Homem (O) do capote

 
 
O homem do capote
 
Desenho a grafite
52,5 x 27,5 cm
     A perícia de Roque Gameiro no domínio da pintura a aguarela é sobejamente conhecida, porém pouco se alude às suas excepcionais aptidões para o desenho. Este estudo designado O homem do Capote, é revelador dessa faceta do talento do artista.
     Uma das vantagens do desenho monocromático é a de revelar o pormenor do traço, e neste caso, deparamo-nos com um trabalho perfeito em que o artista jogou com alternâncias de claro-escuro, esbatendo a cor nas zonas de luminosidade e acentuando os valores de sombra. Este procedimento permitiu acentuar volumes e modelar as formas, no sentido de definir detalhes fisionómicos, corporais e de vestuário.
     Na representação desta figura masculina o pintor deteve-se, prioritariamente, na caracterização de aspectos relativos à postura do modelo, ao delineamento da estrutura da cabeça e do rosto, de traços bem marcados. Se, por um lado, se acentuou um certo relaxamento físico, manifestado pela posição da mão que descansa sobre a perna, por outro lado, a concentração do olhar, fixando um ponto virtual e o posicionamento dos dedos que agarram o cajado, revelam uma tenção sugerida, mas não claramente definida.
     A forma do capote adquire particular relevância, justificando o título atribuído. Contudo o artista só delineou parcialmente as pernas do modelo.
Maria Lucília Abreu
in Roque Gameiro - O Homen e a Obra, ACD Editores, 2005
 
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