcopal de Portalegre, um templo majestoso, fundado pelo primeiro bispo desta diocese D. Julião de Alva, no sítio onde estava a igreja chamada de Santa Maria do Castelo; a capela-mor, porém, é obra do prelado Dom Frei Amador Arraes. A igreja é de três naves sustentadas por colunas góticas. A fachada actual já não é a primitiva: tem duas torres e ornamentam a porta principal duas colunas de mármore.
 
 
Pág. 461 - Cristóvão de Moura
Num belo livro ultimamente publicado em Madrid acerca de D. Cristóvão de Moura, monografia notável em que se estuda a vida deste estadista, que, apesar dos ódios justificados que Portugal lhe votou, foi muito ilustre, vem a fotografia dum excelen­te busto em bronze desse notável vulto da história, pertencente à família dos Marqueses de Castelo Ro­drigo, de que ele foi o fundador. É dessa excelente gravura que mandámos copiar o retrato que adorna a nossa publicação.
 
 
Pág. 464 - Sé episcopal de Damão
O templo que a nossa gravura representa era a mesquita que no dia 2 de fevereiro de 1559 o vice-rei D. Constantino de Bragança mandou consagrar sob a invocação das Onze mil virgens e em que disse mis­sa nesse dia o jesuíta Gonçalo da Silveira. Não se lhe pode, pois, atribuir data de fundação, que deve ser talvez anterior à descoberta do novo caminho da Índia pelos Portugueses.
 
Pag. 465 - Insurreição dos monges de Belém
Veja-se a pag. 375 d'este volume a descripção da ridícula scena qne a nossa gravura representa.
 
Pág. 469 - Duque d'Alba
Da celebrada Iconographia de Carderera, que tão excelentes subsídios tem dado para a ilustração de esta nossa edição da História, copiámos o retrato deste general espanhol, ao qual Filipe I deveu em gran­de parte a conquista de Portugal e a sua anexação à coroa de Espanha.
 
 
Pág. 472 - Janela da Rua de S. Pedro, em Viana do Castelo
Como não nos chegassem a tempo as indicações acerca desta lindíssima janela, que é uma das curio­sidades que se mostra ao viajante, em Viana do Castelo, reservámo-nos para dar os apontamentos sobre ela no último volume da nossa História, em que fa­remos mesmo algumas rectificações necessárias às notas que temos dado.
 
 
Pág. 473 - Santo António dos Olivais
Eis como se conta a origem deste interessante convento. A rainha D. Urraca, mulher de D. Afonso II, tinha uma capela da invocação de Santo Antão, abade, que em 1217 ou 1218 doou aos frades franciscanos, os quais junto à capela fundaram um pobre hospício e ali vieram pousar fr. Otho e seus quatro companheiros, vulgarmente conhecidos pela denominação dos cinco mártires de Marrocos. - Depois do suplício dos religiosos, Santo António de Lisboa, que era então crúzio de Coimbra, vendo chegar à cidade as relíquias dos referidos mártires, o quis ser também, e, saindo da ordem de Santa Cruz, se meteu franciscano neste convento, para mais facilmen­te poder obter o que desejava. Foi em memória deste taumaturgo que a invocação do convento se mudou para o de Santo António. - Em 1247 deixaram os frades o seu humilde convento dos Olivais, assim chamado por estar situado entre olivedos, e fo­ram habitar o convento que haviam acabado de fun­dar junto à ponte, e que depois veio a chamar-se S. Francisco Velho. - Em 1539 empreendeu-se ali uma nova edificação. Ajudados por D. João III e por D. Álvaro da Gosta, fundaram ali os frades franciscanos, da província da Piedade, um novo convento, que depois veio a pertencer à da Solidade, que se separou daquela em 1679. Por ocasião desta nova fundação, se reedificou a veneranda cela, que foi transformada em casa de capítulo. - Com a extinção das ordens religiosas foi, em 1835, este convento vendido ao padre Manuel António Coelho da Rocha, doutor em leis, lente de prima e vice-reitor da uni­versidade. - Na noite de 10 para 11 de novembro de 1831, ardeu quase tudo, ficando apenas intactas a igreja, a sacristia e pouco mais. - Já então tinha morrido o doutor Coelho da Rocha e pertencia este convento a sua sobrinha e herdeira, a srª D. Luiza Augusta Coelho da Rocha, que tendo-o segurado em 6oo$ooo réis, preferiu receber esta quantia a exigir que a companhia lho reedificasse. Apesar deste si­nistro, ainda a igreja e cerca dos Olivais é digna de ser vista e admirada. A entrada, por uma larga es­cadaria que tem ao fundo três arcos e um de cada lado, é guarnecida de capelinhas com os passos da Paixão. - Dá entrada para igreja, que foi logo concertada depois do incêndio, um pórtico de arquitectura antiga, de volta ogival, que se supõe ter pertencido ao primitivo convento. De um e outro lado deste pórtico se lê um elegante elogio que compôs, e fez gravar, a Santo António, o bispo de Cochim D. Frei António de Serpa. A sacristia é pequena, mas tem vistosos pinturas a fresco representando passagens da vida do santo. - A cerca tem várias capelinhas e do alto dela se disfruta um magnífico panorama.
 
 
Pág. 477 - Garcia de Sá, governador da Índia
À mesma fonte a que recorremos para os retra­tos de D. Henrique de Menezes e outros governado­res da Índia cujos retratos aqui temos reproduzido, fomos mais uma vez pedir subsídio para a publicação do de D. Garcia de Sá.
 
 
Pág. 480 - Porta da igreja da Madre de Deus
Em 1508, intentou a rainha D. Leonor mulher de D. João II fundar um mosteiro de religiosas e esco­lheu para isso umas casas que possuía entre Santo Elói e a freguesia de S. Bartolomeu, na costa do Castelo. Mais tarde, porém, talvez porque o sítio não lhe pareceu acomodado, fez eleição de umas casas que, no sítio de Xabregas, edificara um Álvaro da Cunha, e onde vivia recolhida a sua viúva D. Ignez. Comprou a rainha as sobreditas casas, com as hortas adjacentes, a que chamavam da Concha. Obtidas as indispensáveis licenças de Roma para a fundação do seu mosteiro, e tão apressada andou na construção que a 23 de junho de 1509, entraram as primeiras re­ligiosas, e a 18 de julho seguinte o arcebispo de Lis­boa, D. Martinho da Costa, benzeu a igreja. Era o mosteiro destinado para vinte religiosas, que deviam seguir a primeira regra de Santa Clara, a mais aper­tada. Em 8 de outubro de 1508, pôs a rainha funda­dora o mosteiro na obediência da ordem de S. Fran­cisco. D. João III, uns trinta ou quarenta anos depois da fundação, aumentou o mosteiro, fez nova igreja e novo claustro com muitas capelas. É tradição que a nova igreja se construiu por­que as águas do Tejo, nas grandes marés, chegavam até às paredes do templo, ou as salpicavam, com grande incómodo dos fiéis, e por isso se lhe fez uma elevada escadaria para lhe dar acesso da rua. A igreja antiga transformou-se em casa de capitulo; a porta que dava para a rua foi entaipada, e assim esteve talvez mais de três séculos, até que, aí por 1868, tratando-se de se fazer ali umas obras, para aproveitar as casas contíguas à igreja, e abrir nova porta de entrada para o edifício, visto que só tinha uma, como era de uso nos mosteiros franciscanos de mais apertada clausura, se descobriu o portal da primitiva igreja, no melhor estado de conservação apenas com o fuste de uma das pilastras que sustentam o arco, mutilado, e mais alguns pequenos estragos. Como se tratava de restaurar a igreja, assim como as casas contíguas, o arquitecto sr. Nepomuceno resolveu aproveitar o primitivo portal, a fim de o substituir ao portal que existia e cremos ser do tempo de D. João III, ou, porventura mais moderno, posto que não haja repugnância em o atribuir à segunda metade do século XVI, visto o seu estilo. Cuidadosamente foi arrancado o portal, e posto no lugar onde agora está, fazendo-se-lhe a necessária restauração. Como se vê pela fotogravura que apresentamos é de um estilo singelo, acomodado à humildade do edifício para que foi fabricado. Lá estão as divisas de D. João II e de sua esposa, a rainha fundadora, isto é o pelicano alimentando os filhos com o seu próprio sangue, e a rede de pescador, divisa da rainha, em memória da catástrofe acontecida a seu filho, de que veio a morrer na casa de um pescador na Ribeira de Santarém, como a seu tempo foi contado no texto da nossa História. Cumpre também dizer que a restauração do portal, não a fez ao acaso o arquitecto Nepomuceno; na sacristia existe um quadro no qual está representada a procissão da vinda do corpo de Santa Auta, a 12 de setembro de 1512, no acto de chegar à igreja; aí se vê a frontaria do templo como dantes era, porque o quadro é contemporâneo. Para lastimar é que não tenha sido possível fazer-se a restauração conforme em tudo ao que vê se no aludido quadro. O arquitecto Nepomuceno ainda se aproximou quanto pôde, nas janelas bai­xas, que são de ponto subido; mas nas altas teve de seguir outro risco, por falta de meios, e por isso são à moderna.
 
 
Pág. 481 - Execução de Diogo de Menezes
Em págs. 395 deste 4.º volume da História se alude à infame cena representada pela nossa gravura.
 
 
Pág. 485 - Interior da Capela de S. Pedro, em Arganil
É de arquitectura gótica e é tradição que foi mesquita de mouros esta igreja, que fica um pouco antes de se entrar na vila, à esquerda e no sítio onde estão as ruínas de uma antiga povoação.
 
 
Pág. 488 - Miguel Leitão de Andrade
Foi este Miguel Leitão de Andrade comendador da ordem de Cristo, cursou na Universidade de Coimbra a faculdade de cânones, não chegando, po­rém, a formar-se, porque partiu para a jornada de África com D. Sebastião, e lá ficou cativo dos Mou­ros, conseguindo evadir-se passado algum tempo. Se­guiu depois o partido do prior do Crato, pelo que foi perseguido e esteve preso durante muitos anos por ordem de Filipe II. Nascera em Pedrogão em 1555, e ainda vivia em Lisboa em 1629. O seu retrato é copiado do que precede o seu livro Miscelanea do sítio de Nossa Senhora, etc., impresso em Lisboa, naquele ano de 1629.
 
 
Pág. 489 - Torre de S. Julião na Barra de Lisboa
A esta fortaleza muito bem construída, situada na foz do Tejo lançou os alicerces D. João III pelos anos de 1556, e seu irmão o cardeal D. Henrique, de­pois rei, fez continuar as obras durante a sua regência, na menoridade do seu sobrinho D. Sebastião, desde 1509 até 1568. Ainda lá se vê a porta chamada do Cardeal, que era então a principal da fortaleza. Tem sobre o escudo das quinas as setas, de que usava D. Sebastião. Os Filipes também deram impul­so às obras de fortificação deste castelo por cau­sa das guerras que traziam ao tempo com outras nações da Europa. D. João IV concluiu estas fortifi­cações em 1650. Este monarca ampliou o recinto da praça, para o lado meridional, e concluiu o revelim, como declara a seguinte lápide que está por baixo do escudo daquele monarca:
O Sereníssimo Rei de Portugal D. João IV de gloriosa memória, mandou fazer esta fortificação, à ordem do Conde de Cantanhede, D. António Luiz de Meneses sendo dos seus conselhos do estado e da guer­ra, veador da fazenda e governador das armas de Cascaes, a cuja cargo esta a fortificação da barra de Lisboa. Anno de 1650.
Estava muito descurada depois daquela época esta fortificação, até aos primeiros anos do século XIV em que o governador da praça o general Ca­breira, restaurou a maior parte dela, reparando os baluartes, desentulhando os terraplenos e avivando as memórias e lápides antigas.
 
 
Pág. 493 - D. Jorge Cabral, XV governador da Índia
Tem a mesma origem que a maior parte dos retratos dos governadores da Índia, publicados neste volume, o que ora aqui damos de D. Jorge Cabral.
 
 
Pág. 496 - Ruínas do Convento do Carmo
Foi fundado pelo magnânimo condestável D. Nuno Álvares Pereira, em 1389, concluindo-se em 1422, em cumprimento do voto que fez pela Victória de Aljubarrota em 14 de agosto de 1385. A igreja foi sa­grada em 1523. Deste famoso, vasto e majestoso edifício não restam senão ruínas. Era um dos mais belos exemplares da arquitectura gótica de Portu­gal, e, sem contestação, o primeiro de Lisboa. Quase tudo foi destruído pelo terremoto de 1755. A este templo deu o seu fundador a invocação de N. S.ª do Vencimento, e neste mosteiro, depois de uma vida rude de combates, vitórias e boas obras, se recolheu o grande condestável, tomando o hábito carmelita, e aí faleceu com 70 anos de idade. Aí estava o seu túmulo, de que já demos a estampa e a descrição no segundo volume desta nossa edição da História. O terremoto de 1755 arruinou o convento e deitou por terra a igreja, da qual apenas ficaram de pé as paredes exteriores. O frontispício da igreja, que ainda existe, pertence à construção primitiva; porém as colunas e arcos interiores, que dividem as naves, mostram que, depois do terremoto, tentaram os frades reedificar este belo e majestoso templo, conservando-lhe a ordem arquitectónica e elegância primitiva. Era o templo de três naves e muito claro, tendo oito capelas, quatro de cada lado. A capela-mor era alumiada por grandes janelas na ordem in­ferior, tendo mais onze na superior. Por cima dos altares laterais, nas naves, metida nas paredes, até ao cruzeiro, havia uma galeria com entrada pelo in­terior do convento e pelo coro, deitando para a igreja uma tribuna sobre cada um dos altares. O com­primento do templo, desde a porta principal da entrada, até ao altar-mor, é de 327 palmos (71m,94), e a largura das três naves de 100 (22 metros). A sua altura é de 112 palmos (23m,04). O vão dos arcos que separam as naves tem 27 palmos (5m,94). Durante a construção desta igreja, por duas vezes abateu a capela-mor, sendo preciso, da terceira vez, abrirem-se os caboucos para assentar os alicerces abaixo do nível do vale onde está o Rocio. Pouco depois do terremoto, os religiosos reconstruíram o convento, e foram habitar nele, até 1833, ano em que foram extintas as ordens religiosas. Quanto à igreja, tentou fr. José Pereira de Sant'Anna, que então era provincial, reedificar o convento, que poucos anos antes descrevera com tanta miudeza na sua Chronica dos carmelitas calçados. Mas isto era superior às for­ças de um prelado e de uma comunidade. Decidiu-se, pois, que se construísse uma nova igreja junto à antiga, em harmonia com os escassos meios que ha­via para essa obra. No antigo templo arruinado, depois de muitos anos de completo abandono, durante os quais serviu de deposito de lixo e estrume dos cavalos da guarda municipal, cujos quarteis foram es­tabelecidos no convento, instalou se em 1864 a Real Associação dos Arquitectos Civis e dos Arqueólogos portugueses. Operara-se então, no venerando monu­mento do século XIV uma grande transformação, de­vida à inteligente, patriótica e incansável actividade de Joaquim Possidónio Narciso da Silva, arquitecto civil muito distinto, e fundador daquela esclareci­da e benemérita Associação. Desobstruiu-se o tem­plo do imenso entulho que lhe cobria o solo primi­tivo, elevando se a oito mil as carradas de terra que dali se tiraram. Nas quatro amplas capelas colaterais da capela-mor, devidamente resguardadas, estabeleceram-se as salas das sessões da sociedade, do seu arquivo, das suas colecções arqueológicas, que demandam mais recato. No corpo da igreja, no cruzeiro e na capela-mor estão dispostos os objectos em pedra do museu arqueológico: estátuas, túmulos, inscrições lapidares, pelourinhos, altos e baixos re­levos, colunas, capitéis, fragmentos ornamentais de edifícios antigos, etc. Também foi desentulhado o adro do templo, ficando inteiramente descoberto o seu esbelto portal.
 
 
Pág. 497 - Batalha de Alcântara
Em pág. 379 e seguintes deste 3º volume vem a narração deste tristíssimo episódio da nossa história, do qual dependeu a dominação filipina, que duran­te sessenta anos esmagou as aspirações e os heroísmos do altivo povo português.
 
 
Pág. 501 - Phoebus Moniz
Do retrato que vem estampado na História da Revolução de 1820, do Dr. José de Arriaga mandámos copiar o que o leitor aí vê, do benemérito defensor dos direitos do povo durante o angustioso período que vai da morte de D. Sebastião à dominação filipina.
 
 
Pág. 504 - Capela de N. S. da Piedade e S. João da Lousã
A Lousã possui aspectos formosíssimos, um dos quais é o representado em a nossa gravura, que re­produz o que se chama penhasco das ermidas, cingi­do pela capelinha de Nossa Senhora da Piedade, co­mo diadema sacrossanto. - Fica situado na encosta fronteira ao castelo e é aformoseado por três capelinhas cuja alvura destaca do verdenegro da serra. - A primeira capela que se encontra ao subir os de­graus duma longa escadaria é a de S. João, de sim­ples arquitectura, que podemos atribuir aos fins do século XV, o que é corroborado por uma licença de D. João III, que em 1537 permitiu que ali se fizes­se o bodo do costume. - Esta capela, a maior de to­das, tem alpendre e as portas são ogivais. Não tem adornos, mas possui algumas imagens antigas. - Subindo alguns lanços de escadas encontra-se a capelinha do Senhor da Agonia, vendo-se num dos parapeitos do pequeno alpendre, que lhe fica próximo, uma cruz de pedra, onde se lê: «Estas obras mandou fazer o capitão Francisco Barbosa, natural desta vila. Era de 1624». - Sobem-se mais 32 degrau e che­ga-se ao cume do rochedo que termina o penhasco, onde se encontra a capela de Nossa Senhora da Piedade, construída nos fins do século XVI e que logo e até hoje tem sido objecto de grande devoção para o singelo povo daqueles arredores. - A tranquilidade majestosa daquele ermo, o silêncio augusto dessa catedral de verdura, onde a capelinha se ergue co­mo santuário recôndito, como tabernáculo misterioso, como custódia de pedra onde habita a cândida Maria, contribuiu decerto, muito para inspirar às populações campestres, cujos instintos são tão natural­mente poéticos, seus devotos pensamentos. - Esta capela acha-se hoje reformada e ampliada, para o que contribuiu a srª viscondessa do Espinhal. Em volta construiu-se um paredão, que prejudicou imenso a enorme beleza natural do lugar.
 
 
Pág. 505 - Porta lateral da Igreja de Caminha
É um belo espécimen da arte portuguesa este do século XV. A descrição do edifício a que ela pertence, vem um pouco acima, quando tratámos da igreja matriz de Caminha.
 
 
Pág. 509 - Frei António dos Santos (ou Netto)
Oriundo de uma família muito ilustre do Algar­ve, foi ele o primeiro prior do convento de S. Agos­tinho na vila de S. Miguel. D. Fr. Aleixo de Mene­zes, arcebispo de Braga, escolheu-o em 1616 para seu coadjutor, e foi confirmado com o título de bispo de Nicomedia. Faleceu no ano de 1641 e jaz sepultado na sacristia de N. S. do Pópulo em Braga. O seu retrato mandámo-lo reproduzir de um quadro a óleo contemporâneo, existente no convento da Graça em Lisboa.
 
 
Pág. 512 - Mausoléu, na igreja de Santo António de Óbidos
Não podemos aqui acrescentar nota alguma às indicações de que é acompanhada a gravura, isto é que o túmulo pertencia a D. João de Mello, pois que nos não chegaram a tempo os apontamentos que de Óbidos solicitáramos para completar esta notícia.
 
 
Pág. 513 - Castigo do rei de Penamacor
Veja-se em págs. 427 deste volume a descrição da ridícula cena em que os Filipes quiseram cas­tigar um dos filhos de D. Sebastião, que em Portugal apareceram logo em seguida à dominação filipina.
 
 
Pág. 517 - Cristóvão da Silveira
Foi muitas vezes prelado nos conventos augustinianos da província de Portugal, e ultimamente no convento da Graça em Lisboa, onde existe o seu retrato a óleo, donde foi copiado o que aqui damos em fotogravura. Foi arcebispo primeiro das Índias Orientais, e faleceu em 1617.
 
 
Pág. 520 - Memória de Nossa Senhora da Piedade
Apesar de cuidadosamente havermos pedido para Óbidos indicações para completarmos a notícia acer­ca desta memória levantada por D. Afonso Henriques, pela acção heroica da tomada de Castelo de Vide, em janeiro de 1148, não nos mandaram sobre o assunto os apontamentos solicitados, o que nos obriga a deixar em aberto mais esta lacuna, que tentaremos preencher, logo que se nos ofereça ensejo.
 
 
Pág. 521 - Torre do convento de Sant'Ana, em Viana do Castelo
A torre dos sinos da igreja do extinto convento de Sant'Ana, de freiras beneditinas, remata por uma pirâmide quadrangular com arestas crossadas ou baculadas, para pedaes: foi o que escapou da antiga capela oitavada, de estilo gótico, cujo portal, ainda existente no mirante, tem esculpida numa fita a era de 1533. O mosteiro vai desaparecendo, levantan­do-se em seu lugar o novo edifício do Hospital de Caridade, para velhos entrevados, mas conservam as relíquias da arquitectura pátria.
 
 
Pág. 525 - João Boto Pimentel
É feito sobre a estátua jacente que se vê sobre o túmulo deste personagem na igreja da Espessandeira, em Alenquer, e que reproduzimos completo a pág. 528, o retrato aqui reproduzido deste fidalgo português do século XVII, e que foi comendador de Malta.
 
 
Pág. 528 - Túmulo de Fr. João Boto Pimentel
Existe na igreja na Espessandeira, próximo de Alenquer, este túmulo, do qual foi igualmente copiado o retrato de João Boto Pimentel por nós apresentado em págs. 525 deste 4º volume da História
 
Pág. 529 - O cardeal D. Henrique recebendo a notícia da morte de D. Sebastião
Descreve-se a págs. 296 deste 4º volume o episódio representado por esta composição dum dos nossos colaboradores artísticos.
 
 
Pág. 533 - D. Afonso de Noronha, vice-rei da Índia
É da mesma origem da maior parte dos retratos de governadores da Índia publicados neste quarto volume da História, o retrato que aqui damos de D. Afonso de Noronha.
 
 
Pág. 536 - Pelourinho de Arraiolos
Constitui este pelourinho uma das curiosidades arqueológicas que se mostra nesta tão interessante quanto antiga vila do Alentejo. Arraiolos, cuja data da fundação se ignora, arruinou-se muito com as fre­quentes guerras de árabes e romanos, e foi reedificada em 1310 por D. Diniz, que lhe deu foral e enobreceu com um soberbo castelo. D. Manuel deu-lhe novo foral em Lisboa. Tinha voto em cortes, com assento no banco nº 15.
 
 
Pág. 537 - Antiga casa da Torre de Lanhelas
Lanhelas é uma risonha freguesia do Minho, a uns 20 quilómetros de Viana do Castelo, e esta casa constitui uma das suas mais curiosas antiqualhas. É de pequenas dimensões, tem uma torre ameiada, donda lhe vem o nome da casa da Torre, e é toda de cantaria. Era o solar dos Abreus, de Merufe, mas passou depois à família de Camilo de Sá Pinto Abreu de Sottomayor, fidalgo já falecido. A quinta é uma das mais belas e mais bem situadas de todo o Alto Minho. D. Frei Bartolomeu dos Mártires ia lá pas­sar alguns verões, e ainda lá se mostram duas laranjeiras mandadas plantar pelo venerando prelado.
 
 
Pág. 541 - Francisco de Andrada
O personagem cujo retrato aqui damos serviu em Arzila, onde foi armado cavaleiro. Partindo para a Índia como capitão-tenente duma nau, combateu em prol da pátria, sendo nomeado governador da praça de Salsete em substituição de D. Afonso de Castro. Este retrato é cópia fiel duma miniatura em pergaminho do começo do século XVII, que se acha. em poder dos actuais representantes de Francisco de Andrada.
 
 
Pág. 544 - Cadeira de D. Afonso V existente no convento do Varatojo
Está lá metida para um canto duma das casas do claustro do Varatojo, esta curiosa cadeira, em que costumava sentar-se o fundador do mosteiro, D. Afonso V, e é uma das curiosidades que os fra­des varatojanos costumam mostrar aos seus visitantes. Quanto à história do convento veja-se o que fi­cou dito a pág. 625 deste mesmo volume.
 
 
Pág. 545 - A volta do romeiro
Existe no Museu das Belas-Artes este magnífico quadro de Lupi, representativo daquela cena final do imortal drama de Garrett, Frei Luiz de Sousa. Fizemo-lo para aqui transportar, por aludir ele a um dos episódios daquela fatal jornada de Alcácer Quibir, da qual dependeu toda a decadência da velha pátria portuguesa.
 
Pág. 549 - D. Fr. Agostinho de Castro
Sobrinho do conde de Monsanto. Foi prior do convento da Graça em Lisboa, onde existe o retrato a óleo donde mandámos copiar o que aqui apresen­tamos, e por duas vezes provincial. Vindo de Roma, de assistir ao Capítulo Geral, recebeu particulares estimações do imperador Rodolfo II de Alemanha que o fez seu pregador. Filipe II elegeu-o arcebispo de Braga, sendo sagrado ainda no convento da Graça em Lisboa por D. Miguel de Castro. Fundou o colégio do Pópulo em Braga, onde está sepultado e morreu em 25 de novembro de 1609.
 
Pág. 552 - Igreja de S. Francisco em Guimarães
É o mais vasto templo da cidade de Guimarães. A sua construção data do último quartel do século XIV. Conserva intacta a capela-mor, uma das melho­res do reino, e a porta principal, estilo joanino mui­tíssimo apreciável. Alguns historiadores têm dito que a largura do corpo desta igreja não podia obe­decer ao plano de uma nave, como ora tem; mas ao de três, como a de S. Domingos, da mesma época. O coro é sustentado por um arco de pedra tão aba­tido que faz a admiração dos visitantes. O cruzeiro, que a nossa gravura representa, acaba de ser removi­do para junto da parede exterior norte. A cruz latina, que encima a fachada, foi há dois anos substituída pela actual joanina, por indicação do nosso amigo Albano Belino, um antiquário emérito, a quem de­vemos magníficos dados acerca de diversos monu­mentos especialmente de Braga, Guimarães e Viana do Castelo, apresentados nesta nossa edição da História.
 
 
Pág. 553 - Chafariz de S. Domingos
No Largo de S. Domingos, em Viana do Castelo, existiu até 1867 um grande chafariz, que era o deposito donde se alimentava todo o bairro da Ribeira. A casa nobre que lhe fica ao norte, mandada construir para hospedar o arcebispo D. Rodrigo de Moura Teles, pertence desde então à ilustre família Barbosa Teixeira Macieis.
 
 
Pág. 557 - D. Garcia de Noronha
A fim de nos não repetirmos, diremos apenas que a origem deste retrato é a mesma da maioria dos retratos de governadores da Índia que se encontram espalhados por todo o decurso deste 4º volume da História de Portugal.
 
 
Pág. 560 - Antiga capela de S. Frutuoso, vista do altar-mor
Nada temos a acrescentar, aqui, ao que já ficou dito a página 615 deste nosso volume, acerca da capela de S. Frutuoso, em Braga.
 
 
Pág. 561 - Os mártires de Conculim
A composição que aqui damos é reprodução do quadro de Salv. Nobili feito em Roma por ocasião da beatificação dos cinco jesuítas mortos na Índia nos primeiros tempos das missões jesuíticas. Eram esses jesuítas os padres Rodolfo Aquaviva, Afonso Pacheco, António Francisco, Pedro Berni e Francisco Aranha, três dos quais, Afonso Pacheco, António Francisco e Francisco Aranha, eram portugueses. Como complemento a esta ligeira notícia, de­vemos dizer que no condado de Conculim existe uma célebre capela dedicada a esses mártires, que foi construída para comemorar o facto de terem sido ali mortos esses cinco jesuítas e mais cinco seculares, em 15 de julho de 1593, sendo depois lançados num cabouco, sobre o qual, em memória desse facto, se colocou uma cruz firmada em arcos cruzados.
 
 
Pág. 565 - João da Silva, o dos Alcaides
Este retrato é feito sobre a sua estátua tumular existente no convento de S. Marcos, perto de Coim­bra. - Era filho de Ayres da Silva e de D. Guiomar de Castro. De seu pai já publicámos o retrato a páginas 76 do tomo 3º da História. Os seus feitos mi­litares passaram-se todos em África, onde gastou o melhor da vida. Em 1510, esteve na defesa de Arzila; em 1513 com o duque D. Jaime na tomada de Azamor, onde foi um dos primeiros no assalto. D João III distinguiu-o com o cargo de regedor das justiças em 1322 por renuncia de seu pai e nele continuou até 1557, em que faleceu, a 10 de junho com 75 anos de idade. Foi um magistrado exem­plar, segundo o dizer dos contemporâneos.
 
 
Pág. 568 - Nossa Senhora da Oliveira, em Guimarães
Apesar de já nas primeiras páginas do primeiro volume desta nossa edição da História havermos dado uma gravura representativa deste edifício, não resistimos ao prazer de dar esta nova gravura, por que ela representa a igreja vista por outro aspecto, podendo-se admirar à vontade o magnífico pórtico, do vetusto templo. É a primeira vez que aparece em gravura esta vista da fachada do monumental edi­fício.
 
 
Pág. 569 - Igreja de Rachol - Paróquia da Praça
A antiga praça de Rachol, onde existe a igreja que a nossa gravura representa, hoje reduzida em parte a um montão de ruínas, está situada na mar­gem esquerda do rio Zuary, que banha a província de Salsete, pelo lado oriental e fronteira à província de Pondá. Foi cedida aos portugueses sendo vice-rei da Índia Diogo Lopes de Sequeira, pelos anos de 1518 a 1521, por Crisná Ráu, descendente do impe­rador Rama Rajah, que a tomou ao Hidal Khan. Fi­gura na história da Índia como praça-fortíssima. Den­tro de seus muros havia uma bela povoação e nobres casas de fidalgos de Salsete, que ali residiam com o general da mesma província, para se acobertarem das incursões e rapinas dos inimigos, que desciam dos Gattes pela província de Pondá, e assolavam os cam­pos. Como se tornasse insalubre esta praça, foi-lhe dada baixa em 1841, ficando quase toda reduzida a palmares e várzeas de arroz.
 
Pág. 573 - Gil Vicente
Ver original:
No largo estudo sobre a literatura portuguesa explanado neste quarto volume da História, encon­trará o leitor notícia da vida e obras do remodelador do teatro português, o grande Gil Vicente, cujo retrato é feito sobre a sua estátua que encima o frontão do teatro de D. Maria II, em Lisboa.
 
Pág. 576 - Cruz de S. Gonçalo
Data, sem dúvida, do século XIII esta preciosa relíquia que se diz ter assistido ao batismo de S. Gon­çalo de Amarante, natural da freguesia de Tagilde, onde ainda se conserva este objecto de arte sacra. Nas exposições de ourivesaria do Palácio de Cristal e de arte ornamental de Lisboa, sobressaiu aos de­mais objectos expostos.
 
 
Pág. 577 - Tortura de Fr. Miguel dos Santos
Veja-se a páginas 438 deste volume a notícia dos tormentos pelos quais o governo dos Filipes fez passar este cúmplice de outro falso D. Sebastião, o segundo dos quatro que apareceram depois da fatal derrota de Alcácer Quibir.
 
 
Pág. 581 - D. João Manuel
O retrato deste celebrado bispo de Viseu e de Coimbra, descendente de D. Duarte, que viveu do século XVI para o XVII, pois que faleceu em 1631, foi co­piado do que vem no por nós tantas vezes citado livro Retratos e Elogios de Varões e Donas, etc., onde, na memória que o acompanha, vem assim justificada a sua autenticidade: «O seu retrato está na casa do excelentíssimo marquês de lanços, donde com beneplácito seu foi copiado o que acompanha esta Me­mória, em Marvila na Quinta da Mitra, e na portaria do convento dos Religiosos de Jesus, desta cidade.»
 
 
 
 
 
 
Págs. 584 e 585 - Castelo de Diu
À praça e cidade de Diu, outrora considerada inexpugnável por estar rodeada de grandes fossos cheios de água do mar, e se achar defendida com muitos baluartes, construídos sobre rochedos que se elevam até 26 metros acima do nível do mar, e guar­necidos de peças de artilheria, é hoje de pouca importância. Recolhidas no castelo existiam, há pou­cos anos, 34 peças de bronze e 33 de ferro de diver­sos calibres. No baluarte de S. Martinho ou de S. Jorge (no castelo) está uma grande bombarda, de 2m,00 de comprido e 0m,66 de diâmetro de boca, em cuja borda tem este letreiro: REGIS LUSITANI FAMULUS. No terço anterior tem as armas reais portuguesas entre quatro esferas, e por baixo das ditas armas ao meio da peça: NONNI DA CUNHA / PRESIDIS JUSSU / CONFLATUM ET / ABSOLUUM AN / MD. XXXIII / REINOU / ME FECIT. No terço posterior um tigre em relevo, rodeado deste letreiro: EU SOU O TIGRE ESFORÇADO / QUE POR DO MEMORANDUM / PAN. No mesmo baluarte está outra bombarda de bron­ze com o letreiro: FERNANDO ARES ME FEZ / EU ETOR FORTE AMOR (?) OS DA / REI MORTE. Ainda existe no mesmo baluarte um grande pedreiro de bronze com três inscrições turcas. Na couraça pequena sobre o mar está outra peça de bronze com a roda de Santa Catarina e o letreiro: FOI FUNDIDO ESTE TIRO NA ERA / DE 1537 POR MANDCADO / DO GOVERNADOR NUNO DA CUNHA. A sua força pública em 1865 compunha-se do estado-maior da praça, de uma companhia de caçado­res, um destacamento do regimento de artilheria de Goa e de alguns oficiais da 4ª secção empregados nos diferentes comandos das ilhas. Segundo o recenseamento de 1681, tinha 169 militares e 187 ma­rinheiros. Há nesta praça um grande material de guerra, cujo comando recai no oficial do destacamento da mesma arma. Este material estava em péssimo estado de arranjo quando tomou conta do governo o general D. Jorge Augusto de Mello que mandou separar o que estava em bom estado do que se julgou incapaz e tomou as necessárias providencias para evitar a deterioração do que podia ainda ser conservado. Grande parte das fortificações, quarteis e edifícios públicos carecem de muitos e dispendiosos reparos. Devido à solicitude desse governador, reconstruiu-se no tempo do seu governo o grande edifício denominado casa de Luiz José, pertencente à fazenda nacional, que se achava em completa ruína. Construíram-se nela as acomodações precisas para o tribunal de justiça, que, até àquele tempo, fazia as suas audiências nos corredores do claustro do antigo convento de S. Paulo, e edificaram-se ainda os paços da Câmara municipal e a conservatória. Concertou-se na mesma época um dos baluartes do castelo, denominado o baluarte do Chato, e fabricou-se de novo uma parte da muralha da praça, que estava inteiramente arruinada, na margem do rio. Além destas obras, procedeu-se aos reparos precisos na casa da residência dos governadores em Malala, na couraça, no arsenal e no cais do castelo, ao qual se deu nova forma, colocando-se ali uma bateria de 21 bocas de fogo. Tem a praça e cidade de Diu um hospital militar estabelecido no antigo convento de S. Francisco, em muito bom estado, com excelentes condições higiénicas e suficientes acomodações para os doentes. Todos estes apontamentos os extraímos nós do tão excelente como curioso livro de Lopes Mendes, A Índia Portuguesa.
 
 
Pág. 589 - Francisco de Sá de Menezes
Este retrato do inspirado autor da Malaca Conquistada é feito sobre a estátua do mesmo poeta que ornamenta o monumento a Luiz de Camões em Lisboa. É obra do insigne escultor português Victor Bastos.
 
 
Pág. 592 -Túmulo de João Teixeira de Macedo, em Vila Real
Existe este túmulo na capela de S. Bráz, um dos mais antigos monumentos de Vila Real de Trás-os-Montes, e era ela o jazigo da nobre família dos Teixeiras de Macedo, pela qual fora fundada no tempo de D. Diniz. É ornado este jazigo por colunas triangulares com seus capitéis piramidais, frisos e folhas em relevo, tudo muito bem trabalhado em granito e tem na parte superior, de um lado um brasão de ar­mas em quartéis: no 1º, a cruz de Cristo vazia; no 2º, cinco flores de lis; e assim os contrários: do lado oposto um elmo com plumagens em alto relevo, e no cavalete a inscrição seguinte em letra gótica:
AQUI JAZ JOÃO TEIXEIRA DE MACEDO, DO CONSE­LHO D'EL-REI; O QUAL, ENTRE OUTROS MUITOS ASSIGNALADOS SERVIÇOS QUE FEZ, TOMOU VILVESTRE POR COMBATE E O SUSTEVE TRES ANNOS, ESTANDO MUITO TEMPO CERCADO, PELEJANDO MUITAS VEZES, GANHANDO MUITA HONRA E GRAN­DE MEMÓRIA. FALLECEU AOS 6 DIAS DE JULHO DE 506 ANNOS.
 
 
Pág. 593 - Execução de Gabriel Espinosa
Em págs. 439 a descrição do aparecimento de este novo D. Sebastião, que teve por epílogo a execução do seu triste herói, cena que a nossa estampa representa.
 
Pág. 597 - D. Luiz de Athayde
Ver original:
Ao livro existente na Biblioteca Nacional de Lis­boa, donde foram copiados os retratos de D. Henri­que de Menezes, de Garcia de Sá, e de outros governadores da Índia que aparecem no decurso deste 4º volume da História, mandámos copiar o de D. Luiz de Athayde, que o leitor tem presente.
 
Pág. 600 - Frente da igreja matriz de Santa Maria da vila de Óbidos
É um formoso templo de três naves. Teve sempre priores, homens muito qualificados e alguns com ca­racter de bispos. Consta que esta igreja foi fundada por D. Afonso Henriques que a doou a S. Teotónio 1º prior de S. Cruz de Coimbra. S. Cruz continuou de posse da igreja até D. João V, que restituiu o pa­droado a sua mulher D. Catarina, ficando desde en­tão na casa das rainhas até 1855. O primeiro prior feito por esta rainha foi Rodrigo Sanches, varão insigne em letras e virtudes. Gastou grandes quantias em aformosear a sua igreja depois de a reedificar inteira­mente em 1571. Em 4 de outubro de 1604 principia­ram as beneficiadas a cantar dentro da igreja de manhã e à tarde a antífona Stela Coeli.
 
 
Pág. 601 - Jerónimo Corte-Real
Também da estátua feita por Victor Bastos, que ornamenta o monumento a Luiz de Camões em Lis­boa, mandámos copiar este retrato do insigne can­tor de Cerco de Diu e do Naufrágio de Sepúlveda.
 
 
Pág. 605 - Casa em que viveu a família de Diogo Cão
É conhecida pela Casa do Arco, e tem sido sem­pre habitada por nobres famílias, e, como diz a epígrafe, supõe-se que viveu nela Diogo Cão que foi também apelido de uma das nobres famílias de Vila Real de Trás-os-Montes. Mostra-se esta casa como uma das mais curiosas antigualhas da vetusta povoação transmontana.
 
 
Pág. 608 - Capela do Castelo de Goes
Não tem importância militar o castelo a que nos referimos e que fica colocado não mesmo na vila de Goes, que fica situada no fundo de um vale, mas num dos montes sobranceiros a esse vale. O mere­cimento da capela está unicamente na sua relativa ancianidade.
 
 
Pág. 609 - Camões, na Gruta de Macau
Foi o primeiro monumento levantado à memória do imortal cantor dos Lusíadas. A gruta de Macau é um dos sítios que se dizia predilecto do grande épico e parece que foi ali que ele compôs algumas das inspiradas estâncias do seu poema; pelo menos é esta a tradição, que já inspirou mais de um pintor. Foi o proprietário da gruta quem, diz a tra­dição, pediu a Mr. de Chalae, vice-cônsul de Fran­ça em Macau, que mandasse executar em bronze um busto, para mandar colocar sobre um pedestal de pedra que, para o mesmo fim, ele mandou erguer ao centro da gruta. Mr. de Chalaye encarregou Mr. Jules Droz de executar o busto, e foi Ferdinand Denis quem forneceu ao artista francês o retrato que lhe serviu de modelo para o busto - Diz o visconde de Juromenha no seu soberbo estudo sobre Luiz de Ca­mões (vol. 1º, pág. 421): «Tenho um molde em gesso, que devo à obsequiosa amabilidade de Mr. Ferdi­nand Denis, que mo remeteu de Paris. Tem uma pequena base quadrada onde se leem as seguintes inscrições: Na frente, 1825, Camões, 1579 na parte oposta, D'après un portrait du XVI siécle communiqué par Mr. Ferdinand Denis 1844. Jules Droz. - No lado esquerdo, Os Lusíadas. Lisboa, 1512 Rythmas, 1555. - Do direito. Pátria, ao menos morro com ela. - Á amabilidade dum distinto militar, Álvaro de Lemos, moço de grandes espíritos e com pronuncia­do gosto pelas nossas antiqualhas e em geral por to­das as glórias pátrias, qualidades raras em pessoa de tão verdes anos, devemos a fotografia, que mandámos aguarelar para figurar na nossa História, como era de direito.
 
Vol. 4