O Atelier de Campolide

O Atelier de Campolide
           
     Grosso modo, pode dizer-se que o atelier é um grande open space rectangular, com cerca de 10 x 8 metros, com pé direito de 6,50 m. Três paredes cegas (viradas a nascente, sul e poente) e parede com grande vidraça virada a norte (para permitir boa iluminação natural, mas sem entrada directa de luz do sol).
     Começo do trabalho no atelier novo em 30-05-1960 (vitrais para o Sameiro).
 
     Sendo um atelier especialmente preparado para as obras de grandes dimensões, o elemento essencial é a parede de trabalho, ou parede de pintar (a grande parede a nascente, com luz natural vinda da esquerda). Esta parede tem duas “características” fundamentais:
 
     - O elevador, que consiste em duas barras (paralelas) de madeira, horizontais, com cerca de 9 metros de comprimento (a quase totalidade da maior parede), que sobe e desce pela acção de um engenhoso sistema de engrenagens, roldanas e cabos de aço, onde é suspenso (de um modo muito simples e prático) o papel em que se trabalha (normalmente constituído por várias faixas de papel de cenário com 1,5 m de largura, na vertical, unidas entre si por fita gomada de papel).
     Foi desenhado a 31-8-1962, feito de 26-11 a 1-12, e estreado a 31-12-1962, com o desenho em tamanho final para o fresco do Palácio de Justiça de Olhão.
     - O “metropolitano”, assim chamado por formar um corredor, um piso abaixo do nível do atelier, ao longo e em continuidade da parede de trabalho, parede que não é interrompida pelo pavimento do atelier, deixando um espaço que permite descer o papel de trabalho, quando o elevador desce, possibilitando trabalhar nas zonas superiores do papel, sem ter necessidade de subir a um banco, escadote ou andaime.
Mecanismo do elevador, passagem do papel pela fenda no pavimento para o “Metropolitano”
e modo de fixação do papel na régua
 
     Em posição relativamente central e perto da parede poente, um grande estirador (2,10 x 1,05 m), ao qual se adapta outro, de menores dimensões e mais inclinado, para trabalhos de pequenas dimensões, estrategicamente colocado, permitindo simultaneamente observar também toda a parede de trabalho, em frente.
   
        Estirador                                                         Laje do tecto perfurada
 
Vista que se tem do estirador, de toda a parede de trabalho (em frente)
 
     A laje do tecto, é perfurada segundo um quadri­culado, com intervalos regulares de 0,75 m (que corres­ponde a metade da largura do papel de cenário normal­mente utili­zado), através dos quais se pode sus­pen­der o que seja necessário (focos de iluminação, trabalhos realizados, etc.). Ainda se encontra suspenso um baloiço, que por ter a altura do tecto (6,50 m), tinha um percurso de todo o compri­mento do atelier (10 m), e que fazia as delícias dos netos (estreado a 5-1-1963).
 
     Como dependências anexas ao atelier,
     - uma pequena oficina;
     - uma câmara escura, com mesa e ampliador (também desenhados pelo próprio), bastante “artilhados”, para facilitar o trabalho;
     - arrumação para papel, em gavetas, gavetões e armário para rolos de papel de cenário, que depois de aberto, permitia estender o papel pelo chão, onde há várias marcas para medição fácil da quantidade a cortar;
     - uma sala de pigmentos e tintas, e vários instrumentos de trabalho.
Ampliador da câmara escura,   sala de tintas e pigmentos    e instrumentos de grandes dimensões
 
Algumas prateleiras de pigmentos e óleos
 
Gavetões e armário dos rolos de papel de cenário
 
   
            Cavalete grande e pesado                                            Cavalete médio
 
Algumas aplicações do sistema de tubagem, formado com 3 ordens de tubos (grosso, médio e fino),
com uniões que permitem vários arranjos, de acordo com a finalidade em vista
 
Tudo o descrito, foi imaginado e desenhado por Martins Barata.
 
O Atelier em 1970