Título: A Morgadinha dos Cannaviaes
(Crónica da Aldeia)
Autor: Júlio Dinis, pseud.
Publicação: Lisboa : J. Rodrigues & Ca. 1930
Ilustrações de: Alfredo Roque Gameiro (1864-1935)
Descrição física: 518 [1] p. : il. ; 25 cm + 4 est. col.
Notas: Crónica da Aldeia
Informação: Biblioteca Nacional de Portugal
Ver: em Wikipédia
|
A leitura da carta Aguarela sobre papel 19 x 24 cm Ver:
♦ O Notícias Ilustrado de 1933-01-29
|
Recria-se, nesta composição, o ambiente característico da paisagem minhota, com os seus verdes suaves e cores luminosas e transparentes.
Destaca-se o grupo de personagens do primeiro plano, por tonalidades mais acentuadas, enquanto o plano do fundo recua, ilusão gerada pela diluição das aguadas. O pintor traduziu, com fidelidade, os sentimentos das figuras femininas inseridas nesta ambiência, reproduzindo, eloquentemente, a mensagem do autor do romance. Mas o que constitui a marca do estilo pessoal de Roque Gameiro é a aptidão para transmitir a sugestão de harmonia e de delicadeza como a que se desprende de toda esta imagem, a capacidade de definir sentimentos e emoções através das expressões fisionómicas e corporais, o desenho perfeito, a adequação dos trajes à época retratada, o extraordinário domínio da técnica da aguarela revelado na transparência e na suavidade cromática e nos jogos de sombra e de luz.
A seguinte descrição poderia eventualmente servir de legenda à imagem:
“Um grupo de crianças e de mulheres do povo escutavam, em pleno ar e com religiosa atenção, a leitura que uma senhora jovem e elegante lhes fazia das cartas, que para esse fim lhe davam. A senhora estava montada (...) modesta e simplesmente (...) em uma possante e bem aparelhada jumenta.
À roda as ouvintes encostavam-se com familiaridade às ancas e ao pescoço do imóvel quadrúpede.
A leitora segurava no colo a mais pequena e a mais nua das crianças do ranchoˮ.
|
Maria Lucília Abreu
in A Aguarela na Arte Portuguesa, ACD Editores, 2008
(Pode clicar nas imagens para aumentar)