Uma Quelha em S. Romão

Uma Quelha em S. Romão
 
Aguarela sobre papel
28 x 18 cm
Museu de José Malhoa
     A estreita ruela ladeada de velhas construções de pedra centraliza a composição. As casas apresentam-se de um ocre envelhecido pelos anos, com disseminadas pinceladas de vermelho inglês, surgindo esporadicamente manchas ligeiras de um azul turquesa muito diluído, que cortam a uniformidade dos tons predominantes.
     Todas as construções são focalizadas numa perspectiva vertical, somente cortada pela horizontalidade dos degraus, no plano central. Numa das casas uma pequena varanda de madeira projecta-se para o exterior, interrompendo a quase simetria que se pode observar nesta rua da aldeia. A luz, incidindo num troço de parede à esquerda, permite intuir a existência de uma abertura que o observador não consegue vislumbrar, possivelmente uma outra rua que desembocará naquela que se visualiza.
     Um grupo de mulheres sentadas às portas e nos degraus ocupa o tempo numa conversa que as absorve, enquanto uma outra, debruçada da janela fronteira, aparenta estar interessada no que se passa em baixo.
     Trata-se de um quadro em que o elemento estático é dominante. Dir-se-ia que o pintor pretendeu acentuar a imagem de um ambiente fechado indutor de um certo modo de vida que parou no tempo, mas onde a vida decorre sem sobressaltos.
Maria Lucília Abreu
in Roque Gameiro - O Homen e a Obra, ACD Editores, 2005
 
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