Chuva no mar (1924)

Chuva no mar
 
Aguarela
16 x 21,5 cm
1924
JX
     Como já temos referido, o pintor sentia pelo mar uma atracção profunda e acampava frequentemente no areal por mais de um dia. Entregava-se ao prazer da contemplação numa atitude de puro prazer estético, mas estudando igualmente o efeito das marés, das correntes e dos ventos sobre as águas.
     E esse deleite que transparece nesta composição em que somente o rochedo do primeiro plano corta a imensidade líquida que, em ondas sucessivas, marcadas por uma determinada obliquidade, se dirigem para um espaço virtual, provavelmente o areal. O céu coberto de nuvens de uma tonalidade plúmbea deixando, todavia, assomar leves farrapos de um tímido azul, justifica o título seleccionado para o quadro.
     Na estreita faixa sob a linha do horizonte, o mar apresenta-se de um azul uniforme, mas a pouco e pouco as ondas vão-se enovelando em matizes transparentes, até se espraiarem, assomando, por entre o branco da espuma, alguns laivos de verde azulado.
Maria Lucília Abreu
in Roque Gameiro - O Homen e a Obra, ACD Editores, 2005
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