Morgadinha (A) dos Cannaviaes (1930)

                 Título: A Morgadinha dos Cannaviaes
                            (Crónica da Aldeia)
                 Autor: Júlio Dinis, pseud.
        Publicação: Lisboa : J. Rodrigues & Ca. 1930
   Ilustrações de: Alfredo Roque Gameiro (1864-1935)
Descrição física: 518 [1] p. : il. ; 25 cm + 4 est. col.
                Notas: Crónica da Aldeia
        Informação: Biblioteca Nacional de Portugal
 
                     Ver: em Wikipédia

 

A leitura da carta


Aguarela sobre papel
19 x 24 cm
Ver:
 
♦ Exposição de 19221933
♦ O Notícias Ilustrado de 1933-01-29
     Recria-se, nesta composição, o ambiente característico da paisagem minhota, com os seus verdes suaves e cores luminosas e transparentes.
     Destaca-se o grupo de personagens do primeiro plano, por tonalidades mais acentua­das, enquanto o plano do fundo recua, ilusão gerada pela diluição das aguadas. O pintor tra­duziu, com fidelidade, os sentimentos das figuras femininas inseridas nesta ambiência, reproduzindo, eloquentemente, a mensagem do autor do romance. Mas o que constitui a marca do estilo pessoal de Roque Gameiro é a aptidão para transmitir a sugestão de harmo­nia e de delicadeza como a que se desprende de toda esta imagem, a capacidade de definir sentimentos e emoções através das expressões fisionómicas e corporais, o desenho perfeito, a adequação dos trajes à época retratada, o extraordinário domínio da técnica da aguarela revelado na transparência e na suavidade cromática e nos jogos de sombra e de luz.
     A seguinte descrição poderia eventualmente servir de legenda à imagem:
     “Um grupo de crianças e de mulheres do povo escutavam, em pleno ar e com religiosa atenção, a leitura que uma senhora jovem e elegante lhes fazia das cartas, que para esse fim lhe davam. A senhora estava montada (...) modesta e simplesmente (...) em uma possante e bem aparelhada jumenta.
     À roda as ouvintes encostavam-se com familiaridade às ancas e ao pescoço do imóvel quadrúpede.
     A leitora segurava no colo a mais pequena e a mais nua das crianças do ranchoˮ.
Maria Lucília Abreu
in A Aguarela na Arte Portuguesa, ACD Editores, 2008

 

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