Desenho de letras

     Ponto importante no estudo e desenho de letras, foi o estudo da lápide da base da coluna de Trajano, em Roma, em 1950-51.
 
Alguns desenhos de letras
            (Para ilustrar a descrição do Cortejo Histórico
              das Festas da Cidade de Lisboa de 1935)
 
 
DESFILE NA CÔRTE
DO REI D. JOÃO O PRIMEIRO DESTE NOME, QUE FOI MESTRE DE AVIZ E REI DE BOA MEMÓRIA
Ofereceu-o a Câmara de Cidade ao povo de Lisboa no ano de 1935. Vão à frente vinte e quatro homens armados de lança que abrem o terreiro da passagem, aos quais se seguem trinta e dois moços e mocinhos da Câmara com trombetas recurvas que dão o toque de sinal para a entrada do Rei; com eles vão oito peões da guarda dos paços com bandeiras de D. João nosso Senhor e cinquenta homens dos nomeados e da Ordem de Cristo. Vem o D. Prior de Santa Cruz na sua cavalgadura, com arreio e jaez e teliz de vermelho e oiro; traz pluvial muito rico e o báculo de Coimbra doado por el Rei Dom Sancho e vem coberto com o pálio rico do pano
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pano de sede e oiro de Santa Sofia dos Turcos. Traz oito homens às varas do pálio e quatro monges de Santa Cruz e as divisas da Ordem e as ceras ardidas. Com ele vem o bispo de Coimbra e arcebispo de Braga mitrados e de asperges com cruzes processionais e ciriais ricos, cobertos de pálios de brocado e varas de lacas douradas. Vinte e quatro padres crúzios regulares e vinte e dois de S. Domingos de hábito branco e murças levam as penitências e vão com círios na retaguarda dos bispos de Silves, Évora, Bragança e os do Porto, Beja e Prior de Guimarães. Após, vem o Condestável, ataviado como cumpre, assim de vestido como de arnêz, o qual leva dez dos seus de confiança de entre os ricos homens que o acompanhavam em Aljubarrota e bem assim dez trombeteiros. E vai ante o pálio do Rei com dezasseis homens às varas, todos de brocado de oiro e branco e gorras vermelhas, perneiras de trama justa e gibões de arrasto debruadas de roxo e quatro pajens de armas de estandarte com arnêz do Rei, que leva os bobos, jograis e arremedadores de sua câmara. Cinquenta freires e vassalos escolhidos entre os melhor nados da sua ordem de Aviz sem escolta e mais dezasseis charameleiros e trombeteiros, todos arreados de pronto cumpridamente com panos de seda nas charamelas e as cruzes verdes abertas. Desfilam com o Rei dezoito cavaleiros de Borgonha que à justa e torneio de Belém vieram com seus escudeiros bem aviados de dalmáticas curtas, armoriadas e signais. Trazem armaduras de ferro lavrado e gualdrapas, jaezes e telizes e vêm empenachados à moda de França. Logo após eles, vem
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vem a Rainha. Abrem a sua corte quarenta passavantes de bandeira com o escudo bipartido de Aviz e de Lencastre: vem de seda de oiro e azul e branco. Duas Liteiras de marcha, de pano de veludilho e ferro feitas no Bairro Alto, sendo mestre de oficio Olaio da Rua da Atalaia; trazem as camarilhas que vêm com a anda grande de Dona Filipa, toda de pratas e verde, com dezasseis homens de dalmáticas de prata e negro. Traz a Rainha o manto grande de peles inglesas e a coroa de esmeraldas de oiro. Com a Rainha vão os seus tangedores da câmara, que são trinta e dois e levam os alaúdes e arquialaúdes, as liras, os anafis e outros engenhos de música. Com os tangedores vão as liteiras e palanques das donas da casa da Rainha assim portuguesas como inglesas, e seis falcoeiros com os seus falcões garceiros e de toda a voaria, e dez trombeteiros de recurvas e mais palanquins e andas ligeiras das damas de fora da corte. Segue-se a cavalgada das donzelas da outra banda do Tejo com palafreneiros e trombeteiros da casa do Rei e doutras casas do Reino. Vão de escolta cinquenta peões de armas com meio arnez e outros tantos vassalos ou cavaleiros dos de Santiago com seus charameleiros e hábitos de branco e todos armados e muito apostos e cumpridos em toda a maneira de armaria. Vem a casa do Infante D. Duarte com resguardo de pálio de dez fidalgos às varas e quatro bandeiras da ordem e outros tantos tejadilhos de brocado para os infantes D.
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D. Henrique, D. Pedro e D. Fernando levando o navegador alguns homens do mar, de bom saber, que diz trazer à Rua. E dezoito cavaleiros portugueses do partido do torneio de Belém, com seus págens e escudeiros armoriados que fizeram frente aos da Borgonha na liça do dia oito deste mês, vão com galdrapas de seda e emplumados e vestidos das coberturas de ferro lavrado e cortado que levaram e foram batidas na solda de Cruz dos Poiais desta cidade, sendo mestre da bigorna Raúl Martins. Com eles vão cinco trons e mais máquinas de guerra que o Rei quis mostrar ao povo que as não vira, e vinte homens escolhidos no manejo dos engenhos e mais seis trombeteiros deles. Vai fechar o partido dos cinquenta fidalgos emplumados, de gualdrapas ricas e jaezes de montada tanto portugueses como estrangeiros, que de França e doutras várias partes acorreram ao torneio e jogos de Belém. E dezasseis charameleiros rematam a folgança indo no encalço de todos os demais. Dado nesta mui nobre e leal cidade de Lisboa. Leitão de Barros o escreveu e Martins Barata o desenhou.
 
E assim se fez sendo alcaide-mor da cidade Daniel de Sousa e vereado do pelouro Pereira Coelho.
 
1935 Junho.
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