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BIOGRAFIA

 

MÀMIA (Maria Emília Roque Gameiro Martins Barata)

     Como os outros filhos de Roque Gameiro (Raquel, Helena, Manuel e Ruy), Maria Emília aprendeu a desenhar com o seu Pai. Naquele ambiente artístico familiar o gosto e a prática exerciam-se naturalmente em torno da aguarela. Màmia, porém, cedo sentiu a atracção pela pintura a óleo; Roque Gameiro entendeu não travar essa tendência e, pelo contrário, proporcionou-lhe aulas com o seu amigo José Malhoa. Do ensinamento de Malhoa recebeu um excelente sentido da cor e do contraste, mas por temperamento e alguma rebeldia procurou uma expressão mais sintética, directa e espontânea do que era o cânone geral do realismo desse tempo. Interiores e paisagens foram os seus domínios de interesse como pintura.

     Como ilustradora a sua prática cobria sobretudo temas relacionados com a vida doméstica, familiar e popular. Assegurou grande parte da então nascente ilustração de “moda” com a “Eva”, dirigida pela figura pioneira de Carolina Homem Cristo, e em que colaboravam regularmente Sara Afonso, Maria de Vasconcelos, Raquel Roque Gameiro, Milly Possoz e outras figuras da mesma geração. Chegou mesmo a assegurar a direcção da “Eva” com a sua irmã Helena, na falta de Carolina Homem Cristo.

     A sua expressão gráfica despretensiosa, directa e simples, não isenta de uma certa ironia doce, manifestou-se na ilustração infantil por exemplo, e entre outros, em livros como “Bonecos Falantes” e “Papagaio Real” de Carlos Selvagem, “Férias no Campo” de Mário G. Viana, “Portugueses de Outrora” de Maria Paula de Azevedo, o “Tapete Encantado” de Olívia Guerra, e o “ABC” de Maria de Carvalho, ilustrado usando a gravura em Linóleo.

     Muito nova ainda, na esteira de uma estética “Arts and Crafts” à qual não foi alheia a influência de Raul Lino, amigo de família de R. Gameiro, Màmia interessou-­se pela prática do esmalte sobre metal com a técnica de Limoges, tendo produzido algumas peças que porém não chegaram a impor-se fora de um círculo restrito.     

     Depois do seu casamento com o pintor Jaime Martins Barata, e tendo deixado qualquer  ideia de uma carreira como artista criativa, aplicou a sua capacidade de desenho e rigor de observação à produção de imagens científicas de apoio à investigação no I. P. de Oncologia, chamada pelos professores F. Gentil e Mark Athias. Quando não existiam ainda os processos de microfotografia a cores, a representação era manual, através de uma “câmara clara” adaptada ao microscópio óptico. Os trabalhos de Màmia nesta área mereceram as maiores referências nos meios internacionais, até sobrevir a incapacidade visual devido ao esforço que a técnica exigia.

 José Pedro Martins Barata

 

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     pintora contemporânea, nascida em 1901, filha e discípula de Alfredo Roque Gameiro. Figurou com pintura na 16.a Exposição da Sociedade Nacional de Belas-Artes (1919) e seguintes. Muito cedo deixou de aparecer em exposições. Foi casada com o pintor Jaime Martins Barata,  já falecido.

bibliografia: Fernando de Pamplona — «Um Século de Pintura e Escultura em Portugal».

in  Fernando de Pamplona:

DICIONÁRIO DE PINTORES E ESCULTORES

Portugueses ou que trabalharam em Portugal, Vol. IV

2ª Edição (actualizada) - Livraria Civilização Editora