Forte de Peniche

Forte de Peniche
 
Aguarela sobre papel
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     Ao redor da Península de Peniche, o mar mostra-se, habitualmente, muito agitado, e os ventos que sopram com violência, provocam uma forte elevação das ondas que embatem contra as altas falésias.
     Nesta composição, foi captada uma imagem que não é a mais usual naquele local, a de uma perspectiva paisagística marcada por uma serenidade perfeita; apenas uma suave ondulação aflora a base dos rochedos, de acentuada anfractuosidade, provocada pela forte erosão. Daí, podermos concluir que os ventos agrestes que, habitualmente, sopram do norte, sofreram uma breve acalmia. O céu, de azul bastante diluído, reflecte-se na tranquila super­fície do mar, de coloração idêntica. Até a pequena embarcação aparenta estar imóvel, devi­do à ausência de agitação das águas.
     Em plano destacado, a velha fortaleza instalada sobre os penhascos, em forma de esporão rochoso, é uma presença sempre vigilante. Ao longe assinala-se a faixa de areal que se prolonga bem para sul, encimada por uma mancha assinalando o verde da vegetação que ali desponta e que prende as areias. O pintor captou, com exactidão, as formas e a diver­sidade cromática dos rochedos, que se reflectem no mar, em tonalidades mais acentuadas.
     Este realismo descritivo é habitual em Roque Gameiro, que retrata, com fidelidade, a natureza observada.
Maria Lucília Abreu
in A Aguarela na Arte Portuguesa, ACD Editores, 2008
 
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