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A Ilustração:

Lisboa Velha

(1925)

 

EXPLICAÇÃO

     Não esquecerei jamais a impressão de sumptuosidade e de admiração que senti quando, ahí por Fevereiro de 1874, vindo da minha humilde aldeia, entrei em Lisboa.

     Não tinha visto até então mais do que os casebres dos modestíssimos lavradores a cuja família me honro de pertencer.

     A Lisboa do fim do século xix, e especialmente a cidade baixa, caracterisadamente pombalina, apesar do seu fraco movimento e da monótona harmonia das suas construções, impressionaram o meu espírito de provinciano ingénuo, moço e ignorante, como a ultima palavra do urbanismo estonteante das capitaes.

     Começava n'essa ocasião o assentamento da linha de Carris de Ferro Americanos, do Terreiro do Paço ao Conde Barão, e existia, não havia muito, a carreira de vapores de rodas para Alcântara e Belém, de cuja opulenta frota fazia parte o roncador e cuspinhento vapor Progresso, com seu simbólico titulo de arrojado meio de transporte, e no qual tantas vezes embarquei.

     Conheci eu mui particularmente as ruas de S. Paulo e da Bôa Vista, e comquanto ligassem a parte ocidental da cidade com a baixa, não eram então, e apesar de tudo, mais movimentadas do que é hoje qualquer rua dos bairros excêntricos.

     Sob o ponto de vista pitoresco, julgo terem sido estas ruas as mais características, e de mais surprehendente efeito perspético, o qual lhes vinha do seu arco e da sua longa fila de prédios desegualmente altos, e em cujas fachadas haviam enxertado remates de variadissimas e graciosas curvas — evolução lógica da frontaria típica dos séculos anteriores.

     Breve porem, estas ruas, e as do resto da cidade, passaram infelizmente pelas maiores e mais desconchavadas transformações e, mais por preversão do gosto do que por necessidades de facto, foram as construções pombalinas e os seus lindos pormenores, sendo substituídos pelas correntezas de banalissimos casarões de platibanda, cheios de reles exotismo, os quais, por minha desgraça e de alguns outros, que assim pensam, somos, quaes passageiros deste outro «Progresso» — obrigados, bem constrangidamente, a olhar todos os dias.

 

     Vêm estas linhas para justificar e assignalar o desgosto profundo que desde sempre venho sentindo ao ver destruir-se todo o pitoresco de Lisboa, desgosto hoje corrente, mas que mercê da minha edade fui, talvez, dos primeiros a sofrer.

     Essa sincera mágua e uma natural e saudosa atração pelas coisas do passado, levaram-me, desde ha trinta anos, a pintar em aguarelas, a desenhar e a documentar graficamente conforme pude e soube, todos os pormenores que pouco a pouco iam desaparecendo da fisionomia da cidade, tarefa onde puz o melhor dos meus esforços e o carinho muito verdadeiro que consagro ás coisas da minha Terra.

     Essa tarefa é este livro — e eu não sei dizer melhor das suas intenções.

     Affonso Lopes Vieira, que me acompanha com a sua alma de grande poeta e de grande português, melhor do que eu próprio me explicará.

     Daqui pois lhe agradeço do fundo do coração as palavras com que ilumina as minhas despretenciosas e modestas notas gráficas.

 

                                                                       Roque Gameiro.

 

 

PRÓLOGO DO AUTO DA LISBOA VELHA,

por AFFONSO LOPES VIEIRA

 

 

 Pode ver como são estes locais na actualidade em:

http://mariomarzagaoalfacinha.blogspot.pt/p/roque-gameiro-entao-e-agora.html

Est. 1 - Rua de S. Pedro ao Largo do Chafariz de Dentro

 

Est. 11 -  A Baixa vista do Jardim de S. Pedro de Alcântara

 

Est 21 - Rua do Bemformoso

 

Est. 31 - Rua das Farinhas

 

 

 

Est 41 - Princípio das Escadinhas de S. Miguel

 

Est 51 - Escadinhas dos Remédios (Vista de baixo)

 

 

Est 61 - Rua da Judiaria

 

 

Est 71 - Casa no Largo do Menino Deus  (ver estudo)

 

Est 81 - Beco dos Cortumes

 

Est 91 - Escadinhas de S. Cristóvam

 

 

 

 

Est. 02 - O Rossio

 

Est. 03 - Na Rua da Mouraria

 

Est. 04 - A Igreja do Triunfo - Alcântara

 

Est. 05 - Calçada da Bica Grande

 

Est. 06 - Casas na Rua do Bemformoso

 

Est. 07 -Junto ao Paço de D. Fernando no Largo da Saúde

 

Est. 08 - Na Rua de S. Miguel - Alfama

 

Est. 09 - Beco do Castelo

 

Est. 10 - Largo da Achada

 

Est. 12 - Rua do Vieira Portuense - Belém

 

Est. 13 - Largo da Saúde e Rua da Mouraria

 

Est. 14 - Rua do Século (antiga Rua Formosa)

 

Est. 15 - Arco de Jesus, ao Campo das Cebolas

 

Est. 16 - Igreja da Penha de França

 

Est. 17 - Escadinhas dos Remédios (vista de cima)

 

Est. 18 - Rua de S. Miguel - Alfama

 

Est. 19 - Detrás da Igreja de S. Miguel

 

Est. 20 - Na Rua dos Remédios

 

Est. 22 - Arco de Penabuquel

 

Est. 23 - Pátio de uma casa na Rua de Castelo Picão

 

Est. 24 - Esquina da Rua de S. Bento e Rua do Sol ao Rato

 

Est. 25 - Paço e muralhas de D. Fernando no Largo da Saúde

 

Est. 26 - Travessa do Terreiro do Trigo

 

Est. 27 - O Arco Escuro

 

Est. 28 - Capela de Nossa Senhora da Guia (Rua da Mouraria)

 

Est. 29 - Entrada para o Pátio de D. Fradique

 

Est. 30 - Beco do Espírito Santo ao Largo do Chafariz de Dentro

 

Est. 32 - Rua do Arco do Marquês do Alegrete    (ver estudo)

 

Est. 33 - No Largo da Achada

 

Est. 34 - Travessa de S. João da Praça (Vista de cima)

 

Est. 35 - Princípio da Rua do Capelão

 

Est. 36 - Rua das Madres

 

Est. 37 - Rua do Loureiro

 

Est. 38 - Rua de Santo Estêvão

 

Est. 39 - Arco de S. Estêvão (Vista de baixo)

 

Est. 40 - Arco de S. Estêvão (Vista de cima)

 

Est. 42 - Pátio do Prior

 

Est. 43 - Entrada da Rua de S. Miguel - Alfama

 

Est. 44 - Casa quinhentista da Rua dos Cegos

 

Est. 45 - Calçada de S. Vicente

 

Est. 46 - Princípio da Rua de S. Pedro ao Largo do Chafariz de Dentro

 

Est. 47 - Nicho na Calçado do Jogo da Péla

 

Est. 48 - Portal do Convento da Encarnação

 

Est. 49 - Na Rua dos Corvos

 

Est. 50 - Porta Sul do Convento das Francesinhas

 

Est. 52 - Calçada de S. Lourenço vista do Largo dos Trigueiros

 

Est. 53 - Travessa da Portuguesa da Rua do Marechal Saldanha

 

Est. 54 - Rua de S. Miguel Junto à Igreja

 

Est. 55 - Chafariz do Largo de S. Paulo

 

Est. 56 - Chafariz do Largo do Carmo

 

Est. 57 - Rua de S. Pedro Mártir

 

Est. 58 - Rua do Vale (a Jesus)

 

Est. 59 - Largo de Santo Estêvão

 

Est. 60 - Casa dos Bicos

 

Est. 62 - Casa da Rua de Belém

 

Est. 63 - Pátio da Carrasco

 

Est. 64 - Arco de Santo André visto de cima

 

Est. 65 - A Fonte Santa (aos Prazeres)

 

Est. 66 - Casas da Rua Castelo Picão

 

Est. 67 - Igreja de Nossa Senhora de Monserrate (Amoreiras)

 

Est. 68 - Pátio do Peneireiro

 

Est. 69 - Junto ao Cais das Colunas no Terreiro do Paço

 

Est. 70 - Arco de Santo André

 

Est. 72 - A Torre da Ajuda

 

Est. 73 - Igreja de Santa Luzia

 

Est. 74 - Escadinhas de Santo Estêvão

 

Est. 75 - Largo do Menino Deus da Travessa do Açougue

 

Est. 76 - Princípio da Travessa de S. João da Praça

 

Est. 77 - A Torrinha do cimo da Avenida da Liberdade

 

Est. 78 - Rua Possidónio da Silva aos Prazeres

 

Est. 79 - Rua da Galé - Alfama

 

Est. 80 - Rua da Regueira

 

Est. 82 - Largo do Chafariz de Dentro

 

Est. 83 - Restos de praia junto ao Cais do Sodré

 

Est. 84 - Convento da Esperança

 

Est. 85 - Vista dos terramotos para o Alto dos sete Moínhos

 

Est. 86 - A Igreja de Santo Amaro (vista para o Tejo)

 

Est. 87 - Calçada de S. João da Praça

 

Est. 88 - Casas da Rua de S. Pedro (ao Chafariz de Dentro)

 

Est. 89 - Rua de S. Miguel (Alfama)

 

Est. 90 - Casas da Rua da Regueira

 

Est. 92 - Beco dos cortumes (visto de fora)

 

Est. 93 - Rua do Arco a S. Mamede

 

Est. 94 - Chafariz da Rua Formosa

 

Est. 95 - Chafariz das Janelas Verdes

 

Est. 96 - Chafariz da Alegria

 

Est. 97 - Entrada para o Quartel da Cova da Moira

 

Est. 98 - Casas do Largo do Rato

 

Est. 99 - Casas do Largo do Convento da Encarnação

 

Est. 100 - Entrada do Palácio dos Paulistas (antigo Correio Geral)